
Os anos passam, mas a memória dos dias 15 e 16 de Outubro de 2017 continua(rá) presente na memória colectiva de todos, em particular daqueles que tudo perderam.
Na última quarta-feira – consciente ou inconscientemente – todos nós, cada um à sua maneira, recordou aqueles dois dias fatídicos, que transformaram num ápice a paisagem de uma extensa região, e, de forma indelével, a vida daqueles que perderam os seus entes queridos. Os números oficiais falam por si (ver caixa).
O Presidente da República participou na Cerimónia de homenagem às vítimas dos incêndios de Outubro de 2017, depositando uma coroa de flores junto ao Monumento evocativo, em Vouzela, no distrito de Viseu, e foi aí que considerou estarmos actualmente (…) «bastante melhor do que em 2017».
Aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu que, apesar da resposta hoje ser mais coordenada, estamos (…) «aquém daquilo que se espera que se possa estar nos próximos anos». «Na área da prevenção, que não havia, as autarquias melhoraram, os bombeiros melhoraram», dando nota que, apesar da coordenação ter “evoluído”, prepara-se uma resposta mais coordenada no futuro (…) «é preciso acelerar o passo para que não se repita 2017», sublinhou.
«Temos de apostar mais nos nossos bombeiros, na Protecção Civil, temos de ter um papel militar maior. Tudo isso tem de se melhorar rapidamente», disse, salientando que Portugal precisa de se preparar para um agravamento das condições meteorológicas devido às alterações climáticas.
«De ano para ano estamos a aprender que a resposta é mais difícil, tem de ser mais rápida e a prevenção tem de ser mais forte», advertiu.
Também no mesmo dia, e conforme a A COMARCA informou, em Oliveira do Hospital, o Município relembrou as vítimas (…) «daqueles que pereceram no incêndio ou em consequência do incêndio», disse, na ocasião, o presidente da Câmara Municipal.
«Podemos dividir a história contemporânea da Oliveira do hospital entre antes de 15 de Outubro de 2017 e depois de 15 de Outubro de 2017», considerou José Francisco Rolo, aludindo ao facto de ter ardido 98 por cento da área florestal do concelho.
Por isso, o reeleito autarca sustenta que a cerimónia, que se repete neste dia (15 de Outubro) desde há sete anos, é uma forma de (…) «não deixar apagar a memória, e também homenagear aqueles que resistiram, que ajudaram ao renascimento do concelho» onde, recorda, mais de uma centena de primeiras habitações destruídas, segundas habitações destruídas, empresas destruídas e mais de terço da zona industrial de Oliveira do Hospital ficou inteiramente destruída. «Foi preciso juntar forças, juntar recursos, para recuperar concelho inteiro», revela.
Ainda com o incêndio de Setembro último bem presente da memória colectiva, o autarca admite que as consequências não foram nefastas a nível de perdas humanas porque (…) «as pessoas tiveram outra postura, outra atitude de se auto protegerem». «Algumas lições foram tiradas e, portanto, temos que continuar este caminho, a tirar conclusões daquilo que correu menos bem, e de perceber que temos ainda longo caminho para percorrer, para recuperar inteiramente aquilo que era a paisagem do concelho de Oliveira do Hospital», assegura.
Mas o principal para José Francisco Rolo é (…) «continuar a acompanhar as vítimas, aquelas que têm as cicatrizes visíveis e outras invisíveis, aquelas que não se manifestam. E isso é um passo importante», até porque (…) «volvidos estes anos, as pessoas continuam a sentir a dor, o sentimento de perda e naturalmente a comoção», salienta.
Emocionado, mas seguro, o presidente da Câmara Municipal assume o compromisso de continuar a acompanhar a população afectada. «É importante que enquanto comunidade, saibamos ser estar atentos e saibamos ser cuidadores e sermos bons vizinhos, ou seja, olhar para o lado e perceber quem é que precisa de ajuda e quem é que precisa de protecção, quem é que precisa de ser ouvido e gastarmos algum tempo ou investirmos mais tempo nessa relação próxima de vizinhança a ouvir aquela pessoa que vive na nossa rua, vive na nossa aldeia, vive isolada, lá na aldeia ou lá na vila. Isso é fundamental, é fundamental abordarmos esse sentido de humanismo e esse sentido do cuidar e proteger daquele que está ao nosso lado», concluiu.

