
No Feriado Municipal, Dia maior do Concelho, 7 de Setembro, e depois de Coimbra, foi apresentado no salão nobre dos Paços do Concelho, o livro “Um Orgulho Desmedido”, no qual o autor João Paulino, conta na primeira pessoa momentos marcantes da vida e obra do saudoso professor José Dias Coimbra.
“Transpor a vida de José Dias Coimbra para um livro resumiu-se tão só a reunir entrevistas e construir uma narrativa”, disse o autor do livro, considerando que se tratou de um “processo muito enriquecedor” e que, “como a vida não cabe num livro, tive dificuldade em seleccionar os factos mais significativos da vida do professor, é que a sua vida foi muito cheia”.
“A Misericórdia, entendeu, em boa hora, que a sua vida devia ser reunida em livro para que ele seja recordado não só no presente como nos anos vindouros e para que se homenageasse o homem, o docente, o marido, o pai, o avô, o autarca, o dirigente associativo, o provedor, o homem que nunca deixou de olhar para outros, viveu para os outros”, disse João Paulino.
São “Pedaços da Vida de José Dias Coimbra”, como se viu no filme com que iniciou a sessão, conduzida pelo director de A COMARCA, Nuno Gomes, dizendo que o professor José Dias Coimbra “tinha duas paixões e um amor, uma paixão era o Poder Local e as autarquias e a outra eram as Misericórdias e tinha sempre uma enorme preocupação por este sector e pelas dificuldades que atravessava e, tinha um grande amor à família, (…) teve uma vida intensa, cheia de percalços pessoais, de perdas e de ganhos, mas teve sempre uma característica que hoje é chamada de resiliência, que era a teimosia, a teimosia para se reerguer e levantar, sempre que caía, tropeçava ou o rasteiravam”.
E foi um pouco tudo isto que foi referido ao longo da sessão, no salão nobre dos Paços do Município onde, e como recordado, há precisamente 16 anos, no Feriado Municipal, o professor José Dias Coimbra tinha sido reconhecido com a mais alta distinção do concelho, a Medalha de Ouro do Município, e onde agora voltou a ser justamente homenageado, o homem, o professor, o político, o dirigente, o familiar e foi em nome da família, que o seu neto, José António Coimbra, disse que “é com uma saudade imensa, mas com muito orgulho e gratidão por ter estado presente em momentos importantes da vida do meu avô.
Aprendi muito com ele, em todas as viagens que fizemos e eventos que fomos e abraços que demos”, referindo ainda ser por isso “admiração para mim o carinho que têm por ele. É pela sua obra e amor ao próximo que o meu avô tem que ser recordado, enquanto autarca foi a sua fé, a sua visão e o seu amor, que levou o concelho de Arganil a aparecer no mapa”, terminando por considerar que o seu avô “é para muitos uma inspiração”.
Os antigos presidentes da Câmara, Ricardo Pereira Alves e Rui Silva, o então vereador (na presidência do professor José Dias Coimbra), Luís Gomes, o arganilense Rui Cruz, o colega do homenageado e então presidente Câmara da Lousã, Horácio Antunes, o presidente do Secretariado Regional de Coimbra da União das Misericórdias Portuguesas, António Sérgio, o provedor da Misericórdia de Arganil, António Carvalhais da Costa, recordaram e enalteceram a vida (grandiosa) e a obra do professor José Dias Coimbra, como professor e como autarca, como dirigente associativo, “um homem que via além do seu tempo”, o seu amor a Arganil e, como alguém escreveu, foi “um beirão universal”.
Um beirão que, como todos os oradores referiram, além de professor primário (muito moderno para o tempo e que marcou várias gerações), o professor José Dias Coimbra, que veio da Pampilhosa do Botão, logo que chegou a Arganil, ainda jovem, começou desde logo a integrar-se na vida local e a servir, na Casa do Povo (fundou o Rancho Infantil), no Grupo da Lavoura, na Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, foi um dos fundadores do Lions Clube, presidente da Câmara Municipal antes e depois do 25 de Abril, esteve na criação da FICABEIRA, do CINTERBEI, na vinda do Rali de Portugal, na recuperação da aldeia do Piódão (hoje Aldeia Histórica), esteve na criação da Associação Nacional de Municípios Portugueses, trouxe as grandes indústrias como a AMMA (para dar emprego às mulheres), a Solex, numa palavra e como referiu o neto, “levou o concelho de Arganil a aparecer no mapa”.
