No passado dia 24 de Março, reuniu no quartel-sede, a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coja para, de entre outros assuntos, discutir e votar (por unanimidade na sua aprovação) o relatório, balanço e contas da gerência referentes ao ano financeiro de 2022.
E “apesar do ano e da conjuntura particular adversa que que ainda atravessamos, podemos dizer que o ano de 2022 correu de forma exemplar”, como é referido no relatório de contas e, para isso e como se pode verificar, “o sentimento do dever cumprido pelo que foi feito, mas também pela forma como o foi: com gosto, entrega e dedicação a uma causa que o merece” por parte da direcção e que acabou por “orgulhar a situação social e financeira da Associação”.
Mesmo apesar de “pagamos para prestar socorro”, como foi referido pelo presidente da direcção, Paulo Silva, considerando que os “péssimos protocolos” feitos pelas entidades com responsabilidade no sector no que se refere ao (desadequado) financiamento aos Bombeiros, acaba por se tornar incomportável para a tesouraria das Associações. “Isto é incomportável. (…) Não há estrutura, não é possível. No dia que não tivermos dinheiro para pagar combustível não há emergência. Estamos a financiar o Serviço Nacional de Emergência Médica” e, perante esta realidade, não deixou de acrescentar que “tínhamos projectos previstos e não é possível a sua concretização”. Mesmo assim “e quanto à actividade no ano de 2022, e apesar das imensas dificuldades com que nos deparámos, destacamos a continuação da modernização dos equipamentos individuais e colectivos com destaque para a frota auto”, duas novas ambulâncias e um veículo de comando tático, bem como a readaptação de outras viaturas.
A constituição de uma segunda EIP – Equipa de Intervenção Permanente, também não deixa de merecer destaque no relatório, bem como obras, benfeitorias, melhoramentos e equipamentos, “tendo a direcção efectuado um grande esforço financeiro para satisfazer as ‘obrigações’ em dotarmos o Corpo operacional dos meios necessários e indispensáveis à sua/nossa segurança”, ao mesmo tempo que é salientada a (grande) actividade social/cultural ao longo do ano e o balanço das (muitas) actividades da fanfarra dos Bombeiros.
No que se refere à actividade operacional do Corpo de Bombeiros, além de ser intenção da direcção, através do seu comando operacional, “continuar a investir na promoção da activdade de coaptar novos elementos”, não deixa de ser salientado que durante o ano “os nossos bombeiros percorreram 568.539 quilómetros, acumularam 16.602 horas de serviço do pessoal e 200 horas de motobomba/bomba, o que para a dimensão da nossa estrutura é bastante relevante”.
“Devemos continuar a promover o voluntariado, pois só assim os Bombeiros – e a Associação no seu todo – poderão ser autosustentáveis”, refere o relatório, considerando ainda a direcção que “o voluntariado não deve, e não pode, justificar a falta de entrega e dedicação” e porque “os tempos são e serão de dificuldades e contenção, todos o sabemos, acreditamos que em tempos de maior dificuldade, valores como a solidariedade, a entreajuda e o amor o próximo serão salientados”.
E porque “a vida desta Associação vai muito para além do âmbito e exercício de funções dos Bombeiros de Coja, servir é um dom que estando ao alcance de todos, infelizmente não é praticado assim por tantos”, salienta o relatório, considerando a direcção que “os nossos Bombeiros são, em relação a essa matéria, um exemplo de vida a seguir. Pela sua abnegação, pela sua entrega, pela sua dedicação e espírito altruísta no sentido de ajudar o próximo sem nada pedir em troca”, deixando por isso uma palavra de agradecimentos, bem como a todos aqueles que ajudam e servem, ou já serviram, a Associação.
“É um orgulho pertencer a esta instituição”, considerou o presidente da assembleia geral, Jorge Matos Silva, depois de ouvir o relatório e contas e as explicações dadas pelo presidente da direcção e de destacar e enaltecer o empenho na rigorosa e dedicada gestão da Associação, para se referir depois a uma notícia recentemente publicada em A COMARCA, com o título “Paisagem Protegida da Serra do Açor mais acessível e segura” e que “está na área de actuação dos Bombeiros de Coja, mas nem tudo são rosas, na notícia não se diz como é que se protege este tesouro”, considerando por isso que “era a altura dos responsáveis se debruçarem sobre o assunto e sobre a capacidade e os meios que temos e postos à disposição dos Bombeiros para a defesa deste que “é o maior tesouro natural do concelho”.
O presidente da direcção, Paulo Silva, deu a conhecer ainda que participou no Congresso da Liga dos Bombeiros, em Gondomar, “onde foram abordadas várias questões”, nomeadamente pela Secretária de Estado da Protecção Civil que “é apologista de um concelho, um Corpo de Bombeiros”, mas e como referiu, “só que a sua génese vem da sociedade civil e quando isto acontece a questão da fusão não faz sentido”, porque “os ‘proprietários’ das Associações são os associados”.
“Vão meditando todos o que pretendemos” sobre esta questão da fusão, “que não faz sentido. Isso preocupa-nos, (…) estou a prever que, daqui a alguns anos, essa questão coloca-se” e porque “cada vez há menos voluntários nos bombeiros e corpos sociais”, a estratégia do Estado é infligir, por desgaste, a capacidade financeira das Associações, mas “no dia em que isso acontecer, se cá estiver, serei o primeiro a sair”, disse Paulo Silva.