A direcção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coja, contestou na última reunião de Câmara de Arganil, a nomeação do actual comandante dos Bombeiros Voluntários Argus (Arganil), para coordenador Municipal de Protecção Civil.
Ainda que reconheça tratar-se de uma competência (nomeação) do presidente do Município, Paulo Silva afirma que para bem do relacionamento institucional, o autarca (…) «deveria ter ouvido todos os parceiros envolvidos na Protecção Civil Municipal, no qual se enquadra a entidade detentora do Corpo de Bombeiros Voluntários de Côja (…) «até porque será com eles que supostamente irá coordenar e responder às diversas ocorrências que surgem dentro da área territorial do concelho de Arganil».
Nesse sentido, e perante a (…) «ausência de qualquer comunicação prévia sobre o assunto», a direcção dos Bombeiros Voluntários de Coja apresentou, no decorrer da reunião de Câmara – a primeira de 2024 que se realizou no dia 3 – a seguinte reacção, que transcrevemos:
«Foi com estupefação que tomámos conhecimento, através da comunicação social escrita, nomeadamente, através do Diário das Beiras e Diário de Coimbra, em 19 de dezembro de 2023, da nomeação para Coordenador Municipal da Proteção Civil de Arganil do Senhor Comandante dos Bombeiros Voluntários de Arganil que iniciará funções no próximo dia 3 de janeiro de 2024, portanto HOJE!
Em primeiro lugar, de referir que nada temos contra o nomeado, Comandante Fernando Gonçalves, pessoa que nos merece todo o respeito, pessoal e institucional.
Os Bombeiros Voluntários de Côja foram, são e serão um parceiro estrutural na Proteção Civil Municipal, Regional e Nacional, no entanto, exigimos respeito e consideração.
Tendo em consideração que o Corpo de Bombeiros Voluntários de Côja, detido pela AHBVCÔJA é parte indissociável da Proteção Civil Municipal, tratou-se de uma desfaçatez, imprudência e total ausência de consideração institucional, a nomeação de quem quer que fosse para o cargo de Coordenador Municipal de Proteção Civil, sem previamente ouvir um dos parceiros estratégicos em matéria de proteção civil municipal, lamentável e condenável a todos os níveis.
Aliás, a falta de diálogo prévio com os Bombeiros Voluntários de Côja em matéria estruturante para a Proteção Civil Municipal não é uma situação nova, aquando da decisão de instalação do Centro Municipal de Proteção Civil em Arganil, em 2019/2020, num edifício pertencente aos Bombeiros Voluntários de Arganil, o procedimento foi o mesmo, tomámos conhecimento pela Comunicação Social da decisão do executivo.
Situação idêntica aconteceu na questão dos transportes de doentes inter-hospitalar, do SUB de Arganil para o CHUC, quando foi realizada uma reunião entre o Município de Arganil, Bombeiros de Arganil e Diretor do Aces Pinhal Interior Norte, sem que tenhamos sido “convidados” a participar quando estava em causa matéria extremamente importante e que diretamente nos diz respeito.»
Na resposta, Luís Pulo Costa começou por dar nota de que (…) «não me parece que esta sua intervenção seja de facto muito feliz na abordagem que faz», recordando que apesar da nomeação do coordenador do Serviço Municipal da Protecção Civil ser uma competência do presidente de Câmara (…) «naturalmente que tem que se aconselhar, tem que ouvir, mas é uma decisão que vem de dentro, não tem que andar a auscultar as instituições acerca da escolha relativamente a esta matéria».
Contrapondo, o autarca deixou claro que (…) «o presidente da Câmara Municipal de Arganil, não teve qualquer intervenção, na escolha do Comandante dos Bombeiros Voluntários de Coja, porque não é da competência do presidente de Câmara opinar relativamente àquilo que são as decisões legitimas das instituições».
Luís Paulo Costa fez questão de (…) «repudiar de uma forma muito clara este tipo de adjectivação, que não me parece salutar, não me parece normal, nem cordial, porque de facto, falar-se em falta de respeito, de consideração, em desfaçatez, é tudo aquilo que é desaconselhado num relacionamento que se pretende cordial e que se pretende que cumpra o que são as regras da democracia». «Não me parece que esta sua intervenção seja de facto muito feliz na abordagem que faz», disse.
Ainda segundo o presidente do Município (…) «não estamos a contratar o Comandante dos Bombeiros Voluntários de Arganil, estamos a nomear, neste caso eu nomeei, o Mestre Fernando Gonçalves para assumir as funções de Coordenador Municipal de Proteção Civil. Trata-se de decisões tomadas por quem tem o direito e o dever de as assumir dentro do quadro legal instituído».
«Mas estão, naturalmente, no vosso direito opinativo de discordar, mas não me parece é que a forma como o estão a fazer, seja minimamente cordial ou adequada», ressalvou Luís Paulo Costa.
Recorde-se que a nomeação do comandante dos Bombeiros Voluntários Argus (Arganil) para as novas funções foi conhecida em Dezembro, e a tomada de posse teve lugar ao final da tarde da última quarta-feira, dia 3, após a realização da reunião de Câmara.
Com a saída de Fernando Gonçalves para coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil de Arganil, o corpo de bombeiros terá de proceder à sua substituição, através de um processo interno.
Fernando Gonçalves recorde-se, foi já comandante dos Bombeiros Voluntários de Condeixa-a-Nova, e dos Bombeiros Voluntários de Góis.