ARGANIL: 169 anos da Filarmónica

Na noite de sábado, no Paço Grande, junto à Casa das Colectividades, a Associação Filarmónica de Arganil realizou um magnífico concerto, que se constituiu como o ponto alto das comemorações do seu 169.º aniversário e que contou também com a participação da convidada Banda de Música do Círculo de Cultura Musical Bombarralense, do Bombarral.

Uma Banda que “pela primeira vez esteve connosco em Arganil”, como disse o presidente da direcção, Miguel Ventura, com ambas a “proporcionarem momentos muito altos de música e de cultura” e porque “a essência da Filarmónica é valorizar a cultura e apresentar todo o seu trabalho, neste caso ligado à música”, ao mesmo tempo que acabou por ser também “mais um momento em que estivemos juntos e todos aqueles que gostam e que amam não só a Filarmónica, mas também a causa da música e a nossa terra”.

“Bem-vindos a Arganil”, disse Miguel Ventura, na recepção à Banda convidada que, com a Filarmónica aniversariante executaram uma peça conjunta em frente dos Paços do Município, deixando ainda o seu obrigado e os parabéns aos músicos arganilenses “pelos seus 169 anos” e a “todos pelo que têm feito pela cultura”, enquanto o presidente da Banda do Bombarral, Carlos Alves, deixou também “obrigado para magnífica recepção”, seguindo-se depois mais um momento marcante com a celebração da Eucaristia, na igreja matriz, em memória e homenagem a associados, dirigentes e executantes já falecidos, e com palavras de particular apreço do reitor, padre Lucas Pio, a associar-se aos 169 anos da Filarmónica de Arganil.

O jantar-convívio, seguindo-se o concerto comemorativo, no Paço Grande, junto à Casa das Colectividades, com as duas Filarmónicas a proporcionaram um grande espectáculo, muito aplaudido e apreciado pelas muitas pessoas que estiveram presentes, cujos aplausos e como salientou Miguel Ventura, não deixaram de constituir “um estímulo ao trabalho que esta Associação vem desenvolvendo no engrandecimento da cultura arganilense”.

Foi “um serão muito agradável para todos e sobretudo uma oportunidade também para a Filarmónica sentir cada vez mais o carinho e o reconhecimento que os arganilenses têm para com esta centenária instituição”, referiu o presidente da direcção, acrescentando que com o programa elaborado quiseram, com toda a dignidade, comemorar tão significativa data, “estes 169 anos de vida da nossa Filarmónica e também com isso dignificar este longo historial e continuar a engrandecer esta que é uma das instituições mais queridas da nossa terra”.

Músicas novas e o revisitar outras peças já executadas pela Filarmónica fizeram parte do reportório do concerto comemorativo, durante o qual e como foi reconhecido, mas também como considerou Miguel Ventura, “a qualidade artística esteve em evidência e foi demostrada toda a vitalidade, toda a dinâmica que resulta de um trabalho intenso que o maestro, com os nossos executantes, vão fazendo ao longo do tempo, com a participação nos ensaios, com a dedicação e com o empenho que colocam nesta causa”, aproveitando para deixar “o nosso agradecimento a todos que se disponibilizam a estar presentes, ajudando a engrandecer esta Filarmónica”.

2.º Estágio do Açor

“Quem faz efectivamente acontecer a Filarmónica são os seus executantes e que são as peças chave de todo este trabalho, embora tenham o apoio e a colaboração de um conjunto de dirigentes que são fantásticos também”, reconheceu o presidente da direcção, porque “o dia-a-dia da nossa Filarmónica, como todos devem compreender, requer muito tempo, muita dedicação pelo trabalho, pelos permanentes desafios que são colocados, com novas iniciativas, novos projectos e não podemos esquecer que já na primeira semana de Agosto, iremos realizar o 2.º Estágio do Açor, uma iniciativa com uma grande envergadura em termos organizativos e, portanto, é com o empenho de todos que conseguimos atingir estes objectivos e levando por diante, renovando, inovando, colocando criatividade nas intervenções e na actividade que vai sendo desenvolvida para ir levando em frente a Associação Filarmónica de Arganil”.

