ARGANIL: “Temos visto com muita preocupação a degradação sistemática do desempenho da ERSUC”

Na última reunião de Câmara, o presidente Luís Paulo Costa, manifestou a sua preocupação relativamente “aquilo que tem sido a trajetória, nos últimos anos, da ERSUC”, empresa que “tem a concessão do Sistema Multimunicipal de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos em boa parte da Região Centro”, salientando ainda que “é  “uma preocupação que é partilhada por todos os Municípios que, ao mesmo tempo que são accionistas da ERSUC, são também clientes e estão na área de influência da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra”.

Luís Paulo Costa deu também a conhecer que “dos 19 Municípios, há 16 que são, simultaneamente, accionistas”, pelo que “temos visto com muita preocupação a degradação sistemática do desempenho da ERSUC, ao longo dos anos”, acrescentando que “no âmbito do processo relacionado com a fixação das tarifas, houve pronúncia, quer de alguns Municípios isoladamente, como é o caso de Arganil, quer também do órgão formal Conselho Consultivo que integra todos os accionistas, o órgão de fiscalização e a administração”.

“Aquilo que a ERSUC ia buscar à tarifa para pagar, no fundo, o negócio, em 2015 era 37 por cento, em 2021 já foi 59 por cento”

Lamentando que “uma empresa que foi privatizada consegue funcionar pior depois de privatizada do que quando funcionava maioritariamente de capitais públicos”, o presidente da Câmara considera que “aquilo que temos, hoje, na ERSUC é uma deterioração significativa do desempenho, aquilo que vemos num intervalo temporal de sete anos é mais do que uma duplicação de custos, algo que se torna incompreensível, que contribui diretamente para a escalada exponencial das tarifas”, manifestando por isso a sua indignação com “o contributo da tarifa para aquilo que é o volume de negócios” desta empresa, já que “aquilo que a ERSUC ia buscar à tarifa para pagar, no fundo, o negócio, em 2015 era 37 por cento, em 2021 já foi 59 por cento”.

Actualmente e ainda segundo Luís Paulo Costa, a ERSUC vai “buscar muito mais à tarifa do que aquilo que ia buscar anteriormente porque havia uma acção proactiva naquilo que são as actividades complementares, como o biogás, produzido a partir do aproveitamento dos aterros, e a venda dos combustíveis derivados de resíduos, que eram vendidos à Cimpor e que contribuíam também, de uma forma significativa, para o volume de negócios” pelo que, e como referiu, “essa actividade foi praticamente negligenciada ou muito reduzida e, portanto, para a empresa é muito confortável não se esforçar porque sabe que o rendimento está garantido”.

O presidente da Câmara não deixou de referir ainda que “a ERSUC colocou no lixo cinco milhões”, resultantes de “um investimento para um equipamento de preparação de combustíveis derivados de resíduos, que podem ser enviados para uma Cimpor, para utilizar no processo de queima”, mas “depois deste investimento, a venda de combustíveis derivados de resíduos praticamente desapareceu. Literalmente, foram cinco milhões para o lixo que são, naturalmente, colocados na tarifa e estão a ser pagos pelos clientes e consumidores de uma forma que não revela muita eficácia e eficiência nas decisões que são tomadas”, pelo que e como frisou, “este é um dossier que está a suscitar muita preocupação à generalidade dos Municípios, aqueles que estão connosco na CIM, e o que foi decidido por todos foi uma intervenção mais robusta nesta matéria, com um grupo de trabalho que está em constituição, para um acompanhamento mais sistematizado daquilo que é a actividade da empresa porque há coisas que, efectivamente, são muito esquisitas e já fizemos questão também de o manifestar à ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos)”.

Vereadores da oposição associam-se à “preocupação” manifestada pelo presidente da Câmara no que concerne à ERSUC

No que se refere à “preocupação” manifestada pelo presidente da Câmara no que concerne à ERSUC, o vereador da oposição, Paulo Teles Marques, afirmou que “acreditando também na economia de mercado, acredito pouco quando funciona em lógicas de monopólio e funcionando dessa forma é razoável a sua conclusão de que não é importante ter muito dinamismo na gestão da empresa porque o rendimento e o lucro está facilmente garantido. Se falhar, basta aumentar a factura de todos os seus clientes para que esse lucro seja atingido, é uma gestão fácil”.

Confessando estar “muito preocupado” com esta questão, também o vereador da oposição Miguel Pinheiro, considerou que “é um problema que vai continuar a pesar nos orçamentos dos Municípios e, consequentemente, nos orçamentos das famílias”, referindo ainda que “é uma questão que tem contornos algo sombrios, cinzentos”, pelo que “esta tomada de atitude de perceber o que está a acontecer é fundamental”.

Nesta reunião de Câmara, o presidente deixou também “um voto de pesar pelo falecimento do comendador Mário Pereira Gonçalves”, pedindo em sua memória um minuto de silêncio, não deixando ainda de congratular pelo facto do Município ter sido reconhecido, pelo sexto ano consecutivo, como “Autarquia + Familiarmente Responsável”.

Ao voto de pesar pelo falecimento do comendador Mário Pereira Gonçalves, associou-se também o vereador Paulo Teles Marques.