E por tudo isto e muito mais, como foi referido ainda, o seu nome tem de ficar perpetuado no mapa de Arganil, onde uma das grandes marcas que deixou também foi na Santa Casa da Misericórdia, que serviu como provedor ao longo de 40 anos e onde o seu exemplo continua bem presente e bem vivo nos seus actuais responsáveis, como disse o provedor António Carvalhais da Costa, a sua preocupação pelos que mais precisam, o seu amor à Mata “a menina dos seus olhos”, a criação do Hospital de Cuidados Continuados Dr. Fernando Valle e o Hospital de Beneficência Condessa das Canas, cuja remodelação aconteceu, esteve na sua inauguração, mas que como era seu sonho continua à espera de poder vir a servir e a voltar a ser uma referência na saúde em Arganil, levando ainda consigo e como disse (e em jeito de repto) o provedor, “o desgosto de não ver recuperado o Cine-Teatro Alves Coelho”.
Era sonho do professor José Dias Coimbra ver remodelado o Teatro Alves Coelho, mas como disse, na sua intervenção, o presidente da Câmara Municipal, Luís Paulo Costa, “vamos concretizar a requalificação do Teatro Alves Coelho. No âmbito deste Quadro Comunitário 2030 foi, efetivamente, o projecto prioritário que sinalizámos”, informando ainda que “elaboramos e aprovamos no ano de 2019 o projecto para a reabilitação desta infraestrutura”, porém, na ocasião “não tínhamos esse dinheiro reservado no Quadro Comunitário anterior e a candidatura que submetemos não foi bem acolhida”.
Actualmente e como referiu ainda Luís Paulo Costa, está a ser feita uma revisão dos projectos de arquitetura de especialidades (uma vez que, entretanto, houve legislação que foi alterada ao nível da sísmica e da eficiência energética) e que conta ter concretizada até ao final do ano, deixando a promessa que “no primeiro trimestre de 2025, teremos condições para lançar o concurso publico desta intervenção e iniciá-la, pois neste momento temos os meios financeiros garantidos”.
Mas além desta boa notícia, “no momento oportuno, quero propor que a Escola Secundária de Arganil tenha o nome de José Dias Coimbra”, disse o presidente da Câmara Municipal, porque não pode ser esquecido também que foi ao professor José Dias Coimbra, enquanto presidente da Câmara Municipal, que se ficou a dever um dos mais importantes passos para ajudar ao desenvolvimento do concelho, a criação do ensino preparatório e secundário com a criação da Escola Preparatória Professora Arminda Sanches e da Escola Técnica de Arganil (Secção da Escola Avelar Brotero, de Coimbra), mais tarde Escola Secundária de Arganil.
E apesar de Luís Paulo Costa ter dito que ainda “não partilhei isto com ninguém, há muito que acalento esta esperança, (…) todos reconhecemos que houve outra pessoa que teve um papel de execução com o que teve a ver com a consolidação do ensino no nosso concelho, mas o professor José Dias Coimbra teve um papel interventivo para que o ensino viesse para Arganil”.
É de facto um acto de justiça. E porque “todas as vidas merecem ser contadas”, a vida do professor José Dias Coimbra é uma delas, repleta de acontecimentos”, retratados no livro, no qual e no prefácio, o primeiro presidente da Associação Nacional de Municípios, Artur Torres Pereira, deixou escrito, “foi pela vida fora filho reconhecido, irmão solidário, marido extremoso, pai enlevado, avô deslumbrado. Foi um homem vertical, amigo leal e colega dedicado. Granjeou admiração, estima, respeito e amizades em todo o mundo”.