ASSOCIAÇÃO FILARMÓNICA DE ARGANIL: 170 anos de dedicação marcados pela gratidão

Os presidentes da direção, da assembleia geral e vereadora da Câmara Municipal descerraram a placa de “reconhecimento e agradecimento a fundadores, dirigentes, maestros, filarmónicos e associados que, nestes 170 anos, cumpriram o desígnio de construir e honrar a Associação Filarmónica de Arganil”

No sábado, 15 de Julho, a Associação Filarmónica de Arganil comemorou o seu 170.º aniversário.

Herdeira das tradições da primeira Banda, fundada em 1853 pelo padre Manuel da Costa Vasconcelos Delgado “que teve a ousadia de criar um Banda em Arganil”, como disse o presidente da direcção, Miguel Ventura, das duas Filarmónicas que existiram depois “e que Alberto Figueiredo tão bem tem traduzido mas páginas de A COMARCA” e da fusão que tiveram em 1911 até à sua legalização em 1992 como associação e que acabou por dar lugar, com a actual designação, à Associação Filarmónica de Arganil mas que não deixa de ser, sobretudo para os mais velhos, a nossa Filarmónica Arganilense.

E ontem como hoje, a Filarmónica foi reconhecida. Basta entrar na sua sede social, na Casa do Povo, onde nas suas paredes se encontram placas, fotografias de dirigentes, filarmónicos, beneméritos e amigos que, ao longo destes 170 anos, deram (e continuam) a dar o melhor de si a esta casa, a esta instituição mais do que centenária e que, como disse a presidente da assembleia geral, Isabel Carvalho, “atravessaram várias gerações” e que “agora vimos recheada de jovens que vão continuar a manter bem viva a nossa Filarmónica”, deixando os “parabéns sinceros” e votos para “que esta vitalidade se mantenha por mais 170 anos”.

Agora e a juntar a todos os outros, nas paredes da Casa o Povo ficou mais uma placa de “reconhecimento e agradecimento a fundadores, dirigentes, maestros, filarmónicos e associados que, nestes 170 anos, cumpriram o desígnio de construir e honrar a Associação Filarmónica de Arganil”, que se deseja seja também para servir como exemplo aos mais novos, “sigam o exemplo dos mãos mais velhos”, como referiu Miguel Ventura, nomeadamente e de entre outros ali presentes, Manuel Moreira, Alberto Figueiredo, António José Figueiredo, Horácio Ribeiro, “que durante muitos anos envergaram a farda da Filarmónica”.

Recordados e homenageados todos aquele que já partiram e serviram a Filarmónica

Uma farda envergada e honrada por tantos que, até quase anonimamente, ao longo de tantos anos serviram a Filarmónica que, na comemoração dos seus 170 anos e pela primeira vez, não quis deixar de recordar e homenagear os que já partiram com a romagem ao cemitério onde e sentidamente, foram recordados (ver caixa) pelo antigo filarmónico e dirigente Alberto Figueiredo, em palavras também sentidas e de gratidão àqueles que “transmitiram o amor que a todos ligou e nos liga ainda a Filarmónica”.

“Conseguimos chegar aos 170 anos com a pujança, vitalidade e dinamismo que hoje apresentamos onde quer que nos desloquemos com o nosso estandarte”, disse, com orgulho, o presidente da direcção, sem deixar ter palavras de “muito apreço” ao maestro Pedro Carvalho, aos executantes, “vocês são a força que nos leva ao trabalho diário, no sentido de criarmos as melhores condições para o vosso trabalho. Vocês são a alma, a essência, desta Associação”, considerando que “um dos motivos pelos quais nos sentimos muito satisfeitos e tranquilos é termos conseguido, ao longo destes anos, dar cumprimento aquilo que foi uma das nossas prioridades, que era a aposta na nossa Escola de Música no sentido de renovarmos e rejuvenescermos as fileiras da nossa Banda, garantindo a sustentabilidade para o futuro”.

