ARGANIL: Homenagem (a título póstumo) a António Ventura

Conversa sobre a vida e a obra do professor António Ventura

No passado dia 24 de Abril e integrado no programa das comemorações do 25 de Abril, em Arganil, realizou-se uma vista à obra do saudoso professor António Ventura, exposta no Hotel de Arganil, seguida da conversa sob o tema “A influência do 25 de Abril na Cultura de Arganil”.

“Foi mais uma forma de o homenagear e à sua obra, revisitando-a, isto porque o professor António Ventura foi um excelente artista, que todos sabemos que foi, mas que, além disso, caricaturou de uma forma exemplar todo o período da Revolução e por isso temos aqui obras bem identificativas do período de 1974/75”, disse a vice-presidente da Câmara Municipal, Paula Dinis, salientando ainda que o programa previsto para esse dia “é dedicado à cultura e como é que esta se alterou no nosso concelho após o 25 de Abril” e, nesse sentido, “nada melhor do que prestar aqui uma pequena homenagem ao professor António Ventura, que foi uma referência em Arganil, dadas as suas obras, a sua crítica social, os seus sentimentos que expressava tão bem, através de diferentes técnicas que vamos ter oportunidade de ver e, também, pela caricatura que ele fazia da sociedade que era evidente”.

No “breve apontamento sobre a vida e obra do professor António Ventura”, foi depois evidenciado que ao longo da sua vida (faleceu em 2007, prematuramente com 62 anos, mas já estava muito debilitado desde os 57 anos e impossibilitado de trabalhar), “deixou a sua marca em todos os que com ele privaram e continua a ser reconhecido como um homem verdadeiro e um artista exímio”, sendo ainda salientado que “a sua obra espelha o espírito criativo e crítico, que sempre o caracterizou e notabilizou”.

António Pereira Henriques Ventura, nasceu em 1942, na aldeia de Pescanseco, do concelho da Pampilhosa da Serra, começou os seus estudos no Seminário, estudou em seguida no Colégio Alves Mendes, em Arganil onde, com apenas 16 anos, expôs os seus primeiros trabalhos e onde viria a fixar-se e a constituir família. Chegou a trabalhar numa fábrica de móveis como entalhador, tirou o Curso Geral de Mecânica, “prestou provas” na Universidade de Aveiro, tendo sido professor de Educação Visual e Trabalhos Manuais, primeiro na Escola Preparatória de Tábua e posteriormente na Escola de Arganil.  

Um homem “integro, frontal, com coragem de dizer não”

Era um homem “integro, frontal, com coragem de dizer não… transpunha para a sua obra as vivências, as carências, as agruras do seu povo, das suas raízes, do seu sentir”, como foi referido durante a conversa que se seguiu. Foi um homem que “deixou a sua marca em todos os que com ele privavam”, foi um homem que, como recordou a filha, Ana Ventura, se “dedicou à agricultura, à mecânica, à arte e à Escola” e, porque “estou a falar do meu pai”, agradeceu aa homenagem prestada e “que o tornam vivo e o quanto é admirado e quanto foi especial”.

Desprovido de vaidades, como foi também referido, António Ventura era “um cidadão com o coração muito grande, foi um mestre de vida, foi uma lição” e “que nunca foi devidamente reconhecido”.

Dois grandes concertos comemorativos

E depois das cerimónias comemorativas do 25 de Abril, com o hastear da Bandeira Nacional ao som do Hino Nacional, e da reunião da Assembleia Municipal, destaque ainda para o concerto da Qrquestra Ligeira do Exército, que encheu por completo a Praça Simões Dias e que tiveram oportunidade de assistir a um grande espectáculo de música ligeira, com temas bem conhecidos e a mereceram fortes aplausos. 

No dia 28 de Abril, as comemorações encerraram com chave de ouro, com o concerto realizado na Cerâmica Arganilense pela Associação Filarmónica de Arganil, sob o tema “Música é Liberdade”.