
O feriado de 5 de Outubro, que recorda a implantação da República em Portugal, foi comemorado na Lousã pela Câmara Municipal (como sempre aconteceu) e, este ano, ficou marcado pela entrega da Medalha de Mérito do Concelho atribuída à Associação Filarmónica Serpinense.
E como foi afirmado, “este é um marco fundamental na nossa história que abriu caminho para uma sociedade mais democrática e é sempre importante reafirmarmos os valores republicanos, liberdade, igualdade e fraternidade e entendemos que no ano em que ainda se assinalam os 50 anos do 25 de Abril e o centenário de Mário Soares, faz ainda mais sentido assinalar esta importante efeméride” e que começou com o hastear das bandeiras no edifício dos Paços do Concelho e a execução do Hino Nacional pela Filarmónica homenageada e pela Filarmónica Lousanense (que nesse dia comemorava também os seus 128 anos).
No salão nobre dos Paços do Concelho, na sessão solene comemorativa do 5 de Outubro, foram recordados Álvaro Viana de Lemos, “enquanto representante militar, foi encarregue por outro lousanense, o doutor Francisco Fernandes Costa, ilustre republicano, governador civil do distrito nomeado pelo Governo provisório, de ir a Miranda do Corvo e à Lousã comunicar e assistir à implantação da República”, bem como lida a proposta da atribuição de Medalha de Mérito à Associação Filarmónica Serpinense, fundada a 4 de Outubro de 1995 e que “ao longo destes 30 anos de existência, realizou e participou em Encontros de Bandas, concertos, festas religiosas e manifestações culturais diversas. Neste momento, conta com cerca de 40 elementos activos, sendo a Banda mais jovem do distrito de Coimbra e uma das mais jovens de Portugal” e, para além disso, “tem estado presente na programação cultural regular da Câmara Municipal da Lousã, nomeadamente nos concertos do Advento, nas Marchas Serpinenses, nas Marchas Sanjoaninas e na programação de Verão. Participa frequentemente em procissões, arruadas, concertos e outras festividades, estando dessa forma muito presente na vida da comunidade”.
“A Associação Filarmónica Serpinense expressa o mais profundo e sincero agradecimento à Câmara Municipal da Lousã pela atribuição da Medalha de Mérito no âmbito das comemorações do 30º aniversário desta instituição. Esta distinção representa um reconhecimento que muito nos honra e que dedicamos a todos os músicos, directores, associados e à comunidade que ao longo destas três décadas tem contribuído para o crescimento, afirmação e prestígio da nossa Filarmónica”, disse a presidente da direcção, Luísa Maria Ferreira Silva, reafirmando o compromisso “de continuar a promover a cultura musical e a dignificar o nome de Serpins e do concelho da Lousã”.
A presidente da Assembleia Municipal, Ana Ferreira, começou também por referir que “hoje, 5 de Outubro, celebramos a Implantação da República Portuguesa, um dos momentos mais marcantes da nossa história colectiva” e que “nos recorda que a República não é apenas um regime político, é uma forma de viver, de estar e de construir em conjunto um país mais livre, mais justo e mais solidário”, deixando depois “uma palavra especial às mulheres, às que muitas vezes em silêncio abriram caminhos num mundo político e social e que nem sempre as acolheu. Foram décadas de persistência, de luta pelo reconhecimento, de conquista de espaço e de voz”, sem deixar de considerar “e mesmo hoje, quando muito já foi alcançado, ainda há desigualdades, ainda há obstáculos, ainda há resistências, mas também há determinação, competência e coragem. A política precisa das mulheres, da visão humanista, da sua sensibilidade e da sua força ética. A República será mais completa quanto mais plena for a sua presença”.
Ana Ferreira dirigiu-se “igualmente à juventude da Lousã, herdeira e construtora da República de amanhã. É uma geração que não aceita a injustiça, que valoriza o ambiente, que acredita na igualdade e na tecnologia como uma ferramenta para o bem. Precisamos da vossa energia, do vosso olhar crítico e da vossa capacidade de sonhar. A democracia renova-se convosco, com a vossa voz, o vosso inconformismo e a vossa coragem de agir”, afirmando que “a República vive nos gestos de cada dia. Vive nas escolas, onde se ensina a pensar livremente, nas autarquias que servem às pessoas (e permitam destacar aqui as Juntas de Freguesia), nas associações culturais e desportivas que cuidam dos outros, nas famílias que educam com valores”, considerando também que ”a Lousã é uma terra de gente que sabe unir-se em momentos difíceis, que trabalha com humildade e que acolhe com generosidade. Uma terra que preserva as suas tradições, mas que olha para o futuro com confiança. Uma terra que acredita que o progresso só faz sentido se incluir todos”.
