Na passada sexta-feira, partiu para a Ucrânia uma equipa coordenada pelo médico arganilense Vítor Almeida, composta por médicos portugueses e luso-ucranianos para uma missão humanitária de formação em transporte do doente crítico, organizada pela Ordem dos Médicos através do seu Gabinete de Apoio Humanitário (GAHOM).
A equipa dará formação a cerca de 50 profissionais de saúde ucranianos, na cidade de Ternopil, situada a aproximadamente 600 km de Kiev, tendo o coordenador do GAHOM, Vítor Almeida, salientado “a importância de transportar os doentes, de forma segura, dos hospitais da linha da frente para os hospitais da retaguarda-2”.
O dr. Vítor Almeida, das Relvas, freguesia da Teixeira (que serve como autarca) e também deputado na Assembleia Municipal de Arganil, está pela segunda vez em missão humanitária na Ucrânia, mas também já esteve por várias vezes em outros países no cumprimento de outras missões semelhantes e, à partida e como disse ao nosso jornal, espera mais uma vez, com a equipa que coordena, poder dar a sua contribuição na ajuda ao povo que sofre.
Há um ano, a 24 de Fevereiro de 2022, na sequência da invasão da Ucrânia pela Federação Russa, a Ordem dos Médicos criou o Gabinete de Apoio Humanitário com o objetivo de desenvolver esforços concertados para apoiar o povo da Ucrânia e na missão prévia de reconhecimento no terreno, uma das áreas identificadas foi o transporte do doente crítico, tendo já sido realizada em Coimbra a formação de 46 elementos com o curso Tactical Combat Casualty Care (TCCC), de 12 elementos com o curso de Instrutores em Simulação Biomédica e o Curso de Transporte do Doente Crítico.
Agora em parceria com o Ministério da Saúde da Ucrânia e o Centro de Simulação de Ternopil, será feita a implementação deste curso de forma adaptada na Ucrânia. A barreira da língua foi ultrapassada com o curso bilíngue ucraniano-inglês.
Contudo, a inovação assenta na simulação biomédica que constitui uma mais-valia para a Ucrânia, uma vez que para além de formar a equipa luso-ucraniana vai implementar este curso de forma adaptada e capacitar os formadores ucranianos. Constitui um benefício bidirecional de integração da comunidade médica ucraniana.
De salientar que todo o trabalho da equipa médica não é remunerado, estando assegurado pelo do Ministério da Saúde o salário base ao abrigo da dispensa da prestação de trabalho normal, sem perda de regalias ou direitos e sem ganho de horas extraordinárias.
A missão é uma iniciativa da Ordem dos Médicos que contou com o apoio do Centro Hospitalar Tondela Viseu, o Centro de Simulação Biomédica de Coimbra, o Ministério da Saúde de Portugal e o Ministério da Saúde da Ucrânia, e a Faculdade de Medicina de Ternopil que assegura também a estadia da equipa.
O curso obteve o reconhecimento científico das entidades Sociedade Europeia de Medicina de Urgência/Emergência, Sociedade Europeia de Simulação e da Sociedade Portuguesa de Simulação.
Esta é uma parceria estratégica que advém não só do endorsement das sociedades científicas, mas também da fundamental componente da política de integração europeia da comunidade científica.