
Na quinta-feira, dia 4, no Parque Verde do Sub-Paço, foi inaugurada a 42.ª edição da FICABEIRA e Feira do Mont’Alto que, ao contrário do que estava previsto, não contou com a vinda do Secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Silvério Regalado (pelo facto do luto nacional devido à tragédia ocorrida no elevador da Glória, em Lisboa), mas teve a presença do representante da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Luís Filipe, representantes de outros organismos e instituições, associações, autarcas do concelho e de concelhos vizinhos, forças de segurança e mais convidados que vieram partilhar este que foi “o primeiro de cinco dias em que celebramos tudo o que de melhor criamos, partilhamos e somos”, como afirmou o presidente da Câmara Municipal, Luís Paulo Costa.
“Hoje é um dia de celebração, (…) uma celebração que dá palco ao dinamismo das nossas empresas e indústrias, à vitalidade do comércio e à tradição agrícola que nos distingue”, considerou ainda Luís Paulo Costa, sendo “com orgulho que celebramos esta que é a maior festa do concelho e um dos certames mais antigos e expressivos da região. A partir de hoje, este espaço transforma-se no coração pulsante de Arganil, celebrando, projectando e engrandecendo quem nos define: as nossas gentes, as nossas empresas, os nossos produtores, as associações, colectividades e instituições que dão vida ao concelho, são todos eles, cada um de nós, que mantêm viva a alma e o sentido deste nosso certame”.
“Arganil tem capacidade para atrair investimento público” e “isso depende de todos nós e dos seus agentes. Importa fazer, somar e não dividir”, reconheceu o representante da CCDRC, enquanto o presidente da Assembleia Municipal, António Cardoso, depois de dar as boas-vindas a todos os convidados, começou por recordar os incêndios e interrogar “porquê insistir em realizar a FICABEIRA quando os fogos nos fustigam, quando as pessoas escasseiam, quando o interior parece esquecido? (…) Porque é precisamente agora que importa afirmar quem somos e de que têmpera somos feitos. Porque a FICABEIRA é um gesto de resistência e de futuro. Porque aqui se unem a indústria, o comércio e a agricultura, a tradição e inovação, o saber fazer de gerações e a ambição de quem arrisca. Porque cada máquina ligada, cada produto exposto, cada aperto de mão é um passo adiante na recuperação económica e anímica do nosso território”.
“Duplicámos o número de expositores em relação a 2024”
E por isso e como considerou depois o presidente da Câmara Municipal, “temos todos os motivos para acreditar que esta será a maior e mais participada edição de sempre, (…) duplicámos o número de expositores em relação a 2024, totalizando cerca de uma centena, contamos com a presença de empresas e sectores industriais do concelho, da região e de âmbito nacional, priorizámos o sector empresarial, industrial e agrícola, a verdadeira espinha dorsal da FICABEIRA, reconfigurámos a disposição dos expositores e stands para tornar a circulação mais confortável e a experiência mais dinâmica e envolvente”, sem deixar de se referir ainda ao espaço dedicado ao Rally, sob a marca “Arganil – Capital do Rally, com carros de competição, uma área tecnológica com demonstrações de robótica e inovação, um espaço para os mais novos, a “Fica Kids” com insufláveis e actividades lúdicas, a Praça da Restauração maior e mais diversificada combinando sabores tradicionais e cozinha contemporânea, um espaço renovado dedicado às freguesias e colectividades mais moderno e acolhedor e um cartaz de espectáculos eclético pensado para todas as gerações, salientando que “todas estas alterações reflectem o empenho do Município de Arganil em melhorar continuamente um evento que é um ponto de encontro incontornável, que une gerações e celebra o que de melhor o nosso concelho tem para oferecer”.
Mas Luís Paulo Costa não deixou de destacar também outra das novidades, o espaço reservado para o projecto “Floresta da Serra do Açor” que fruto da conjugação de esforços e de recursos do Município de Arganil, do Grupo Jerónimo Martins, da Escola Superior Agrária de Coimbra e das Associações de Compartes do concelho” e através de “um modelo inovador de gestão integrada e colaborativa, estamos a recuperar 2.500 hectares de espaços florestais comunitários destruídos pelos incêndios de 2017, através da plantação de espécies sobretudo autóctones. (…) É, seguramente, o projecto de intervenção florestal mais bonito e inspirador que está hoje a acontecer no país”.
Contudo e como o presidente da Câmara deu a conhecer, “foi já decidido pelos intervenientes que a área agora ardida do projeto Floresta da Serra do Açor será reposta com novas árvores na próxima época de plantações, (…) é uma resposta à adversidade, um testemunho da capacidade de Arganil para se unir, resistir e transformar dificuldades em oportunidades, sempre com a ambição de deixar um legado positivo e duradouro às gerações futuras”, aproveitando ainda para deixar um apelo, “não é apenas de Arganil, mas de todo o interior, a floresta tem de ser encarada como um activo estratégico nacional, (…) precisamos de medidas estruturais que ataquem as raízes do problema” e o pedido “é fundamental que o Governo corresponda com a mesma rapidez e eficácia na atribuição de apoios e na implementação das medidas estruturais que se impõem, com medidas de discriminação positiva para as empresas que investem no interior, incentivos fiscais e de financiamento diferenciados e decisões mais céleres sobre os fundos europeus”.
“O interior precisa de políticas diferenciadas e de instituições
que apoiem efectivamente pessoas e empresas,
garantindo oportunidades e evitando desigualdades”
Mas Luís Paulo Costa não deixou de salientar para que “esta visão se concretize plenamente, é também crucial que o Estado evolua na forma como apoia estas regiões”, deixando ainda como exemplo o novo Centro de Formação Profissional em Arganil, um projeto aprovado em 2021, com instalações cedidas pela Câmara Municipal e que até hoje não avançou, “o contrato foi assinado, as decisões tomadas, os prazos definidos mas nada saiu do papel”, considerando que “esta demora representa não apenas uma desconsideração pelo Município, que cumpriu a sua parte, mas também uma perda de oportunidades para jovens e trabalhadores que aguardam por mais qualificação”.
Outro exemplo é o IAPMEI que “deveria apoiar quem investe no interior, mas continua a mostrar lentidão face aos desafios destes territórios. O interior precisa de políticas diferenciadas e de instituições que apoiem efectivamente pessoas e empresas, garantindo oportunidades e evitando desigualdades. (…) Mais investimento, mais empresas, mais pessoas e mais qualificação são essenciais para que Arganil se afirme como um território de oportunidades, preparado para o presente e para o futuro”, terminando por deixar o convite “deixem-se envolver pelo espírito único desta edição reinventada da FICABEIRA. Que cada momento aqui vivido se transforme numa memória especial que vos acompanhe até ao próximo regresso a Arganil”.