No passado dia 19 de Março, na Cerâmica Arganilense, realizou-se o almoço de homenagem à dr.ª Maria do Carmo Dias Ribeiro de Oliveira Marques, que durante 30 anos foi (e ainda é) conservadora da Conservatória do Registo Civil, Predial e Comercial de Arganil.
Promovido pela notária, dr.ª Filipa Azevedo Maia, e pelos funcionários da Conservatória do Registo Civil, Predial e Comercial de Arganil, o almoço foi ainda motivo para juntar muitos amigos da dr.ª Maria do Carmo e que assim, mais do que a justa homenagem, lhe quiseram manifestar também a sua amizade, a sua admiração, mesmo “a nossa gratidão, o nosso reconhecimento público a uma mulher que passou entre nós 30 anos, com uma elegância e fineza de trato invulgares e com uma competência profissional irrepreensível”, como referiu o advogado dr. Pedro Pereira Alves.
Uma mulher “sempre pronta a encontrar os caminhos para a solução dos problemas e não amontoando obstáculos”, considerou ainda o dr. Pedro Pereira Alves e, por esse facto, não quisemos deixar de ouvir também a dr.ª Maria do Carmo Marques que, como disse ao nosso jornal, apesar de ter sido “aposentada no dia 18 de Março, fiz 70 anos, mas vou estar aqui ainda uns tempos, porque achei que precisavam ainda um bocadinho de mim aqui e porque achei também que aqui à volta não há grande resposta para tanta solicitação nos serviços que dirijo e não quero deixar os meus colaboradores assim desamparados. E então pedi ao Ministério e foi-me concedido mais um tempo, não sei bem quanto, até vir alguém que ponha mão nisto”.
A COMARCA (AC) – 30 anos é quase uma vida?
MARIA DO CARMO MARQUES (MCM) – É verdade, é quase uma vida. Foi a 15 de Julho de 1992 que aqui tomei posse como conservadora da Conservatória do Registo Civil, Predial e Comercial de Arganil e embora sendo nascida, criada e residente m Coimbra, estou aqui há tantos anos porque gostei muito das pessoas, porque encontrei sempre um ambiente excepcional nos vários colaboradores, pessoas extremamente simpáticas, com um sentido de serviço público que às vezes é muito difícil encontrar noutros serviços públicos. São pessoas com muito espírito de sacrifício, resilientes. Acho que também dei esse exemplo, mas às vezes não é só o exemplo, mas também porque se dão muito bem entre eles, num ambiente de entreajuda, de colaboração, humano, com o público e comigo. Gostei sempre muito as pessoas com quem trabalhei e gosto muito das pessoas de Arganil”.
AC – O que é que a marcou nestes 30 anos e que sentimentos leva de Arganil?
MCM – Um sentimento de amizade, de muita amizade e de serviço público. Foi muito importante Arganil ter uma Conservatória que está virada sobretudo para o serviço público, o que por vezes não acontece com e noutros serviços, mas nós estamos aqui para dar respostas às pessoas, para tentar ajudar a resolver os seus vários problemas, tanto assim que vou trabalhar mais um bocadinho.
AC – Mas não acha que esse propósito acaba por contrariar a determinação do Governo, em dada altura, no que se refere ao encerramento de muitos serviços públicos pelo país?
MCM – Exactamente, contraria o que os políticos fizeram com o encerramento dos serviços públicos, obrigando as pessoas a deslocarem-se a outros concelhos, até com muito sacrífico e contribuindo para que o interior seja ainda mais interior, como aliás se vê aqui à volta. E precisamente para evitar isso não posso deixar de referir que Arganil tem um rendimento superior a outros concelhos vizinhos. Nós aqui estamos no topo. E tenho orgulho nisso. E estou a falar dos meus serviços. Nem imagina o que isso é bom para nós, até porque são muitas as pessoas de outros Municípios que procuram os nossos serviços. Por alguma coisa é e eu muitas vezes pergunto-lhes porque é que vêm aqui, de longe, e respondem-me que aqui sorrir é unânime, onde se fala com advogados, com os solicitadores, com público em geral. As pessoas são muito bem, atendidas e, portanto, não posso deixar de referir, mais uma vez, que os meus colaboradores são excepcionais.
AC – Mas isso também tem a ver com quem dirige.
MCM – Se calhar. Talvez…
AC – Embora não sendo ainda uma despedida, com certeza vai levar saudades da nossa terra?
MCM – Muitas, mas se calhar virei cá muitas vezes. Não é muito normal as pessoas da minha idade continuarem a trabalhar, mas pronto depois de tantos anos de trabalho também não será fácil, de um dia para o outro, quebrar essa rotina.
Outras solicitações chamavam a conservadora e nossa conversa, breve mas muito interessante, chegava ao fim. Com certeza muito mais haveria para dizer mas, o que disse, acaba por ser bem revelador da grandeza desta mulher que é a dr.ª Maria do Carmo Marques, de quem nos despedimos, com amizade, sem deixar lhe manifestar os votos de que, quando chegar a hora, goze em pleno e com muita saúde a merecida aposentação, na certeza que não esquecerá a nossa terra, onde será sempre muito bem-vinda, porque afinal não deixa de ser também um pouco sua.
E sabemos que foram também esses os votos deixados por todos aqueles que estiveram presentes no almoço de homenagem à conservadora da Conservatória do Registo Civil, Predial e Comercial de Arganil, particularmente pela dr. Filipa Azevedo Maia, que fez o elogio da homenageada, como profissional, como amiga, afinal “uma verdadeira Mestra que jamais se importou com o seu ego mas sim com os outros, com o serviço da verdade”, como disse ainda o dr. Pedro Pereira Alves, sem deixar de exaltar a sua humanidade, simplicidade, “a tua doçura, a pessoa gentil que és, a tua nobreza de sentimentos” e que, com a sua “fineza de trato, conquistaste os nossos corações e o nosso espírito. Obrigado, Maria do Carmo!”.