ARGANIL: “Arquitetura Aqui”

Paula Dinis entrega aos investigadores uma lembrança do Município

No passado dia 22 de Setembro, na Biblioteca Municipal Miguel Torga, o Instituto Universitário de Lisboa, em parceria com o Arquivo Municipal levou a efeito o evento “Memórias Fotográficas de Arganil”, sendo também apresentado o projecto “Arquitetura Aqui”, desenvolvido pelos investigadores Diego de Souza e Ivonne Pineda e que incide sobre os edifícios públicos datados entre os anos de 1939 e 1985.

Numa primeira fase, o projecto reúne algumas fotografias desses edifícios, tendo ainda como intuito envolver a comunidade neste estudo, que vai culminar com a criação de uma plataforma online que deverá estar disponível no próximo mês de Outubro, aproveitando a realização das Jornadas Europeias do Património 2023.

Os dois investigadores do Instituto Universitário de Lisboa que recolheram testemunhos e “memórias” dos próprios habitantes, a partir do visionamento das fotografias já recolhidas, explicaram que o projecto “Arquitetura Aqui” trata de equipamentos de utilização colectiva, em Portugal e em Espanha”, tendo Diego de Souza informado ainda que “a ideia é fazer um levantamento, inventário, de tudo o que seja edifícios a que chamamos de arquitetura de proximidade, ou da necessidade, como a escola primária que está perto da nossa casa, o Centro de Saúde onde vamos tratar de uma coisa simples, a Casa da Criança onde vamos levar os nossos filhos, a Casa do Povo ou as sedes das Comissões de Melhoramentos”.

Diego de Souza depois de dar a conhecer que “desenvolvemos uma plataforma online, que poderão encontrar em www.arquitecturaaqui.eu, que ainda não está completamente operacional mas, a partir de Outubro, vamos ter uma base de dados com muita informação”, disse ainda que “vamos criar uma ficha para cada um dos objectos que identificámos e que foram construídos nesse período. São edifícios públicos a maioria deles, mas são também edifícios construídos pelas colectividades, pela Santa Casa da Misericórdia, Associações, Comissões, tudo o que serve ao colectivo”, dando como exemplos “os balneários públicos, a cadeia comarcã, a antiga sede da GNR, as várias Casas do Povo do concelho e até alguns bairros de habitação social”.

No que respeita aos Paços do Concelho, investigador Diego de Sousa naõ deixou de destacar também que “conseguimos consultar Arquivos Municipais em Coimbra que reuniam documentação relevante que ajudam a contar uma parte da história desse edifício”, pelo que “podemos saber quem construiu, como foi projectada e quanto custou cada obra, mas o que não sabemos, através dos Arquivos, é como foram usadas, transformadas e percebidas pela população, bem como quais os eventos que aconteceram nesses edifícios. É essa parte da memória viva que queremos evocar, discutir, partilhar e integrar na nossa plataforma”.

“A plataforma tem uma ferramenta de colaboração, em que qualquer um pode entrar, mandar documentos e escrever coisas”, disse Diego de Souza, sublinhando que “queremos muito essa troca sobre esses projectos” porque e como referiu, “acreditamos que este é um projecto que tem interesse, não só para a Câmara, a Biblioteca, o Arquivo e especialistas na história do concelho, mas também para os moradores”, terminando por acentuar que decidiram levar a efeito este estudo neste concelho, em primeiro lugar porque “lembro-me de ter olhado para a Casa da Criança e isso despertou curiosidade” e “também porque Arganil tem um património muito relevante construído nesse período”.

A investigadora Ivonne Pineda não deixou de referir também que o que pretendem é recolher “a história dos edifícios contada não só pelos arquivos, mas também pelas pessoas, (…) às vezes pensamos na parte física dos edifícios quando falamos de arquitetura e parece que essa é a parte do património mais importante, e esquecemos a parte menos visível que é a da vivência, da experiência e quem são as pessoas que fazem parte dessa história importante para a comunidade”.

A vice-presidente da Câmara Municipal, Paula Dinis, depois de agradecer “ao Instituto Universitário de Lisboa e a estes seus dois investigadores que se lembraram de estudar o património do nosso concelho neste período temporal”, deixou “o desafio para continuarem o vosso trabalho, para trás ou para a frente, pelo menos para fazermos o século XX todo”, considerando ainda que “o importante aqui é a preservação do património e das nossas memórias”, deixando o pedido aos presentes para que exortem os seus “amigos e conhecidos” a partilharem “os objectos que têm, as fotografias e darem informações que tão importantes serão para enriquecer o nosso Arquivo Municipal e integrar o nosso património”.