ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE ARGANIL: Preocupações com o Alva e elogios à Feira das Freguesias

No sábado, no salão nobres dos Paços do Concelho, realizou-se a reunião ordinária da Assembleia Municipal e, dada a palavra ao público, José António de Matos Gama, do Sarzedo, veio manifestar a sua preocupação “pela qualidade da água das nossas barrocas, altamente contaminada”, vindas da Zona Industrial “e que se vai tornar num problema de saúde pública”, um assunto que preocupa também, e como referiu, o presidente da Junta de Freguesia do Sarzedo, Idílio Correia, considerando por isso que este é um problema que terá de ser “resolvido o mais rápido possível”.

Associando-se a estas preocupações, o presidente da Câmara Municipal, Luís Paulo Costa, reconheceu “que temos um problema naquilo que tem a ver com efluentes da Zona Industrial da Relvinha, (…) alguns já identificados” e outra situação “que ainda não foi possível determinar a origem”, tem a ver com “uma descarga ilegal a montante da ETAR” com a qual “não podemos pactuar”, sem deixar de reconhecer também que “houve falhas no projecto da ETAR”, pelo que está a decorrer “um processo judicial” para que possa vir a ser encontrada a melhor solução e possa ser resolvido “tão rapidamente quanto possível”.

No período antes da ordem do dia, também a perda da Bandeira Azul em duas praias fluviais do concelho, nomeadamente na praia fluvial de Coja e na praia fluvial do Piódão, foram preocupações trazidas por Rodrigo Oliveira, da bancada do Partido Socialista, dizendo que “preocupa-nos o facto que esta perda seja penosa para o concelho e que possa originar a diminuição da actividade turística no nosso território e assim prejudicar a actividade económica relacionada, hotelaria e restauração, sobretudo”, deixando a sugestão para que a autarquia “encete uma estratégia de comunicação alargada, no sentido da garantia da qualidade da água do Rio Alva” e que “exija e pressione as entidades competentes para a preservação do Rio Alva. Essas entidades não podem ser só chamadas ao concelho aquando do hastear das Bandeiras Azuis”, considerando por isso que “este é o momento de exigir das mesmas que actuem de imediato no que respeita à preservação dos caneiros e açudes, da eliminação das infestantes e da garantia de um caudal ecológico no Alva”.

O presidente da Câmara disse, em resposta, que esta perda de galardões “não é uma situação isolada”, também em Municípios vizinhos isso aconteceu, como na praia fluvial de Alvoco das Várzeas, no concelho de Oliveira do Hospital, ou a Senhora da Piedade, na Lousa, e que “é uma consequência severa que está sinalizada e assumida pelo presidente da ABAE, no que tem a ver desde logo com a redução do caudal nos nossos rios, consequência das alterações climáticas e também com a consequência do incêndio na Serra da Estrela do ano passado, com a contaminação dos recursos hídricos. (…) Não estamos satisfeitos com a perda destes galardões”, mas “é importante perceber o que isso significa, significa que passamos de uma qualidade de água que tinha um reconhecimento excelente, para qualidade boa”, deixando a certeza que “não temos nenhum problema ambiental”.

No que se refere às infestantes, Luís Paulo Costa deu a conhecer que “como se trata de infestantes, a responsabilidade cai na tutela do ICNF, que assume o combate às infestantes, todas elas, incluindo as que se encontram em meio aquático”, uma situação que, como referiu, foi relatada à directora regional do ICNF, o ano passado, que por sua vez sugeriu o envolvimento de outras entidades, como foi o caso da Escola Superior Agrária de Coimbra, que tem alguns professores especializados nesta área, informando “o que assumimos, passa por fazer o enquadramento desta situação no âmbito de uma acção alargada e de um aviso do Fundo Ambiental que foi publicado há uma semana para o combate a várias infestantes”.

O deputado socialista referiu-se também ao Parque de Campismo e o Campo de Ténis no Sarzedo, dizendo que “têm-nos chegado relatos do completo abandono daqueles espaços”, bem como o “alcatroamento da estrada da praia fluvial da Cascalheira em Secarias e da respectiva ligação à Estrada Nacional, uma obra reivindicada há mais de uma década, mas sem solução à vista” e, em resposta, o presidente da Câmara e no que ao Parque de Campismo diz respeito, disse que “considerando o que é o sobreaquecimento do sector da construção e as tentativas em relação aos concursos que foram desencadeados, aquilo que decidimos fazer foi separar as duas componentes que tínhamos neste processo, (…) uma dizia respeito à estrutura de autocaravanismo (uma candidatura aprovada com financiamento da Turismo de Portugal) e a outra componente sem comparticipação”, enquanto “a da estrutura de autocaravanismo foi a que realizámos (para esta o concurso já decorreu) e, até ao final do ano, esta componente tem que estar concluída no Sarzedo”, enquanto e no que se refere às pavimentações, lembrou que “no mandato anterior fizemos um levantamento com os presidentes de Junta do concelho, sinalizámos as situações mais críticas e eram na altura mais de oitenta”, mas “boa parte dessas situações críticas de rede viária já foi resolvido, algumas ainda não estão, mas estamos agora a preparar um processo para um novo plano e é nesse novo plano que as pavimentações da Cascalheira serão consideradas, uma vez que essa situação não estava sinalizada no plano elaborado anteriormente”.

