Na segunda-feira, 28 de Novembro, a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários Argus, de Arganil, comemorou o 88.º aniversário da sua fundação “ancorado naquele que considero o sentimento mais nobre, o da gratidão”, como disse o presidente da direcção, Pedro Pereira Alves.
“Estamos gratos a todos aqueles bombeiros e dirigentes anónimos que não constam da história escrita da Associação, (…) estamos gratos ao passado, ao presente e ao futuro”, disse ainda o presidente da direcção, mas também às empresas, nomeadamente a Advanced Green e Sulpastéis, à Caixa de Crédito Agrícola da Beira Centro, à autarquia municipal, às freguesias e aos particulares pelas “ajudas concedidas”, deixando também palavras de agradecimento a Nuno Costa e Nuno Teixeira “e a todos os bombeiros”, às suas famílias, ao actual comandante Fernando Gonçalves “que aceitou tomar conta do barco no dia 11 de Agosto, em época de incêndios”, aos amigos e à comunicação social, nomeadamente à A COMARCA.
Crachás de Ouro
Mas neste dia de festa, os sentimentos da gratidão não deixaram de ter ainda maior relevância, até o seu ponto mais alto, com a entrega de Medalhas de Cobre, Prata e Ouro aos bombeiros, pela sua dedicação e altruísmo, “este é o nosso pagamento, esta é uma pequena recompensa das milhares de horas que deram à causa do voluntariado”, como disse o comandante Fernando Gonçalves, bem com e a merecer especial destaque, a entrega do mais alto galardão da Liga dos Bombeiros Portugueses, o Crachá de Ouro, ao subchefe Fernando Manuel da Costa Covas e ao bombeiro de 1.ª, José Ribeiro Castanheira.
E por tudo isto e como considerou o presidente da assembleia geral, António Carvalhais da Costa, “hoje é um dia grande para esta Associação”, manifestando a sua “grande admiração” por todos aqueles que ao longo de 88 anos serviram e continuam a servir “esta causa”, deixando ainda a sua homenagem, o seu obrigado aos bombeiros pela “vossa vontade de lutar pelos outros”, pela dedicação ao serviço da comunidade.
Um serviço destacado e dado a conhecer pelo presidente da direcção, depois de recordar que “a história da Associação de Bombeiros Voluntários Argus é relevante, porque ela própria é intrinsecamente importante na medida em que manteve inalterável a sua identidade e a sua grandeza, (…) esta Associação vive para conservar vivo o passado, viver o presente e dar vida ao futuro”, sem contudo esquecer e criticar também duramente o Governo da Nação que, ao longo dos anos, se tem esquecido de financiar devidamente as Associações dos Bombeiros, pondo mesmo em causa a sua sobrevivência, “o Estado não honra os seus compromissos, não paga o justo valor e, pior ainda, paga tarde e a más horas”.
“Não tem qualificação aquilo que o Estado está a fazer aos Bombeiros portugueses e às suas Associações, fazendo-as sofrer e passar pela miséria, suprida muitas vezes por empréstimos concedidos na base da garantia pessoal dos seus dirigentes”, considerou ainda Pedro Pereira Alves, sem deixar de reconhecer, contudo, “que muitos Municípios, perante as dificuldades das nossas Associações vão-se substituindo às obrigações que o Estado assumiu”, mas mesmo assim e perante esta realidade e porque “a nossa Associação Humanitária está envolvida por um grande carinho e amor da comunidade arganilense”, vai continuar a cumprir a sua nobre missão no socorro e na defesa dos bens e haveres da comunidade, “vamos continuar a semear, tentando fazê-lo coincidir com amar”.
Corpo de Bombeiros “mais perto da nossa população, da nossa indústria, das nossas instituições”
E foi com este sentimento, que também Fernando Gonçalves manifestou o seu orgulho pelo Corpo Activo que comanda, “bombeiros e bombeiras, é um orgulho ver a vossa entrega, o vosso profissionalismo”, não esquecendo o espírito de missão e o lema “Vida por Vida”, para realçar depois “os 88 anos da nossa Associação, uma instituição que tem um percurso digno e exemplar na nossa sociedade” e depois de ter palavras de apreço para o anterior comandante Nuno Costa e para Nuno Teixeira, deu a conhecer a “nova visão que pretendo para o Corpo de Bombeiros e para o Corpo Activo, mais perto da nossa população, da nossa indústria, as nossas instituições, com mais formação, com mais equipamentos modernos para que as missões que nos forem confiadas sejam casa vez melhores executadas”.
