ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DE BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE GÓIS: 69 anos “de entrega, competência e solidariedade”

Mesa que presidiu à sessão solene comemorativa dos 69 anos da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Góis

No domingo, a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Góis comemorou o seu 69.º aniversário. São 69 anos “de entrega, competência e solidariedade”, como considerou o presidente da assembleia geral, Jaime Garcia, e que ficou marcado pela promoção de bombeiros, tendo ingressado no Quadro Activo no posto de bombeiros de terceira, Tiago Alexandre Jesus, Diogo Filipe Mergulhão e Jéssica Neiva do Casal, e transitado para o posto de bombeiro de segunda, Isaura Sofia Garcia, Sofia Isabel Gama e Inês Fonseca Tavares e ainda pela bênção de cinco novas viaturas, pelo cónego Manuel Martins.

“Mais do que uma data, este é um momento de gratidão e orgulho colectivo. Gratidão a todos os que, ao longo de quase sete décadas, deram o melhor de si por esta casa. E orgulho em ver que a chama do voluntariado, acesa desde 1956, continua viva e forte alimentada pelo exemplo e a dedicação dos nossos bombeiros”, disse ainda o presidente da assembleia geral, recordando “um grupo de goienses visionários, movidos apenas pelo sentido de serviço e amor à terra” e que “decidiu criar um Corpo de Bombeiros, (…) com poucos meios, mas com enorme coragem, lançaram as bases desta Associação Humanitária que hoje é motivo de respeito e reconhecimento dentro e fora de Góis”.

“Mas, como sabemos os tempos mudaram e com eles surgiram novos desafios. O primeiro é o reforço do voluntariado. Precisamos continuar a atrair e a valorizar os nossos jovens, incentivando-os a vestir esta farda com orgulho”, disse Jaime Garcia, sem deixar de reconhecer que “o voluntariado exige sacrifício, mas também é uma das formas mais nobres de servir a comunidade. Cabe ao Estado, às autarquias e à sociedade em reconhecer e apoiar quem dá tanto de si sem pedir nada em troca. O segundo desafio é o da sustentabilidade financeira. Apesar da gestão rigorosa e responsável que tem sido feita, o esforço é grande, sobretudo porque a Associação mantém dois quartéis em funcionamento, em Góis e em Alvares, e isso representa mais encargos, mais meios, mais exigência, mas também representa maior proximidade às populações”.

Por isso, o presidente da assembleia geral deixou “uma palavra de reconhecimento e de apelo ao Município, às Juntas de Freguesia, às empresas e instituições do concelho. O vosso apoio é fundamental. Sem ele, seria impossível manter a capacidade de resposta que garante a segurança das nossas populações”, terminando por deixar “uma palavra de profundo reconhecimento à actual direção, que é liderada por Júlio Moura, pelo trabalho sério, rigoroso e constante que têm desenvolvido” e de “especial carinho a todos os bombeiros e bombeiras, (…) o vosso profissionalismo, a vossa coragem e o vosso espírito de missão são o maior motivo de orgulho desta Associação” que, “mais do que uma instituição, é um símbolo de solidariedade, de união e de esperança”.

O comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários, João Miguel Pratas, depois de agradecer “aos nossos dirigentes, os bombeiros sem farda que gerem os recursos que estão à nossa disposição”, agradeceu também à Câmara Municipal que “tem mantido o apoio ao Corpo de Bombeiros, às restantes instituições concelhias públicas e privadas “pelas iniciativas e contribuições para a melhoria dos nossos equipamentos, viaturas e instalações”, sem deixar de salientar que “hoje, é também dia de agradecer e reconhecer, sinceramente, o empenho de todos que diariamente se empenham no bom funcionamento desta instituição” e “aos bombeiros que aqui foram propostos e aos futuros bombeiros, desejo um bom trabalho e felicidades”, terminando com “uma palavra final e especial aos familiares dos bombeiros” a quem pediu “mais uma vez compreensão perante as ausências, pois como sabemos, ser bombeiro é estar 24 horas por dia, 365 dias por ano, disponível para abnegadamente proteger pessoas”.

O presidente da direcção, Júlio Moura, começou por recordar que, quando em 2023 tomaram posse, “esta casa encontrava-se falida, com dois quartéis (de Góis e Alvares) penhorados. Não tínhamos acesso a nada, nem à banca. Tivemos que nos atravessar para pagar vencimentos durante dois anos. Graças a Deus e ao esforço de toda a gente, nós saímos da falência em 2024” e, quando em Dezembro deste ano, a direcção terminar o mandato, conta ter os quartéis livres da penhora, sem deixar de salientar e reconhecer que “a Câmara Municipal tem feito um investimento enorme nesta casa”, mas mesmo assim, neste período de tempo, foram feitos também alguns investimentos, “fizemos uma secretaria nova” e “adquirimos, desde que cá estamos, oito carros”, embora “não foram todos comprados, (…) o Góis Moto Clube deu uma ambulância de transporte de doentes” e “fizemos eventos para comprar uma ABNT, comprámos um carro elétrico que é um desafio para pouparmos dinheiro no gasóleo”, referindo ainda que “o protocolo com o INEM acabou em Junho, é obrigatório termos uma ambulância com menos de seis anos e não tínhamos, lançámos o repto às Comunidades Locais de Baldios, (…) e temos, nesta altura, 50 mil euros” e “a ambulância está ali porque já entrámos com 60 por cento” e, para além disso, “os nossos bombeiros tinham necessidade de um ginásio, foi proposto criar uma comissão de eventos e criámos um mini-ginásio com eles. (…) E tem sido assim”.