Rodrigo Oliveira referiu-se ainda à terceira fase do Programa Revive, que promove a afectação de um novo conjunto de imóveis, num total de 15, entre os quais se encontra referenciado a Quinta do Mosteiro em Folques e, nesse âmbito, questionou também o presidente da Câmara para que “nos colocasse ao corrente dando todas as informações desta candidatura e se já existe algum investidor interessado para a Quinta do Mosteiro, um património imobiliário público de extrema importância para o concelho de Arganil”, tendo Luís Paulo Costa explicado que o Programa Revive foi referenciado “também no âmbito da agenda do turismo para o interior que há dias foi apresentada na Covilhã e foram identificados sete imóveis e a Quinta do Mosteiro foi um deles, um dos que trabalhamos em parceria com o Turismo de Portugal no sentido de o incluir neste mesmo processo” e, em “consequência da articulação que vimos mantendo com o Turismo de Portugal já há algum tempo, desde que assumimos com o IEFP uma nova localização para o Centro de Formação, começamos a trabalhar numa solução para a Quinta do Mosteiro (e é nesse âmbito que se enquadra a inclusão da Quinta do Mosteiro de Folques) nesta terceira fase do programa Revive”, não podendo por isso dar conta dos interessados, uma vez que “é um assunto que não dominamos, é o Turismo de Portugal que promove estes concursos e selecciona os candidatos”.

Partilhando “com esta Assembleia, como vem sendo hábito, gosto de fazer referência a alguns dos eventos que vão decorrendo no nosso território”, o deputado da bancada do Partido Social Democrata, Christophe Coimbra, começou a sua intervenção pela comemoração do dia de “São Rally”, salientado que “é um prazer danado assistir ao vivo e a cores, na terra onde cresci, a uma prova do mundial desta modalidade”, na “Zona Espectáculo do Pai das Donas, como habitual, o anfiteatro perfeito para ver o nosso rally”, sem deixar de salientar ainda que a edição de 2023 “fica também marcada pela homenagem promovida pelo ACP, em conjunto com a Câmara Municipal de Arganil, ao malogrado piloto Irlandês, Craig Breen”, eternizando-o “junto à mítica casa do PPD”, enquanto e no que diz respeito “ao impacto económico da prova, este é para além de inegável notável” e, a este propósito, disse ser “importante dar nota daquela que é também uma excelente notícia, conhecida e divulgada, a edição de 2024 do WRC Rally de Portugal está confirmada e passa novamente por Arganil”, sem deixar de “relembrar o papel fundamental do Município de Arganil” (e do presidente da Câmara) “para o regresso e continuidade deste evento que tanto nos caracteriza. Obrigado por isso”.

O segundo evento a que Christophe Coimbra se referiu foi à Feira das Freguesias que, “este ano, apesar de dificultado por uma condição climatérica pouco colaborante, (…) voltou a realizar-se e voltou a dar prova da sua dimensão. Este é já um evento com história: 16 edições de um evento que continua, pelo seu formato singular, a ser uma referência regional”, deixando os “parabéns às nossas Freguesias e Uniões de Freguesia pelo excelente serviço que prestam e que muito dignificam o nosso concelho.

Exploradas, na maioria dos casos, pelo associativismo – sobre a expressão máxima de si mesmo, o voluntariado, – e ver ementas cada vez mais centradas na história da nossa região é algo que tem que ser destacado e louvado”, considerando ainda que “a localização do evento mostrou, a meu ver e mais uma vez, ser a mais adequada à dimensão do mesmo. Permite, além de mais área disponível para todos as Freguesias participantes, melhor circulação para todos os visitantes, colocar os momentos de animação do certame na zona central do evento, bem como ter disponível estacionamentos em número suficiente para receber todos os que cá querem vir. É o evento certo e no local certo”, terminando por dizer “se a fórmula resulta, há uma coisa a fazer: replicá-la tanto quanto possível”.

No período da ordem do dia, destaque para a unanimidade na aprovação dos pontos referentes à celebração de contratos-programa com algumas das freguesias do concelho.