“E não podíamos celebrar de melhor forma homenageando, com a Medalha de Mérito do Concelho, a Associação Filarmónica Serpinense”, disse ainda a presidente da Assembleia Municipal, terminando por prestar “o meu reconhecimento público aos autarcas do concelho da Lousã, pelo trabalho desenvolvido. É sabido que a actividade política, para além de ser um exercício de cidadania, é claramente uma missão que exige muita coragem”, deixando a todos a sua “mais profunda gratidão pelo muito que fizeram em prol do desenvolvimento do concelho” e por referir que “foi para mim uma enorme honra ter sido presidente da Assembleia Municipal da nossa fantástica terra. E não posso deixar de sublinhar que, se não fosse a democracia, se não fosse o 5 de Outubro de 1910, eu muito provavelmente não estaria aqui hoje”.
O presidente da Câmara Municipal Luís Antunes, começou por dizer que “o assinalar do 5 de Outubro tem a conjugação com o aniversário do Teatro Municipal que fez ontem em 78 anos”, para depois relembrar “que mesmo quando, despropositadamente, esta data deixou de ser feriado no nosso país, mantivemos a celebração”, porque e como considerou, “os valores instituidores da República, liberdade, igualdade, fraternidade, devem ser devidamente preservados, também através da realização de cerimónias como esta (…) e, para além de preservados, esses valores têm de estar também presentes na nossa vida diária e na prática política”.
“A República não pode ser apenas uma forma de organização do Estado, tem de ser permanentemente um compromisso de todos com a construção de uma sociedade mais justa, solidária e democrática”, disse Luís Antunes, acrescentando que “vivemos tempos complexos e muito desafiantes, a vários níveis e em que, infelizmente, as liberdades e os sistemas democráticos são postos em causa, enfrentando muitas e variadas ameaças, (…) as guerras e os seus impactos negativos, diretos e indiretos”, para salientar depois que “sendo as autarquias locais a base, o pilar da República e do sistema democrático, entendemos como crucial o reforço do seu papel, designadamente através de uma nova e adequada Lei das Finanças Locais que confira os meios para uma acção mais robusta e ajustada às competências de base e às recentemente transferidas nas áreas da educação, da ação social e da saúde, bem como, no caso do Município da Lousã, que essa nova Lei das Finanças Locais proporciona o devido enquadramento administrativo e financeiro relativamente à existência de bombeiros municipais”.
Mas o presidente da Câmara Municipal não deixou de salientar também que “parece-me igualmente pertinente realizar uma atualização da Lei Eleitoral que confira condições mais adequadas de governação municipal. São três exemplos de medidas importantes para reforçar as instituições e democracia local e valorizar o seu papel de proximidade, de confiança e de confiança reconhecida pelos cidadãos, que tem sido reiteradamente confirmada em diversos estudos de opinião e também melhorar a resposta às necessidades e expectativas dos cidadãos, bem como estimular a participação e o espírito de serviço público”, para considerar depois que “quanto a eleitos locais, temos tido bem presentes os valores republicanos na ação que desenvolvemos no nosso concelho”, fazendo referência “a muitas obras e projetos que o comprovam” com a realização de “investimentos importantes na saúde, na educação, no desporto, no ambiente, na modernização dos serviços municipais, na Proteção Civil, na mobilidade, na cultura, (…) na coesão social, no desenvolvimento económico, no reforço da identidade, na promoção do território e na habitação”.
E sem deixar de fazer referência também ao Sistema de Mobilidade do Mondego que “depois de muita luta e de muitos obstáculos ultrapassados, está para muito breve a concretização de um projeto que reforçará a qualidade de vida e a atratividade do concelho”, Luís Antunes terminou por afirmar que “ao atribuirmos hoje a Medalha de Mérito a uma Associação da área cultural, pretendemos, entre outras coisas, reconhecer o mérito e estimular para o futuro, evidenciando ao mesmo tempo que a República vive de homens e de mulheres que se unem em torno de um bem comum, que é a prosperidade e a felicidade de todos. Obrigado e parabéns à Associação Filarmónica Serpinense. Viva a República, viva a Lousã, viva Portugal”.