Miguel Ventura deu ainda a conhecer que, actualmente, a Filarmónica é composta por 52 executantes, “sigam o exemplo de algumas pessoas que aqui estão e que, durante muitos anos, envergaram a farda da Filarmónica”, ao mesmo que aproveitou para pedir que “Arganil nos ajude, no sentido de podermos renovar o instrumental, (…) esse é um dos nossos objectivos para este ano, no sentido de, por um lado, podermos ter instrumentos que deem a possibilidade de novos executantes entrarem na Banda e, por outro, renovar instrumentos que já estão ao serviço há muitos anos e que já necessitam de reforma”.

Os três novos executantes apresentados durante o concerto comemorativo de aniversário realizado na Praça Simões Dias

Agradecendo ainda “aqueles que se empenham na Escola de Música”, o presidente da direcção dirigiu-se, em particular, aos executantes mais novos, recordando que quiseram trazê-los a esta sala que “durante décadas, foi a sala de ensaios da Filarmónica”, uma vez que “essa transmissão dos valores faz-se também através destas paredes. (…) Estão aqui a ver um conjunto de pessoas, beneméritos que, ao longo dos anos, contribuíram e mereceram reconhecimento da AFA”, ao mesmo “que estão aí patentes fotografias de um conjunto de maestros que também se dedicaram muito à nossa Associação, dirigentes, nomeadamente presidentes da direcção das últimas décadas e a evolução da nossa Filarmónica ao longo dos anos. Estas paredes respiram história e hoje, aquilo que estamos aqui a fazer é história”, terminando por deixar agradecimentos “aos amigos da AFA, associados, cidadãos que nutrem um carinho muito grande por esta Associação e que também nos incentivam” e deixando ainda o propósito de que “queremos dar continuidade a este trabalho, (…) no sentido de perenizarmos e de deixarmos para o futuro vincado aquilo que estamos a passar neste dia, vamos descerrar uma placa que fique a evidenciar os 170 anos da Filarmónica”.

Em representação da Câmara de Arganil, a vereadora Elisabete Oliveira, congratulando-se com “a força deste concelho profundamente associada à capacidade e resiliência que as nossas instituições têm tido ao longo destes anos”, não deixou de reconhecer que “o Município tem o privilégio e o dever de acompanhar a actividade das instituições do concelho e que é central para aquilo que é o desenvolvimento de Arganil”.

Agradecendo aos filarmónicos, dirigentes e amigos da Filarmónica, Elisabete Oliveira pediu uma salva de palmas para “aqueles que estão aqui e que fazem o presente da Filarmónica, para todos os que hoje, de uma forma muito simbólica, estão nestas fotografias e que fizeram e fazem parte desta história e com que esta Associação seja tão digna e tão grande para o nosso concelho. É um enorme privilégio perceber que esta Associação tem futuro”, mostrando-se satisfeita porque “estamos a voltar a valorizar as Filarmónicas e perceber a importância que têm”, nomeadamente permitindo que “jovens tenham acesso a aprender a tocar um instrumento”, evidenciou o “compromisso” dos músicos para que todas “as celebrações sejam feitas nas nossas aldeias, nas nossas festas” e por fazer referência “à inovação” em termos de actividades levadas a efeito pela Banda, dando como exemplo o Estágio do Açor, terminando por salientar que “sem o profundo respeito e o reconhecimento por tudo o que foi feito não haverá construção do futuro”.

E este dia da celebração do aniversário e da gratidão ficou ainda marcado pela participação da Filarmónica na celebração da missa, na igreja matriz, também em memória de todos os que já partiram e com palavras de estima e reconhecimento do reitor de Arganil, padre Lucas Pio, a todos os que dedicadamente servem esta causa, seguindo-se o jantar de convívio na Casa das Colectividades e o magnífico concerto, na Praça Simões Dias, que contou com a participação da Filarmónica Ressurreição de Mira (que tocou os parabéns) durante o qual foram ainda apresentados três novos executantes, a Rafaela, o David e o Tomás, houve a troca de lembranças, tendo o presidente da direcção, Miguel Ventura, agradecido mais uma vez a todos “pelo carinho que dispensam à Filarmónica”, à Filarmónica convidada, aos autarcas e representantes da Federação das Filarmónicas do Distrito de Coimbra, Carlos Nobre, e das Filarmónicas do concelho, terminando por salientar que “tivemos um dia e uma noite fantástica”.