ARGANIL: “Gostaríamos de ver a nossa Rádio ao serviço das populações e da Protecção Civil”

Manuel Fernandes, Miguel Ventura e Jorge Silva

No passado dia 13 de Janeiro, no auditório da Biblioteca Municipal, realizou-se a assembleia geral da Rádio Clube de Arganil – Cooperativa de Rádio CRL para, de entre outros assuntos, apresentação do plano de actividades e orçamento para 2023 e que foram aprovados por unanimidade pelos sócios presentes.

E um dos projectos da direcção para 2023 e dados a conhecer pelo seu presidente, Jorge Silva, é “a aquisição de geradores, fixos e portáteis, para equipar o centro emissor da Aveleira, do Mont’Alto e dos estúdios, de modo a que numa situação de catástrofe ou outro qualquer fenómeno climático, a Rádio esteja ao serviço da Proteção Civil e da comunidade”, recordando que “num passado recente”, quando deflagraram os incêndios de 2017, esteve “em causa” a divulgação e a comunicação com as populações.

“Não abraçamos de imediato este projeto”, uma vez que “as verbas envolvidas obrigam a outros apoios ou a uma eventual candidatura”, disse ainda Jorge Silva, acrescentando que se trata de um “projecto ambicioso”, que implicará “um investimento na ordem dos 10 ou 12 mil euros” e, neste ano, em Abril, em que a Rádio comemora 36 anos desde a sua fundação, “é necessário equipar o Mont’Alto, onde temos o repetidor, e a Aveleira com geradores portáteis ou de arranque automático. Se for de arranque automático, é um investimento grande” e por isso “temos a obrigação de o apresentar a quem de direito no sentido de obtermos um financiamento para esse investimento”.

“Gostaríamos de ver a nossa Rádio ao serviço das populações e da Proteção Civil”, salientou o presidente da direcção, dando ainda a conhecer que “este projeto tem vindo a ser debatido, desde há dois anos para cá”, referindo depois que “na Aveleira, temos a infraestrutura feita, é só uma questão de a preparar e fazer a instalação eléctrica para, em caso de falta de energia, a Rádio não deixar de estar no ar”, enquanto e no que se refere ao nível dos meios técnicos, este ano “não vamos estar com grandes ambições porque somos uma Rádio muito bem equipada” e, para este ano, no plano de actividades, “propomos a aquisição de um receptor suplente para o Mont’Alto”.

Relativamente aos números apresentados no orçamento, Jorge Silva deu a conhecer que “tivemos em conta a situação económica do país e mundial, que se prevê difícil, com algumas empresas a reduzirem custos, nomeadamente ao nível da publicidade”, referindo também que “as Rádios locais têm algumas questões a negociar com o Governo” relacionadas com a distribuição dos tempos de antena e da publicidade institucional, pelo que a APR – Associação Portuguesa de Radiodifusão (a cujos órgãos sociais a Rádio Clube de Arganil também pertence) “está a negociar com o Governo a distribuição dos tempos de antena em todas as eleições”, uma vez que “as Rádios locais “só têm direito a ser financiadas nas eleições autárquicas e não têm financiamento em tempos de antena em qualquer outro tipo de eleições”.

Mas e ainda segundo o presidente da direcção, “a distribuição da publicidade institucional do Estado é um outro problema. O Estado distribui por ano milhões de euros de publicidade pelas Rádios e meios de comunicação e nós chegamos a ter zero, 60 ou 70 euros de uma campanha que nos chega. É uma vergonha o que se passa ao nível da publicidade do Estado, esses milhões são absorvidos por grandes grupos e às Rádios e aos jornais locais essa verba não chega”.

Jorge Silva não deixou de dar a conhecer também que, este ano, em que serão eleitos os novos órgãos sociais para o próximo quadriénio, em termos de programação vai ser feito um investimento “na renovação da publicidade, com recurso a novas técnicas e a novas vozes” e, no que concerne ao marketing, “a aposta será na renovação do site oficial da Rádio”, enquanto na área respeitante à intervenção social e cultural, “vamos tentar que a nossa Rádio esteja presente nos grandes acontecimentos da Beira Serra”, referindo ainda e no que ás instalações diz respeito, “estamos a ultimar o processo de orçamento para a renovação do estúdio 2”, terminando por salientar que “continuamos a ter na publicidade a nossa principal fonte de financiamento, mas necessitamos de a complementar com a captação de novos sócios, campanhas de pagamento de quotas em atraso e convívios”.

O presidente do conselho fiscal, Manuel Fernandes, depois de considerar também que “a Rádio está bem apetrechada”, sugeriu que seja lançada uma campanha para “pôr os geradores a funcionar”, no sentido de implementar o projecto ambicionado pela direção. “Seria um bem maior para o concelho e para a região” porque, e como recordou, “em 2017, ficámos isolados e como as pessoas ouvem a Rádio, numa aflição, numa catástrofe, se estivermos a dar conhecimento do que está a acontecer, elas ficam a saber”.

“Para que estas instituições continuem a trabalhar e a desenvolver os seus projetos é preciso sentir também o carinho, não apenas dos associados, mas de quem está nas entidades que têm responsabilidade para ajudar e estar ao seu lado”, considerou o presidente da assembleia geral, Miguel Ventura, acrescentando ainda, “era bom que este trabalho fosse reconhecido no apoio, no permanente acompanhamento das actividades desta Cooperativa” e depois se congratular com “a ideia e a predisposição da Rádio e da actual direção de assumir-se como um agente da Proteção Civil, como uma entidade que está disponível para contribuir para o bem-estar das populações”, não deixou de reconhecer também que, “para isso, precisa desses sinais de apoio, no fundo, de um sinal de respeito para quem dá um pouco de si próprio para a comunidade através destas instituições”.