ARGANIL: Unidade Funcional de Arganil da APPACDM bate recorde de recolha de resíduos

A presidente da APPACDM deu a conhecer que “em Setembro iremos lançar a primeira pedra da Casa dos Afectos”

No ano passado, os clientes da Unidade Funcional de Arganil da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) Coimbra, recolheram cerca de 200 toneladas de resíduos, aproximadamente um terço plástico e cerca de dois terços papel e cartão e que constituem um novo recorde para a instituição e fazem da APPACDM Coimbra um dos maiores fornecedores da ERSUC, tanto a nível regional como nacional.

A gestão ambiental no concelho tem um aliado de peso na Unidade Funcional de Arganil da APPACDM Coimbra, que em termos de resultados líquidos, as cerca de 200 toneladas renderam à Unidade um valor que ronda os 22 mil euros, afirmando a presidente da APPACDM Coimbra, Helena Albuquerque, que “a nossa instituição tem desenvolvido o seu sector empresarial, de há alguns anos para cá, com a finalidade de conseguir excedentes que consolidem a qualidade de atendimento de que tanto se orgulha, numa perspectiva de trabalho comunitário e de inclusão da pessoa com deficiência intelectual. Estar a cooperar com a população de Arganil num objetivo tão nobre como é o ambiente, tem sido para todos de grande importância”.

O projecto chama-se “Argus Recycling” e conta com o apoio da Câmara Municipal de Arganil. Os clientes da APPACDM recolhem resíduos porta-a-porta através de duas viaturas eléctricas do Município, em cerca de 800 habitações e empresas de Arganil. Os resíduos são depois transportados para instalações camarárias, onde são separados e compactados em fardos, que depois seguem para a ERSUC.

“Nas grandes cidades, os habitantes que reciclam têm de levar os seus resíduos para os ecopontos; em Arganil não precisam de o fazer. Tanto famílias como empresas, basta solicitarem e nós vamos lá recolher os resíduos. Este maior conforto para as pessoas também é diferenciador e os nossos clientes sentem-se felizes por melhorarem a vida de toda a comunidade”, salientou Helena Albuquerque, que vê neste serviço “uma forma de atenuar a imagem negativa que muitas vezes ainda subsiste da pessoa com deficiência intelectual”.

O papel/cartão e o plástico constituem a maior parte dos resíduos recolhidos e expedidos, mas a Unidade Funcional de Arganil também reúne esferovite, materiais ferrosos e dispositivos eléctricos e electrónicos, que depois são enviados para centros especializados. Em 2022, a APPACDM Coimbra escoou 3420 kg de materiais ferrosos, que renderam 991,80 euros. Já os dispositivos elétricos/eletrónicos totalizaram 22 toneladas entre 2019 e 2022, que proporcionaram 2207 euros de receita.

São cerca de 25 clientes da Unidade Funcional de Arganil que participam nestas e noutras atividades de melhoria comunitária

São cerca de 25 clientes da Unidade Funcional de Arganil que participam nestas e noutras atividades de melhoria comunitária, como é o caso da limpeza dos troços após a passagem do Rali de Portugal em Arganil. Um trabalho que, por certo, tem contribuído para o facto de o Rali de Portugal ter sido eleito, em 2019, como o primeiro caso de sucesso do desporto motorizado para a sustentabilidade ambiental com destaque para a gestão de resíduos.

Ainda a nível ambiental, os clientes da Unidade Funcional de Arganil trabalham também na limpeza de ruas do concelho e de alguns condomínios, reconhecendo ainda Helena Albuquerque que, “para fazermos tudo isto, contamos com o precioso apoio da Câmara Municipal de Arganil, que tem sido um parceiro exemplar neste e noutros projectos”.

Utentes da Unidade Funcional de Arganil da APPACDM são “campeões” na recolha de resíduos e um aliado de peso na gestão ambiental no concelho

Como é o caso do grande projecto que é a Casa dos Afectos que, finalmente, vai avançar para obra, um sonho de anos e que, segundo a presidente da APPACDM, “em Setembro iremos lançar a primeira pedra da Casa dos Afectos”.

Em conversa recente com o nosso jornal, Helena Albuquerque não deixou por isso de manifestar a sua grande alegria por, finalmente, o sonho se tornar realidade, considerando que “a urgência aqui em Arganil era muito grande, a nossa Casa dos Afectos é um projecto da comunidade inteira e que consiste na construção de um Lar Residencial para Pessoas com Deficiência para acolher 18 pessoas”.

