Teve lugar na passada quarta-feira, dia 7, numa cerimónia presidida pelo professor Pedro Gonçalves, presidente do Conselho Geral, e que contou com a presença de representantes de toda a comunidade educativa, a tomada de posse da nova directora do Agrupamento de Escolas de Penacova, professora Cristina Isabel Simões.
Começando por expressar o seu profundo agradecimento a todo o Conselho Geral, pela confiança que depositaram em si, Cristina Simões salientou que ser eleita por unanimidade coloca, sobre si própria e sobre a sua equipa, uma responsabilidade acrescida, comprometendo-se a (…) «continuar a empenhar-me para corresponder às expectativas e à confiança depositada, continuando a fazer deste Agrupamento de Escolas um exemplo de excelência no ensino e aprendizagem, um exemplo de uma instituição que se preocupa com a qualidade do ensino, com a exigência, mas também com o Bem-Estar de todos».
Na ocasião a nova directora dirigiu também uma palavra especial à representante dos Alunos no Conselho Geral – que termina este ano o seu percurso escolar no Agrupamento – dizendo que é pelos alunos que todos estavam ali, naquele momento formal (…) «com vontade e força para continuar e nestes tempos difíceis da carreira docente – a qual é cada vez menos respeitada» (ver caixa). «É por cada criança e por cada aluno que vale a pena continuar a amar esta profissão – ser PROFESSOR!», constatou.
Ainda no decorrer da tomada de posse, Cristina Simões deu a conhecer aos presentes (representante dos alunos, docentes de todos os níveis e ciclos de ensino, assistentes operacionais, assistentes técnicos, técnicos especializados, elementos do Executivo Municipal, elementos das juntas de freguesia, representantes de entidades e instituições locais), o Projecto de Intervenção gizado para os próximos quatro anos: “Uma ESCOLA aberta ao MUNDO”, focando que a “Missão e Visão” do Agrupamento de Escolas de Penacova (…) «devem assentar em dois pilares fundamentais: a ESCOLA e a COMUNIDADE EDUCATIVA».
Em declarações à A COMARCA explicou que uma “escola aberta” não passa só por proporcionar aos alunos projectos de âmbito internacional – como o Erasmus – (…) «mas passa por uma Escola que interage com as instituições locais; uma Escola que realiza projectos e cuja apresentação não deve ficar só dentro da sala de aula ou apenas no espaço escolar, porque nos podemos apresentar esses trabalhos à comunidade, e, de facto, não fazemos isso muito frequentemente», admitiu.
«Temos tido exposições – com trabalhos lindíssimos – e vamos ter que articular com a Biblioteca Municipal e expor alguns trabalhos num sítio mais visível para toda a comunidade. Mas também falo numa Escola que reúne periodicamente com a Associação de Pais – algo que deixou de se fazer de há alguns anos a esta parte – e que eu gostaria de retomar, para ouvir mais; e uma Escola que está sempre aberta para ouvir também os outros», considerou.
Cristina Simões não esconde que está receptiva a contributos, sejam eles da comunidade educativa ou da comunidade penacovense: «Tem mesmo que ser, porque se não articularmos com os pais, com a família – que muitas vezes está ausente por motivos profissionais – e é por isso que a Escola tem que estar em maior articulação coma as famílias, estar mais receptiva aos problemas, mas sobretudo ouvir mais os pais.
Defendo uma Escola que, quando os pais têm dúvidas devemos recebe-los e explicar-lhes o porquê. Não é dar razão, é ouvir.
Essa é a minha visão de uma direcção de porta aberta e de uma Escola aberta ao mundo, mas que também proporcione experiências locais, porque alguns deles (alunos) não sabem a importância histórica de alguns monumentos de Penacova, não conhecem a riqueza do património (até geológico) da sua terra; e temos que começar a sair mais para o exterior.
Já se faz muito, mas temos que continuar e a melhorar», admitiu.
Com a tomada de posse a acontecer a uma semana do final do ano lectivo, questionámos a directora do AE Penacova se este é um período que lhe permitirá implementar o projecto.
«Temos que ir fazendo o caminho, e há coisas que estão no meu Projecto de Intervenção e que não posso querer mudar já para Setembro. Se quero mexer em todos os tópicos, vai correr mal. Mas há coisas que quero começar já, nomeadamente melhorando a comunicação interna e externa; e há alguns pontos que já vão estar nesta minha linha de preparação do próximo ano lectivo – e da finalização deste também – mas, obviamente, não vou conseguir pôr em prática todas as minhas metas e todos os meus compromissos que estão no Projecto de Intervenção.
Tenho quatro anos para os tentar implementar, e tem que ser um caminho que se faz pouco-a-pouco», constatou.
Percurso académico
Cristina Figueiredo, é professora do quadro do Agrupamento de Escolas de Vila de Rei, mas a trabalhar no AE Penacova desde Setembro de 2010 e, no ano lectivo de 2002/2003, na EBI de S. Pedro de Alva, e com 11 anos de experiência como adjunta e subdiretora da instituição.
Por isso considera que Penacova é já um pouco sua terra e o AEP é a SUA ESCOLA.
Luta dos professores
À margem da tomada de posse, e porque a reivindicação dos professores continua a dar que falar, Cristina Simões admite, agora, estar “dividida”. Por um lado reconhece que não há progressão na carreira, e por outro vai ter que convocar “serviços mínimos” para os exames desta sexta-feira, dia 16.
A COMARCA (CA): como vê a actual situação da classe?
CRISTINA SIMÕES (CS): É uma classe que está castigada. Não é uma carreira que está a ser valorizada, pelo contrário, há anos que temos vindo a ser cada vez mais desvalorizados.
É uma carreira que tem muita burocracia, e o que nós gostamos é de dar aulas, e muitas vezes perdemos tempo preenchimento de documentação.
É uma carreira que quando chega a um determinado escalão vai estagnar… não há progressão.
Mas o Agrupamento de Escolas de Penacova tem uma característica, que espero se consiga manter: que é fazendo as coisas, respeitando a Lei, mas tentando também simplificar. A nossa prioridade devem ser as crianças e os alunos.
CA: Enquanto directora, como vai encarar uma situação de greve?
CS: É a parte mais complicada. Neste momento estão a decorrer conselhos de turma, e hora a hora estou a ver se está tudo a correr bem, se os colegas estão ou não a fazer greve. Aproximam-se os exames, e as ordens que temos é para convocar serviços mínimos.
Passamos de um papel de colega para agora convocar serviços mínimos para a vigilância dos exames, poe exemplo, e isso é algo que nos coloca numa posição muito desagradável.
Obviamente eu concordo com a nossa luta, mas, tenho a ordem clara de que tenho que convocar serviços mínimos já para sexta-feira (dia 16 de junho).