
Há muito que o tio Luís da Barragem vinha prometendo: «Quando o Sporting for campeão (de futebol) … Eu pago, com todo o prazer, um porco no espeto para esta rapaziada». Os anos passavam e a promessa mantinha-se. O repasto da vitória estaria, portanto, reservado para este glorioso ano do “leão”, uma vez que o Sporting, como dizem lá na minha terra, ganhou «tudo a eito!»
Mas, inesperadamente, motivando tristeza e mágoa, o Luís da Barragem faleceu em Outubro de 2019. E já não viveu a alegria dos festejos contínuos das vitórias do nosso clube. Ele que era figura emblemática de um evento que sempre nos cativou: o almoço de aniversário do Núcleo Sportinguista da Camba (cujo emblema tem uma truta, em vez do leão), em cuja localidade se reuniam dezenas de participantes, na festa anual dos “leões” da serra. O último foi em Agosto de 2019, ainda com a sua presença. Este ano até se previa uma festa rija, condizente com os êxitos leoninos mas, por causa do COVID19, nos tempos que correm torna-se difícil manter os hábitos e as amizades. As pessoas resguardam-se, não se juntam, cumprem as regras e, por isso, inibem-se dos convívios e ajuntamentos. Nos últimos anos tem havido boa ligação em camaradagem de alguma malta do Monte Frio com a rapaziada da Camba. Principalmente no mês de Agosto, por altura das festas, num género de Associação de Amizade, combinavam-se petisqueiras e realizavam-se sessões de confraternização. No ano passado… tudo cancelado, todos recolhidos e confinados, na esperança que os bons tempos voltassem agora em pleno. Mas qual quê? A preocupação existe e todo o cuidado é pouco! Temos de nos precaver. Mesmo assim, a convite dos amigos cambenses, atravessámos a serra para participarmos num opíparo lanche, na terra do tio Luís da Barragem. Levámos o Nunes, o Gil e o Leonardo, este decano exemplar, aos 94 anos sempre pronto para a folia. Com todas as cautelas de resguardo e distanciamento social, convivemos em redor de uma mesa farta, na ampla esplanada/miradouro, obra da Comissão de Melhoramentos da Camba. É o local das festas, ali onde tudo acontece. Lá estivemos com o Luís, o Carlos Simões, o Arlindo, o Zé João, o Vítor João, o Vítor Gonçalves, o Zé Dias, o Florindo, o Zé Manel e o Rui Gonçalves, o filho do saudoso Luís da Barragem que, perante todos, afiançou que vai cumprir a promessa do pai: «Vamos ter aqui um porco no espeto. A promessa dele passa a ser minha. Por várias razões, gostava que tivesse acontecido este ano. Ainda analisámos algumas hipóteses de concretização mas, as regras sanitárias e restrições sociais obrigaram a transferir a festança para outra data. Talvez no próximo ano, no aniversário do Núcleo», disse, com a segurança de um sportinguista bem identificado pela “T-Shirt” que envergava.
… E o Porto da Balsa lá no fundo


A esplanada da Camba é um recinto de festas e confraternização privilegiado, miradouro altaneiro, que nos leva a visão para longe, à montanha que temos pela frente e ao Porto da Balsa, lá no fundo. Esta aldeia-irmã, ali mesmo à beira do rio Ceira (certa vez fustigada pelas enxurradas), é terra natal dos ‘Adriões’ que conhecemos: o António Adrião Lopes, o comerciante local que, na sua loja, sempre recebia com simpatia, e preparava aquelas sandes de queijo ou presunto. Ou, para quem quisesse, fritava o peixe do rio. O estabelecimento foi encerrado após a sua morte, há vários anos. Ali terminava a carreira rodoviária Santa Comba Dão, Tábua, Monte Frio, Porto da Balsa, cuja camioneta era conduzida pelo nosso saudoso Américo Fernandes. Custa ver a desertificação desta aldeia, com algumas grandes casas de xisto. Dali era também o António Adrião, o “espingarda”. Homem folgazão, também comerciante, tinha uma camioneta “Bedford” para, serra acima, serra abaixo, governar a vida. E, no regresso para casa, sempre passava pela taberna do Peres, no Monte Frio, onde era considerado um dos nossos. O “espingarda” era tio do nosso amigo Júlio Adrião, companheiro de tertúlias sociais e gastronómicas, elemento dedicado e ativo, nas lidas do Núcleo do Sporting do Concelho de Arganil, do qual fazemos parte dos Órgãos Sociais. Por acaso, o amigo Júlio visitou-nos na segunda-feira para bebermos umas ‘minis’ no Salão Social do Monte Frio e pormos a conversa em dia. As memórias do tio Adrião e a sua infância rural, no Porto da Balsa, veem sempre à baila. E a pergunta: quem se atreve agora a subir, a pé, aquele caminho da ladeira, do rio até à Camba?
Ah! Não podemos esquecer que Porto da Balsa é aldeia do nosso Fernando Pereira, o artista “Trovador da Beira Serra”, que lhe tem dedicado lindas canções.
O candidato Simões

Entretanto ficámos a saber que o nosso amigo Carlos Simões prepara-se para ingressar na vida política local, assumindo-se como próximo candidato à presidência da Junta de Freguesia de Fajão-Vidual. Com o lema “Crescer com Pampilhosa da Serra” e com o apoio do Partido Social Democrata (PPD/PSD, entidade política com grande implantação e poder nesta região), o Carlos Simões, figura incontornável e representativa de várias coletividades da região, está confiante numa vitória significativa para suceder ao Carlos Simão, atual autarca titular da vila de Fajão. Afinal, sendo assim, o Carlos mantém-se. É só uma questão de passar do singular (Simão) para o plural (Simões). E a campanha eleitoral está prestes a chegar. Boa sorte!
Texto: VÍTOR CÂNDIDO