“Senhor presidente da Câmara, sabe que tem um dos melhores Corpos de Bombeiros do país”, disse o comandante, “mais isso só não chega, um concelho como o nosso tem de olhar para a primeira intervenção de outra forma, em determinadas alturas do dia o serviço é assegurado por voluntários, temos de avançar para uma profissionalização do socorro”, pedindo por isso “que se dê início ao processo de intenção para a terceira EIP” e, sem esquecer “os nossos voluntários, pensar em incentivos para o voluntariado é importante”, terminou por referir que “o nosso Corpo de Bombeiros está pronto para os novos desafios e podem contar com estas bombeira e bombeiros” a quem deixou os parabéns.
O presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra, Fernando Carvalho, depois de salientar que “88 anos de vida de uma Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários é um marco de profundo orgulho para o Corpo de Bombeiros, para o concelho de Arganil, para os seus habitantes, para o distrito, mas também para a Federação e para o país”, reiterou as preocupações manifestadas pelo presidente da direcção, Pedro Pereira Alves, considerando que “o Estado tem de olhar para esta situação que se não for profundamente alterada levará a uma profunda degradação dos nossos Corpos de Bombeiros”, terminando por dizer que “á uma honra para nós” comemorar este aniversário “e reconhecer o mérito aos homens e mulheres que, no passado e no presente, deram o seu melhor para que este dia fosse possível” e um agradecimento “às famílias de todos os bombeiros porque são elas o esteio principal de todos nós”, aos autarcas “do nosso distrito pelo apoio efectuado em prole dos Bombeiros”.
Em representação da Liga dos Bombeiros Portugueses, Luís Elias, parabenizou “todos aqueles que ao longo de 88 ano aqui exerceram e exercem as suas funções”, deixou os parabéns “a todos aqueles que receberam distinções honoríficas, são mais do que merecidas”, para depois dar a conhecer “algumas pequenas vitórias” da Liga junto ao Governo, “mas no fundo tudo isto é muito pouco”, pelo que deixou o convite para em 25 e 26 de Março do próximo ano, participarem no Congresso a realizar em Gondomar, porque “2023 será o ano decisivo para os Bombeiros. (…) As Associações de Bombeiros estão em situação dramática, em Março o futuro está nas nossas mãos”.
“É uma honra, sinto-me em casa”, começou por dizer o segundo CODIS, Nuno Seixas, deixando também os agradecimentos aos Bombeiros de Arganil pela pronta colaboração no socorro das populações “e é isso que queremos manter”, deixando também a disponibilidade da Autoridade Distrital da Protecção Civil “para colaborar sempre convosco” e as felicitações aos bombeiros condecorados, terminando por considerar que “somos um distrito onde temos bombeiros unidos” e por agradecer a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra “aquilo que tem feito em prol da defesa dos cidadãos e ao serviço de todos nós”.
“Falo de gratidão, sentimento que parece estar esquecido mas que é reafirmado em momentos como este”, começou por afirmar o presidente da Câmara Municipal (e primeiro responsável concelhio da Protecção Civil), Luís Paulo Costa, manifestando por isso a sua gratidão “a todos os bombeiros e bombeiras, às famílias deste Corpo Activo” , para se referir depois aos apoios que tem sido possível dar aos Bombeiros do concelho e partilhando das preocupações manifestadas, considerou também que o Estado tem de assumir as suas responsabilidades dotando os Corpos de Bombeiros com os meios necessários, “mas ao contrário do Estado” o Município, “dentro das possibilidades e particularmente nos últimos 5 cinco anos”, tem cumprido para com os Bombeiros do concelho, terminando com os “parabéns pelos 88 anos da Associação, uma história de assistência, de vida por vida, de entrega e abnegação de todos que a construíram”, deixando “o nosso obrigado, a nossa gratidão”.