ARGANIL: “Marco de Teodósio em Coja” no Núcleo Museológico de Arqueologia

O Município assinalou o Dia Internacional dos Museus, com a inauguração de uma exposição temporária no Núcleo Museológico de Arqueologia, intitulada, “Marco de Teodósio em Coja – uma pedra no caminho do ouro”.

Contando com o apoio do CEAACP – Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património da Universidade de Coimbra, a mostra conta a história do miliário e das vias romanas que terão existido no concelho e está patente até ao dia 30 de Junho, podendo ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 17 horas, sendo ainda de referir que os marcos miliários, “marcaram outrora as vias romanas ao longo das quais eram colocados, indicando os mil passos que os separavam entre si, distando entre si uma milha romana, cerca de 1480 metros”, como explica o Município em comunicado, sublinhando que eram de “forma cilíndrica, epigrafados, com o nome do imperador que ordenou a construção ou o arranjo da via, os seus títulos e as distâncias, expressas em milhas, até a cidade”.

Na inauguração da exposição, a vice-presidente da Câmara Municipal, Paula Dinis, sublinhou, que este ano ao assinalar o Dia Internacional dos Museus, “assinala-se o tema do poder”, considerando que, para esse efeito, “nada melhor que termos esta peça exposta para expressar o poder, quer o poder que o Império Romano tinha sobre todo o seu Império, quer sobre a Península Ibérica”, referindo ainda que “marcos datados desta época só existem dois, este e outro em Santiago de Compostela e por isso é uma referência muito importante”.

A vice-presidente da Câmara e responsável pelo pelouro da Cultura, não deixou de salientar também que este Marco Teodósio, “mostra a importância que os nossos territórios tinham naquela altura, o poder do marco”, assim como “o poder do Museu de vos chamar aqui para conhecerem esta história, o poder de termos capacidade de atrair mais pessoas para virem visitar os nossos Museus. No fundo é o poder do conhecimento, pois é importante que os Museus tragam pessoas e os Museus têm sempre pessoas qualificadas para explicarem aos visitantes o que estão a ver e para transmitirem esse conhecimento que é o nosso maior poder”.

O arqueólogo responsável pelo Núcleo Museológico de Arqueologia, Fernando Neves, apresentou os painéis que compõem a exposição, explicando que “começam por falar das vias romanas em Portugal e por localizar a peça principal, o Marco Teodósio, e depois passamos para o que eram os marcos milenários, qual era a sua função, que era sinalizadora da via romana, indicava as milhas, o imperador que a mandava construir ou reparar e a proximidade com uma grande cidade romana”, por outro lado e como sublinhou, “nestes painéis falamos um bocadinho na importância dos marcos, e noutro apenas na importância do marco milenário de Coja, onde temos a tradução do que está esculpido na pedra, na epigrafe”, informando, que “a pedra está partida, portanto falta-lhe uma parte, e é muito importante que as pessoas tenham essa noção, faltam-lhe as milhas e a cidade, aqui só fala no imperador”, acrescentando em jeito de brincadeira que “se souberem do paradeiro da outra parte fico muito agradecido, eu e Arganil”.

No último painel “é a importância do marco para o território português e o que representa, neste caso, um vestígio arqueológico do Império Romano, mas já em decadência, mas que se preocupou na mesma em investir dinheiro, possivelmente na reconstrução da estrada romana e na sinalização”, disse Fernando Neves, afirmando que “este vestígio prova que havia ainda a necessidade (apesar da decadência de escoar pessoas, bens e mercadorias, para fora ou trazer para o território da Península Ibérica), de investimento que seria, possivelmente, a exploração do ouro no Rio Alva e Ceira. O marco é a prova viva de que os romanos ainda se preocupavam com estas questões das pessoas, das mercadorias e do comércio”.