ARGANIL: Bombeiros ARGUS recordam os 87 anos da fundação

No próximo domingo, 28 de Novembro, a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários Argus recorda os 87 anos da sua fundação.
“Pelos tempos e as circunstâncias que nos obrigam a actuar com todas as precauções. Nem poderia ser de outro modo”, como disse o presidente da direcção, dr. Pedro Pereira Alves, não comemorar a significativa data, como merece, “vamos apenas sinalizar com o pessoal que estiver de serviço no quartel, com o comando e os elementos dos corpos sociais que se quiserem associar à data do 87.º aniversário, no dia 28, pelas 17 horas, com um bolo de aniversário e o cântico dos parabéns “a esta quase secular instituição”.

Mas apesar de não ser festejada, a data não pode deixar de ser lembrada e enaltecida pela importância os Bombeiros representam para Arganil, para os arganilenses, para o concelho e para a região, cuja história e memória falam por si ao longo destes 87 anos ao serviço da comunidade e no cumprimento da sua nobre missão “Vida por Vida”.

Uma história que, ao longo dos tempos, foi feita por tantos dedicados servidores com farda e sem farda que, ontem como hoje, deixaram e deixam bem marcada a sua acção e dedicação a esta causa, altruísta, e que hoje e como considerou o presidente da direcção, se constitui como um “pilar importantíssimo da Protecção Civil” do nosso concelho, “com o socorro a pessoas e defesa da segurança das comunidades e do património florestal, urbano e industrial, aliado ao facto de na sua principal função estar ligada ao transporte de doentes urgentes e não urgentes” e que “nos obriga a uma maior responsabilidade nestes tempos da Covid -19 que, subitamente, podem obrigar a uma intervenção de todos os nossos recursos e materiais impondo-se, por isso, todas as cautelas, com reuniões, eventos que possam perigar o cumprimento da nossa missão”, sendo por isso que “a direcção e comando decidiram não levar a efeito uma celebração oficial e protocolar do aniversário”.

Homens e mulheres que 24 horas por dia, sete dias por semana,
estão sempre disponíveis para o cumprimento da nobre missão

Apesar de nem sempre ser compreendidos como merecem, os Bombeiros de Arganil tem no seu seio homens e mulheres que, 24 horas por dia, sete dias por semana, estão sempre disponíveis para o cumprimento da nobre missão que, em 1934, levou à fundação da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários Argus e que até hoje, mesmo apesar das dificuldades, tem conseguido e sabido ultrapassar, também com a sempre inestimável ajuda de beneméritos e amigos, dos arganilenses, que reconhecem a importância dos seus bombeiros e onde, afinal, todos acabam por bater à porta quando estão em dificuldades, quando precisam de socorro.

A prenda que continua adiada

E nesta hora que deveria ser de festa, melhor prenda que os Bombeiros podiam receber era, com certeza, o reconhecimento do seu trabalho, a justiça que, com as Associações congéneres do país, deveria ser feita pelo Estado a quem “compete apoiar financeiramente as Associações Humanitárias de Bombeiros com vista ao cabal cumprimento dos seus objectivos e das suas missões”, como referiu o presidente da direcção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários Argus, dr. Pedro Pereira Alves, durante o Congresso da Liga dos Bombeiros Portugueses, realizado no passado dia 30 de Outubro, em Santarém.

Falando sobre o regime jurídico das Associação e do modelo de financiamento “que se foi implantando e mantendo por via da regulamentação do Poder Central”, Pedro Pereira Alves considerou ser “um modelo provisório, que fez com que as receitas dos orçamentos da Associações Humanitárias seja provenientes, essencialmente, do transporte de doentes, ultrapassando em grande parte dos casos mais de sessenta por cento do valor das receitas globais das Associações”, acrescentando ainda que “todos nós reconhecemos que este é um modelo provisório, pouco claro e transparente e manifestamente insuficiente para as novas realidades e para o direito que as populações, muito mais esclarecidas, reclamam de serem devidamente socorridas em todo o território nacional e, especialmente, nos territórios de risco (zonas rurais florestadas do interior do país)”.

“É chocante a atitude do Estado”

Por isso e como disse o presidente da Associação arganilense, deve ser reconhecido “que ninguém melhor que os Bombeiros está em condições de prestar esse serviço” que, considerou, “não pode constituir a principal fonte de receita das Associações”, considerando que “é chocante a atitude do Estado ao obrigar as Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários depender do maior ou menor sensibilização dos Municípios para as apoiar, “através da atribuição de subsídios ordinários e extraordinários (…) para puderem sobreviver e não andar com a mão esticada à caridade”.

O dr. Pedro Pereira Alves não deixou de considerar também que “mais revoltante é a Administração Central e as Regionais de Saúde terem vindo a aproveitar-se desta descriminação e consequente silêncio das Associações, para manterem o preço do quilómetro em 51 cêntimos, desde há mais de 19 dez, no transporte de doentes não urgentes, sem actualização” quando tudo subiu, desde os combustíveis aos vencimentos e, “para cúmulo de toda esta situação, mantém-se o pagamento das facturas dos serviços prestados a três meses, prazo raramente cumprido e que no período da pandemia chegou a cifrar-se em 7 e 8 meses”, pelo que “há muitas Associações que estão numa situação de grandes desequilíbrios financeiros, a endividarem-se com garantias pessoais dos seus dirigentes”, pelo que “um dia destes ninguém vai querer assumir os destinos destas Associações”.

Esperando “que estas preocupações de muitas das nossas Associações sejam prioridades na actividade a desenvolver pelos novos corpos directivos da Liga a eleger neste Congresso (para os quais foi convidado para fazer parte do conselho consultivo), o presidente da direcção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários Argus deixou a todos como mensagem que “o sucesso da vossa espinhosa missão não é uma questão de sorte. É o destino natural de todo o ser humano. Mas como tudo na vida, o segredo é descobrir os caminhos”.

Nessa descoberta continuam os Bombeiros de Arganil, a quem A COMARCA (que há muitos anos foi reconhecida pela Liga dos Bombeiros pela defesa dos nossos Soldados da Paz), presta também a sua homenagem neste dia de aniversário e endereça os mais sinceros parabéns pelos seus 87 anos.