ARGANIL: “À conversa com José Milhazes…”

Na passada sexta-feira, no polivalente da Escola Secundária, realizou-se a magnífica (interessante) palestra “À conversa com José Milhazes…”.

O conhecido jornalista e comentador da SIC, historiador, tradutor, “veio partilhar connosco um percurso de vida”, como foi referido, e ao longo da conversa, José Milhazes soube prender atenção dos alunos, professores e mais pessoas que enchiam por completo o polivalente da Escola, não só ao recordar um pouco da sua infância passada na terra onde nasceu, a Póvoa do Varzim, mas também os 38 anos que viveu na Rússia e particularmente “no que concerne ao actual panorama que se vive” com a guerra na Ucrânia.

E ao agradecer a oportunidade que “esta Escola me deu de vir a primeira vez a Arganil”, José Milhazes disse sentir-se emocionado por “ver tanta gente a ouvir-me e para falar da terrível guerra que assola a Europa. Eu não ando a vender verdades absolutas, mas procurando sempre aquilo que é melhor. Se tiver de mudar de ideias eu mudo”, deixando por isso o desafio aos alunos para, se necessário e para melhor, mudarem de ideias também, “porque serão vocês que irão limpar a porcaria que vamos deixar-vos. E não é pouca, terão de trabalhar muito”.

“Esta guerra é tão má como foi a II Guerra Mundial”, considerou José Milhazes, “e não podemos pensar que está longe, a guerra já está nas nossas casas e temos de nos preparar” e, perante esta realidade, deixou o apelo aos alunos, “vocês terão de participar no sentido de um mundo melhor”, sem contudo deixar de acentuar que “para mim é mais do que evidente que nesta guerra há um agressor e um agredido, há um país que tenta impor as suas ideias a um país mais fraco”, pelo que “apoiar esta maldita guerra não tem justificação. (…) Com não tem justificação esta guerra, que viola todos os direitos internacionais”.

José Milhazes não deixou de considerar também que “a tese de que a NATO quer invadir a Rússia é falsa, (….) esta guerra é entre a ditadura e as democracias, (…) esta guerra não tem qualquer tipo de justificação, (…) é um erro tenebroso e que vai sair muito caro à própria Rússia”, reconhecendo que “muito se deve ao presidente da Ucrânia que não abandonou o seu povo. Ele salvou o seu povo da humilhação e de uma derrota que Putin pretendia que fosse rápida. Não imaginando que o Ocidente ia bater o pé chão”.

E foi particularmente sobre a guerra, as suas trágicas consequências, a destruição e a morte, que várias questões e perguntas foram colocadas a José Milhazes que, sem papas na língua, a todas respondeu, sem deixar de considerar ainda que perante os conflitos de interesses, os extremismos de direita ou de esquerda, as desigualdades que assolam o país e mundo, “o povo tem de pensar na qualidade das suas elites. Não acreditem em utopias, nem em igualdades, o que deve existir é a igualdade de oportunidades. Vocês, jovens, têm de por a funcionar a meritocracia. É o mérito que tem de prevalecer”.