ARGANIL: XXII Capítulo da Confraria do Bucho

No passado sábado, a Confraria Gastronómica do Bucho de Arganil realizou o seu XII Capítulo, no Santuário do Mont’Alto.

E apesar do tempo pouco convidativo e que não deixou cumprir, em pleno, o programa deste que é um dos momentos mais altos da Confraria, mas mesmo assim não deixou de ser cumprida “A Tradição com Sabor a História e também a Memória…” e foi “de coração cheio, de alegria e emoção” que o juiz, João Travassos, saudou todos os participantes, as Confrarias que vieram do Continente e da Madeira, acrescentando que “é uma honra imensa poder receber-vos hoje, aqui neste local maravilhoso, pleno de beleza e de espiritualidade, o Santuário do Mont’Alto, que ocupa um lugar muito especial no coração de todos os arganilenses”.

“Para quem não conhece, o Santuário do Mont’Alto representa o farol da fé e da esperança de todos os arganilenses, dos residentes e daqueles que se encontram dispersos pelo mundo”, como disse depois a mordomo-mor da Confraria, Fernanda Maria Dias, para referir depois que “ao celebrar o seu XII Capítulo, a Confraria Gastronómica do Bucho de Arganil não pretende apenas assinalar mais um ano de existência, mas sim confirmar a sua persistência na missão a que se obrigou no ano de 2006”, ao mesmo tempo que “pretende também honrar todos aqueles que de uma forma esforçada, altruísta e humanista, tudo fizeram para melhorar as condições de vida dos seus conterrâneos, menos bafejados pela sorte”.

“Ao abordarmos neste momento a questão da tradição associativa arganilense (que serve de respaldo à nossa Confraria) não queremos dizer que a tradição tem de ser, escrupulosamente, mantida. Queremos dizer, isso sim, que a melhor maneira de a respeitar, é fazer o que os nossos antepassados desejariam se, porventura, possuíssem as condições que hoje estão à nossa disposição”, como disse a mordomo-mor, e pelo facto de estar a cair “no esquecimento a nossa gastronomia tradicional”, propôs “uma jornada de reflexão, sobre o modo como os buchos que identificam o nosso concelho podem ser integrados (sem lhes desvirtuar a essência) no processo culinário que é utilizado nos nossos restaurantes”.

Padre Lucas Pio entronizado Confrade de Honra

E depois de recordar as iniciativas que tem sido feitas e desenvolvidas pela Confraria ao longo dos anos, a sua acção, “o nosso empenho e o nosso labor têm sido intensos”, Fernanda Maria Dias considerou que “se a tradição é o prolongamento do passado, devemos ter a força capaz de estar à altura dessa tradição, desse legado. Por isso, teremos de repensar qual será a melhor maneira de continuar o caminho, virando-nos para este território que é o nosso, respeitando sempre a letra e o espírito dos estatutos da nossa Confraria, mas envolvendo-nos mais localmente, alimentando as parcerias já existentes e criando através delas uma correlação de forças potenciadora de novas sinergias”, terminando com palavras de particular apreço para com o padre Lucas Pio, reitor de Arganil, que ia ser entronizado como Confrade de Honra, considerando que “é um homem que co-habita com a diversidade dos tempos (…) e que chegou a Arganil, há precisamente 3 anos, é neste momento, uma figura proeminente e acarinhada no seio arganilense, pelo seu exemplo de obreiro, pelo seu entusiasmo, pelo seu pragmatismo, pela sua visão e pelo carinho que tem colocado nas obras que tem levado a cabo, (…) e que se encontra envolvido em quase todas as instituições da terra”.

E depois de entronização do padre Lucas Pio, o também Confrade de Honra, Pedro Pereira Alves, proferiu a Oração de Sapiência, considerando que “o movimento das Confrarias devia, na minha óptica, estar da primeira linha de acção, da revitalização das áreas rurais do país e no combate ao êxodo e de um convívio social fraterno e amigo”, referindo por isso que “a Confraria do Bucho não pode nem deve mover-se envolvida em questiúnculas inúteis, orgulhos feridos, ressentimentos. O passado já passou e não é lícito, sem sensato, continuar a vivê-lo. O momento que devemos desfrutar é o presente, arquitectando o futuro, com planos e projectos visíveis e exequíveis, vivendo em conformidade com os sentimentos mais nobre que existem dentro de nós. (…) Estamos mesmo muito necessitados de afastar das nossas vidas tudo o que não seja essencial, fechando a porta a tudo aquilo que não merece entrar”.

O vereador da Câmara Municipal, Luís Almeida, depois de felicitar a Confraria “pela escolha de tão belo e aprazível local, um dos ex-libros arganilenses, contribuindo para reforçar as comemorações dos 500 anos da capela de Nossa Senhora do Mont’Alto” com a realização do seu Capítulo e pelo seu nobre propósito de ser “um Capítulo solidário com o objectivo de contribuir para a recuperação da Capela do Senhor da Ladeira”, considerou que “a Confraria do Bucho tem-se revelado, ao longo dos últimos anos, como um dos mais deliciosos cartões de visita de Arganil”, levando “para lá das fronteiras do concelho o que de melhor e mais genuíno nós temos, a gastronomia com a qualidade que nos é reconhecida, a simpatia das nossas gentes, que fizeram e continuar a fazer das dificuldades forças, o orgulho que cada um de nós tem em pertencer a um interior do país que nem sempre tem a merecida atenção e tende, não raras vezes, a ficar esquecido”, terminando por salientar que “se é seguro dizer que nós, arganilenses, temos o melhor bucho do país, é igualmente garantido que o bucho de Arganil tem a melhor das Confrarias”.