Na passada quinta-feira, 18 de Março, o Município assinalou o Dia Internacional dos Museus, através de uma mostra etnográfica dedicada ao ferro, que vai estar patente até ao próximo dia 18 de Junho, no Núcleo Museológico de Arganil.
“Ser Ferreiro” é o título da exposição que presta homenagem a esta profissão milenar e que vem no seguimento de uma série de homenagens feitas às profissões antigas do concelho e que iniciaram neste espaço, em 2021. E que tão bem a soube retratar artesão do ferro, António Manuel Tavares Fróis, de Coja
Carinhosamente tratado pelos amigos como “doutor do ferro”, António Fróis, deu uma autêntica lição aos alunos que vieram participar no momento inaugurativo da exposição “Ser ferreiro” sobre o arte de trabalhar o ferro, sobre o amor que cada ferreiro, nas várias áreas, colocava em cada peça, onde além de ferramentas e materiais que estão por detrás deste ofício, não deixou de ser observado um vídeo documentário em que o artesão conta, na primeira pessoa, algumas curiosidades sobre a arte de manobrar o ferro.
“Os ferreiros, foram dos profissionais mais solicitados na Idade Média, pela necessidade de equipar os exércitos com couraças, elmos e outros dispositivos de protecção para os soldados, ou de armas, em ferro temperado de grande resistência”, como referiu António Fróis, acrescentando que “nesta zona a actividade marcou a sua importância sobretudo na criação e conserto de ferramentas destinadas a trabalhos agrícolas como sachos, gadanhas ou forquilhas”.
Profissão, que manteve grande expressão nos séculos XIX e XX e que o nosso colaborador Eduardo Gonçalves, no poema “Minha vida de ferreiro”, de sua autoria e que declamou, tão bem retrata: A todos, confesso/Tenho um amigo sincero/É duro e frio,/ Empertigado e severo,/Mas vai à forja/E aquece, vos assevero,/Fica macio/E faço dele o que quero. Já pus o coque na forja/Peguei lume e dei ao fole, /A tenaz a segurar,/O ferro ao rubro, já mole./Agarro agora o vergueiro/Que segura a talhadeira/E aplico um golpe certeiro/Cortando o ferro, à primeira. Depois, coloco as craveiras/Espreguiçadas na bigorna/E agarro a barra aquecida/Para lhe dar outra forma./Pego então na marreta/Para o rebite encabeçar,/Muita força e pouca cheta/Para a vida governar. A todos, confesso/Tenho um amigo sincero/É duro e frio,/Empertigado e severo./Mas vai à forja/E aquece, vos assevero,/Fica macio/E faço dele o que quero.
“A Escola devia mostrar esta arte, (…) venho de um elite de ferreiros que está a terminar comigo”, disse ainda António Fróis, tendo a representante da União de Freguesias de Coja e Barril de Alva, Isabel Guarda, manifestado o orgulho por “ter na freguesia um representante desta arte com categoria” e a quem a vice-presidente da Câmara Municipal, Paula Dinis, não deixou de agradecer pela disponibilidade “em vir partilhar connosco o que sabe” sobre a arte de ferreiro, salientando ainda a importância destas exposições patrocinadas pelo Município para “preservação das nossas memórias” porque, e como considerou, “são histórias que ficam”.