ARGANIL RECUA NO DESCONFINAMENTO | A reacção do presidente da Câmara: “Não posso aceitar esta decisão”

Hoje, quinta-feira, 27 de Maio, depois de no final do Conselho de Ministros a Ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, ter anunciado os concelhos que recuam no desconfinamento, nomeadamente Arganil, o presidente da Câmara Municipal, Luís Paulo Costa, não deixou de reagir de imediato a esta decisão, considerando mesmo que “não posso aceitar esta decisão, que “tem pouco e aceitável,  atendendo aquilo que é a incidência verificada à data de hoje, em que o nosso concelho regista 15 casos activos. Parece-me e considero que é um número relativamente diminuto a justificar uma decisão com a gravidade daquela que o Conselho de Ministro hoje assumiu”.

E por esse facto, Luís Paulo Costa disse ainda que “de facto não percebo, não posso aceitar esta decisão, mesmo que se considerem os critérios que foram estabelecidos pelo Governo para acompanhar a evolução do estado de calamidade e que se trata do critério dos casos cumulativos do período de 14 dias em que registamos, nas últimas duas semanas, 33 casos com um a tendência claramente decrescente. E 33 casos num território com 332 quilómetros quadrados parece um número relativamente pequeno a justificar uma decisão com gravidade daquela que foi tomada”.

E por isso, o presidente da Câmara Municipal de Arganil disse que “manifestámos já a nossa indignação ao Secretário de Estado da Juventude e dos Desportos que faz a coordenação para a área do Covid para a Região Centro, formalizámos também a nossa opinião ao gabinete do senhor Primeiro Ministro e demos nota deste nosso desagrado ao senhor Presidente da República”.

Não se justifica uma decisão com esta gravidade e que tem um impacto brutal para a imagem do concelho, uma imagem negativa, e tem um impacto brutal ao nível das nossas actividades económicas”

Luís Paulo Costa não deixou de considerar também que “os critérios como aqueles que estão estabelecidos criam situações injustas e injustificadas como aquelas que se está a verificar. Eu permito-me apenas referir que pelas regras que estão determinadas pelo Governo, a incidência com a verificação de 26 casos  num período de 14 dias  em Arganil, tem precisamente a mesma gravidade  da existência de 1222 casos num concelho como Lisboa. Parece que não o faz qualquer sentido colocar estas situações no mesmo patamar. E por isso eu volto a dizer que não se justifica uma decisão com esta gravidade e que tem um impacto brutal para a imagem do concelho, uma imagem negativa, e tem um impacto brutal ao nível das nossas actividades económicas. Foi para nós uma péssima notícia, incompreensível e que gostaríamos não se tivesse verificado”.

Mas verificou e com Arganil também recuou a Golegã, mantendo-se os concelhos de Montalegre e Odemira e avançando o concelho de Lamego.

Fazendo o ponto da situação, o Governo alerta que Portugal está agora “numa zona onde o risco é claramente mais significativo”. Lisboa entrou em situação de alerta e, aos olhos do executivo, é “motivo de preocupação”, como referiu Mariana Vieira da Silva, acrescentando que “temos neste momento um nível de incidência de 54,4 e, no que diz respeito à velocidade de transmissão (Rt), temos 1,07. Depois de semanas com o Rt abaixo de 1, temos neste momento um valor acima de 1. Estamos numa situação de transição entre a zona verde e a zona amarela, uma zona onde o risco é claramente mais significativo do que era há duas semanas”.

Por isso e de acordo com a Ministra de Estado e da Presidência, esta realidade determina que seja necessário “tomar medidas de precaução”, apesar de “continuarmos numa zona de baixa incidência”, acrescentando que quanto à evolução dos concelhos no nível de desconfinamento, há dois que recuam face ao nível de confinamento em que estavam, nomeadamente Arganil e Golegã. Na mesma situação em que estavam ficam os concelhos de Montalegre e de Odemira. 

Já Lamego recebe ‘luz verde’ para avançar para o nível de desconfinamento do resto do país, “quer isto dizer que temos neste momento três concelhos com as regras que se aplicavam a 19 de Abril, Golegã, Montalegre e Odemira e um concelho ao qual se aplicam as regras de 5 de Abril, Arganil”, disse Mariana Vieira da Silva, esclarecendo ainda que Lisboa em alerta é “motivo de preocupação” e que entram em “alerta quatro concelhos, continuam em alerta três concelhos e saem de alerta seis concelhos. Estes valores continuam a indiciar que a grande maioria do território nacional se encontra numa situação de baixa incidência. Tal como na semana passada, todos os concelhos, com exceção de quatro (274 do território nacional) têm hoje as mesmas regras de incidência, de 1 de Maio”.

Durante esta semana, seis concelhos recuperaram e deixam de estar em situação de alerta, Oliveira do Hospital e Santa Comba Dão e Albufeira, Castelo de Paiva, Fafe e Lagoa, passando a estar numa situação de alerta os concelhos de Chamusca, Lisboa, Salvaterra de Magos e Vale de Cambra, e mantêm-se os concelhos de Tavira, Vila do Bispo e Vila Nova de Paiva.

A Ministra de Estado e da Presidência deu ainda a conhecer que o Governo aprovou “um conjunto de medidas que passam essencialmente pela aceleração dos testes que já estavam previstos, pela realização de testes em pontos específicos onde foram identificados casos, de forma a acelerar os isolamentos e conseguirmos controlar a pandemia”.

Texto: J. M. CASTANHEIRA / A COMARCA DE ARGANIL