ARGANIL: Fonte Santa “redescoberta” 53 anos depois das (grandes) obras na “Catedral da fé arganilense”

Hoje serão poucos, com certeza, aqueles que conhecem a Fonte Santa, ao fundo do Carvalhal, no Santuário do Mont’Alto, mas desde muito novo conhecemos este local mas não conhecemos quem mandou construir ou o que levou à construção, em pedra, desta Fonte que, ao longo dos anos, foi sendo esquecida e apenas procurada para algumas incursões nocturnas, visíveis pelo lixo deixado e espalhado pelo local.

E depois da sua chegada e naquela que terá sido a primeira visita do reitor de Arganil, padre Lucas Pio, acompanhado pelo arganilense padre Orlando Henriques, ao Santuário do Mont’Alto, às capelas e aos locais que o integram, “descobriu” também a Fonte Santa e desde logo a sua preocupação (como tantas outras na paróquia) em a dignificar, na sua limpeza e preservação para que aquele fosse mais um dos espaços aprazíveis e agradáveis a conhecer e a visitar naquela que continua a ser, sem dúvida, uma das principais e das mais importantes “sala de visitas” de Arganil.

“É preciso falar”, como costuma dizer o reitor, mas também sensibilizar e pedir apoio (como tão bem sabe fazer) e, com um grupo de voluntários, começaram as limpezas na Fonte Santa, nos seus acessos ao longo dos quais foram colocadas estacas (oferecidas por Inês Castanheira), placas indicativas (oferecidas pela Argoart e pela Junta de Freguesia), não faltando a iluminação oferecida pela Denise e pelo Filipe, enquanto e pelo seu enquadramento, na gruta onde irão ser colocadas as imagens de Nossa Senhora de Lurdes e de Santa Bernardete (oferecidas por Lurditas Pereira) resguardadas por um vidro e uma corrente (também oferecidos pela Junta).

A Fonte Santa volta assim a ser “redescoberta”, volta a ser mais um bonito local a visitar no Santuário do Mont’Alto que, ao longo dos séculos, tem passado por algumas transformações e melhorias, a maior das quais feita há mais de 50 anos, com as então designadas por obras de aformoseamento, levadas a efeito por uma comissão liderada pelo então reitor de Arganil, o saudoso padre Américo Brás da Costa, e inauguradas depois de alguns anos passados, em 11 de Agosto de 1968, pelo então Subsecretário de Estado das Obras Públicas, o saudoso pombeirense  eng. Rui Sanches, pelo Bispo de Coimbra, D. Francisco Rendeiro, pelo Bispo de Vila Cabral (Moçambiques), D. Eurico Dias Nogueira, sendo presidente da Câmara Municipal, o professor José Dias Coimbra.

A COMARCA também na primeira linha a “acompanhar, a par e passo, esta obra”

Foram grandes e importantes obras então realizadas no Santuário e que, ao tempo, decorreram  “no meio de um ambiente de luta árdua, e por vezes melindrosa” , como disse então, na sua inauguração, o padre Américo Brás da Costa, e que desde a primeira hora foram também apoiadas pela A COMARCA, a quem o presidente da Câmara agradeceu e deixou os parabéns ao saudoso director, João Castanheira Nunes, mantendo nas suas colunas a secção “Ecos do Santuário” para “acompanhar, a par e passo, esta obra em que orgulhosamente se revêm” todos aqueles que sentem a sua Padroeira, que sentem Arganil.

“Onde quer que se encontre um arganilense, um conterrâneo, um amigo, um devoto de Nossa Senhora do Mont’Alto acorrem à chamada cada vez que se lhes bate à porta”

E 53 anos depois, recordamos esta grande obra que foi a restauração e o aformoseamento do Santuário do Mont’Alto para referir que, ontem como hoje, e como então disse o reitor de Arganil, “onde quer que se encontre um arganilense, um conterrâneo, um amigo, um devoto de Nossa Senhora do Mont’Alto acorrem à chamada cada vez que se lhes bate à porta”, dando a sua contribuição, o seu apoio, para ajudar na preservação de uma das suas “joias” mais queridas e valiosas, “a Catedral da fé arganilense”, como então considerou o professor José Dias Coimbra.

Uma preocupação esquecida por alguns, mas sentida por muitos independentemente das suas convicções religiosas ou não, como é exemplo (com “a sua simpatia brasileira”, como disse há dias o Bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes) o padre Lucas Pio, que desde a sua chegada a Arganil se “apaixonou” particularmente pelo Mont’Alto, pela Padroeira dos arganilenses e pelo Menino Jesus da Ladeira para quem e desde logo, se preocupou em dar uma morada condigna com a recuperação, necessária e urgente, da capela do Senhor da Ladeira., tendo já “a Fábrica da Igreja indicação da parte da ADIBER que o projeto tem parecer técnico favorável à sua aprovação, com um apoio associado de 98.903,46 euros para a sua requalificação e refuncionalização, valorizando-a como um espaço de cultura onde poderão decorrer exposições, conferências, música, constituindo-se como um espaço de reforço da identidade religiosa e cultural que o Mont’Alto representa para os arganilenses”. Mas também pelo restauro do bonito tecto da sacristia da capela de Nossa Senhora do Mont’Alto, de entre outras obras como esta da recuperação e embelezamento Fonte da Ladeira. Para isso o reitor de Arganil conta também que os arganilenses, os amigos, acorram à chamada para ajudar nas obras que sendo pequenas acabam por se tornar muito grandes naquilo que representam (ou deviam representar) para todos aqueles que querem e desejam o Santuário, “o mais bonito do Mundo”, como diz o padre Lucas Pio, como a sua maior referência, como referência de Arganil e mesmo da região. E para isso, “é preciso falar” (e tem falado) se tem empenhado, trabalhado, pedido apoios, envolvendo mesmo quem de direito e as pessoas, porque só assim e como há 53 anos, será possível manter e preservar este inestimável património que é de todos nós e cada um de nós que, como preito filial a Nossa Senhora do Mont’Alto, temos a obrigação de continuar a manter digno o seu excelso Santuário.

Texto: J. M. CASTANHEIRA