Mas além de ser uma iniciativa de grande envergadura, o Estágio do Açor também obriga a um grande esforço financeiro por parte da Filarmónica e, como disse o seu presidente, para minimizar esse esforço, além das rifas que estão à venda, “temos também o apoio do Município, da Santa Casa da Misericórdia de Arganil em termos das refeições, mas necessitamos ainda de outros apoios de outras entidades e que até ao momento ainda não foi possível, mas mesmo assim assumimos este desafio porque entendemos que além motivação e do incentivo para os nossos jovens executantes, não deixa de ser essencial para o futuro da Filarmónica”.

Para além daqueles que são executantes da Filarmónica, a participar no Estágio do Açor “temos ainda executantes de Filarmónicas da Região Centro que vêm até nós durante esses dias, havendo aqui também uma troca de experiências. o reforçar de amizade e de contacto entre executantes de diferentes Filarmónica e de diferentes realidades”, considera Miguel Ventura, não deixando ainda de dar a conhecer que “no ano transacto ingressaram nas nossas fileiras 19 novos executantes, um número muito significativo e estamos a preparar um novo conjunto de executantes que ficávamos muito satisfeitos se já pudessem integrar a nossas fileiras no concerto de Natal deste ano”.

Além das suas actividades, a Associação Filarmónica de Arganil não deixa de se associar ainda a outras actividades e iniciativas, como “não esquece todos aqueles que a serviram e, no caso concreto, o maestro Fernando Silva, recentemente homenageado pela Santa Casa da Misericórdia de Arganil e, como disse o presidente da direcção. “obviamente que não podemos deixar de acarinhar e estar ao lado dessa homenagem. Recordo que, em 2006, quando Fernando Silva deixou de ter responsabilidade na Filarmónica, com toda a justiça foi feita a homenagem e o reconhecimento que lhe era devido, mas não posso deixar de felicitar também a Misericórdia e o seu provedor, professor José Dias Coimbra, pela feliz ideia, por este gesto de perenizar o nome de Fernando Silva na Mata das Misericórdias”.

Depois de alguns anos a servir a direcção, Miguel Ventura faz “um balanço positivo, apesar das dificuldades e contratempos que decorrem da pandemia que limitou muito a acção, que fomos desenvolvendo. Soubemo-nos reinventar, soubemos criar condições para ir mantendo a nossa actividade, não com a dinâmica de que tínhamos expectativa, mas a que foi possível, dando continuidade a todo esse trabalho de engrandecimento. Não cruzamos os braços e um dos maiores desafios que tivemos o ano passado foi a gravação do CD, que foi um êxito e que de alguma forma vem relevar e confirmar todo esse trabalho”.

E a juntar a esse trabalho, “temos agora também o regresso a algo que já não fazemos há três anos e que é a participação nas festas da nossa região”, disse ainda o presidente ada direcção, dando a conhecer que “já temos vários serviços marcados para Agosto. Isso é uma das actividades tradicionais da Filarmónica, abrilhantar as festas, as procissões das nossas aldeias, dar-lhes o brilho que, nos últimos anos, não puderam ter dadas as condições que estavam a ser vividas”.

“Tem sido muito gratificante partilhar de um projecto desta natureza e, quando sairmos, julgo que sairemos convictos que fizemos o nosso melhor e que demos um singelo contributo para que a Filarmónica possa prosseguir por mais 169 anos com a qualidade e com a dignidade que teve até este momento”, referiu Miguel Ventura, nem sem antes deixar de dar a conhecer que, antes de terminar o mandato, “queremos ter o Núcleo Museológico da Filarmónica, sediado na Casa do Povo (antiga sala de ensaios), “onde estão presentes as fotografias daqueles que se dedicaram mais a esta casa, onde estão alguns instrumentos e fardamentos, onde estão partituras antigas. Queremos ter esse espaço com a máxima dignidade e que ainda não está concluído, ainda há muito trabalho a desenvolver e onde queremos preservar e valorizar aquilo que é a memória na nossa Filarmónica”.