Mas Júlio Moura não deixou de recordar que “nós estamos de partida, o nosso compromisso é até Dezembro deste ano. (…) O nosso desempenho, aquilo que nós nos propusemos ultrapassamos as expectativas. (…) E é assim que a gente tem vivido”, mas como referiu depois o presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra, comandante Luís Sousa, “estamos a atravessar uma fase particularmente difícil para os Bombeiros portugueses, (…) os desafios são muitos, desde logo as exigências operacionais e os constrangimentos financeiros, passando ainda pelas mudanças nos modelos de organização e financiamento dos serviços”, destacando depois que  “a moção aprovada no Conselho Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses, (…) onde se expressa o alerta face à gravidade da situação do sector dos bombeiros”, ao mesmo tempo que “exige-se do Governo respostas concretas para diversos temas estruturais, com destaque para o financiamento das Associações Humanitárias; o transporte de doentes não urgentes; a criação de um estatuto para os bombeiros voluntários com vínculo laboral; incentivos ao voluntariado e fundo de proteção social do bombeiro”.

 “Esta moção representa um sinal claro de que a voz dos bombeiros tem de ser ouvida, respeitada e defendida a nível nacional”, disse ainda o presidente da Federação, sem deixar de acrescentar que, recentemente, realizou-se uma reunião com a Unidade Local de Saúde de Coimbra, no âmbito da preparação para a implementação do novo Sistema de Gestão de Transporte de Doentes, um “encontro produtivo, onde manifestámos as nossas preocupações, partilhámos sugestões e reforçámos a nossa total disponibilidade para colaborar numa transição que seja justa, equilibrada e respeitadora da realidade das Associações Humanitárias”.

“Os Bombeiros começam a estar cansados de promessas, dos políticos, dos Partidos, dos Governos e, portanto, é um momento decisivo na vida dos Bombeiros”, considerou o representante da Liga dos Bombeiros Portugueses, Luís Elias, dando a conhecer ainda que “a Liga tem, neste momento, como aspecto principal a defesa da carreira dos bombeiros, da criação de uma carreira de bombeiros, que não existe e é necessário criá-la”, sendo ainda “necessário implementar uma tabela remuneratória justa para estes homens e mulheres e, para que isso seja feito, para que as Associações tenham uma nova lei de financiamento, (…) foi aprovado um conjunto de acções que terão de vir a ser tomadas, serão validadas pelo Congresso da Liga dos Bombeiros Portugueses, que se realizará a 15 e 16 de Novembro, em Alcobaça” e “se o Governo não nos ouvir, vamos tomar formas de luta”.

E depois do Comandante Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil da Região de Coimbra, Carlos Tavares, prestar uma “homenagem pública” a todos os envolvidos no combate aos incêndios que deflagraram este ano e de louvar também a decisão tomada pelo presidente da Câmara de Góis de anular a Concentração de Motas quando o fogo atingiu o concelho, bem como o apoio concedido pelo Município a esta Associação Humanitária, o presidente da Câmara Municipal, Rui Sampaio, não deixou de reconhecer também “o que a direcção tem feito em prol desta Associação e da segurança dos goienses”, bem como “o trabalho desempenhado” pelo Corpo de bombeiros e bombeiras, recordando que “quando esta direcção tomou posse pediu uma reunião com o executivo para nos pôr ao corrente da situação muito difícil da Associação”, em que o presidente da Câmara garantiu que “foi determinado o valor apresentado como necessário para se poder fazer alguma recuperação, isso está a ser feito e nós sentimo-nos orgulhosos e honrados pelo trabalho que aqui estão a fazer”.

Rui Sampaio deixou a promessa que “a proposta do próximo orçamento municipal vai manter o apoio que tem sido dado até à data, porque percebemos que o momento continua a ser delicado” e, dirigindo-se aos dirigentes da Associação, confessou que “também gostaria muito que vocês se disponibilizassem para continuar este trabalho e que se candidatassem a um próximo mandato, (…) Nós sabemos que não há insubstituíveis, mas sabemos que há pessoas que são diferentes, pelo empenho, pela dedicação, pela forma como olham para os problemas e que conseguem encontrar soluções para os resolver”.

“A comemoração de qualquer aniversário é sempre um motivo de orgulho para qualquer instituição e neste momento apraz-me utilizar aqui três palavras, gratidão, reconhecimento e reflexão”, disse ainda o presidente da Câmara Municipal, e recordando o incêndio de Agosto, deixou por isso “uma palavra de grande gratidão e de reconhecimento pelo vosso esforço, pela vossa coragem, pela vossa abnegação, pela vossa persistência, porque puseram tudo para trás das costas e naquele momento e naqueles momentos o lema Vida por Vida teve de facto grande sentido. Por isso, da parte do Município, muito obrigado a vocês para quem peço uma salva de palmas”, sem deixar de felicitar também os novos bombeiros e “desejar-lhes que estejam muitos anos ao serviço desta causa, porque é a causa mais nobre que pode existir”, terminando por deixar a garantia que “da parte do Município, aquilo que nós podemos continuar a fazer é estar na linha da frente para ajudar os Bombeiros, porque queremos que os Bombeiros estejam à altura da resposta que é necessário dar quando são solicitados. E por isso esse compromisso fica aqui. Viva a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Góis”.