Em quatro concelhos, Arganil, Montemor-o-Velho, Cantanhede e Coimbra, a APPACDM, segundo a sua presidente,“apoia pessoas com deficiência intelectual, procuramos o mais possível ser um apoio abrangente desde que nasce até que morre e, nestes concelhos, apoiamos mais de 1200 pessoas com incapacidade e em situação de exclusão social, mas para acolher estas pessoas, um dos dramas que neste momento se passa em todos os concelhos, um problema nacional, é porque é muito grande a carência de Lares Residenciais”.

“Em Arganil a situação é ainda mais grave porque está longe dos outros Centros que apoiamos”, disse Helena Albuquerque, esclarecendo que na valência de Centros de Actividades Ocupacionais “os jovens vêm de manhã e à tarde regressam a casa, mas muitas vezes e com o seu envelhecimento acabam por envelhecer quase simultaneamente aos pais, que começam a não ter condições para tomar conta dos seus filhos”.

Um sonho de anos, “começamos há mais de 10 anos e onde vamos instalar o Lar Residencial era uma antiga Residência de Estudantes, um edifício da antiga Direcção Regional de Educação do Centro”, como referiu a presidente da APPACDM, para o qual e desde o início contou “com a vontade do então presidente da Câmara, Ricardo Pereira Alves, que sempre acarinhou este nosso projecto” e que contou também com “o seu esforço para que o edifício fosse para as mãos do Município e depois cedido à instituição”.

“Essa foi a primeira fase”, disse Helena Albuquerque, outras se seguiram como arranjar o dinheiro necessário para a obra, “o dinheiro do Estado, e isso estende.se a outras instituições sociais, não chega sequer para praticarmos um apoio de excelência de que tanto nos orgulhamos”, também não havia comparticipações para construir Lares Residenciais e “não podíamos avançar sozinhos”, até que há dois anos “finalmente o PARES III abriu e de imediato fizemos a candidatura e fomos contemplados, mas o grande problema é que foi com o orçamento inicial de há dois anos atras, 85 %, e quando começamos a ver a orçamentação actual, deparámos que dos inicialmente mais de 800 mil euros, a reconstrução do edifício ia ser posta a concurso por um milhão e cem mil euros”.

“Mas vamos avançar de qualquer maneira, com risco controlado e que se traduz na maneira de arranjarmos a diferença”, afirmou a presidente da APPCDM, não só pelo facto de ser “um projecto fundamental e prioritário para a nossa instituição e para as pessoas que apoiamos em Arganil”, mas também porque e desde a primeira hora, tem contado sempre com os apoios dos arganilenses, dos muitos amigos, a quem manifesta o seu público e reconhecido bem-haja.

“Este é o projecto mais bonito que a APPACDM tem neste momento, porque é um projecto que não é da APPACDM, mas é de toda uma comunidade. E isto é fundamental para nós e mais do que o dinheiro, o que queremos é que as pessoas sintam a nossa causa como delas também. E a população de Arganil tem sentido este projecto como seu. E isto tem sido único nos últimos anos na nossa instituição. São os afectos de toda uma comunidade para esta também sua Casa dos Afectos”, salientou Helena Albuquerque e, mesmo apesar de haver opiniões contrárias que defendem que o Lar não devia ser no centro da vila, disse que “a nossa perspetiva tem muito ver com o paradigma actual do apoio à deficiência, que é a inclusão destas pessoas na comunidade. Tudo tem os seus prós, os seus contras, as suas vantagens e desvantagens, é uma opção da direcção, é contestada penso que não será pela maioria, mas optamos sempre pela centralidade das nossas instalações. Se fosse construído fora de Arganil e até por experiência própria, posso dizer que é o primeiro passo para a exclusão dessas pessoas, que não se podem deslocar facilmente, estão longe do centro, de puderem andar à vontade porque toda a gente os conhece”.

Por isso “a obra tem de se fazer”, como disse o presidente da Câmara Municipal, Luís Paulo Costa, quando foi informado pela presidente da APPACDM do custo da obra. “Tem desse fazer” com a colaboração da Câmara, “continuamos a ter donativos muito frequentemente da população, o Governo já deu a conhecer que vai complementar com mais vinte por cento daquilo que tinham dado, já temos o nosso pé de meia, esta obra vai-se fazer, está a concurso e será grande marca para a instituição neste ano em que comemora os seus 54 anos e esperamos que seja uma prenda de anos dos seus 55 anos. Sempre a servir”.