ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DE BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS ARGUS DE ARGANIL: Gratidão pelos 90 anos de “Vida por Vida”

Momento da bênção das novas viaturas, a grande prenda de aniversário dos Soldados da Paz arganilenses

No passado sábado, a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários Argus de Arganil comemorou, em festa, o seu 90.º aniversário, um momento marcante na vida da Associação com uma história (muito) rica de vida ao serviço de outras vidas e no cumprimento da sua nobre missão.

Uma vida que durante a sessão solene comemorativa do aniversário, não deixou de ser recordada pelo presidente da direcção, Pedro Pereira Alves, ao referir que “a Associação formou-se no interior da Sociedade Recreativa Argus, contra bastantes dificuldades e rivalidades”, mas que foram sendo ultrapassadas por homens como o dr. Albano Nogueira (mais tarde embaixador), tendo ainda “um papel especial do dr. Fernando Valle (primeiro presidente da direcção), dr. Ventura da Câmara, Frederico Simões (primeiro comandante) entre outros e que “após um longo período algo difícil, com o andar do tempo a Associação dos Bombeiros Voluntários Argus adquiriu prestígio” que, 90 anos depois, mesmo apesar dos também tempos difíceis que agora se vivem, “neste mar de dificuldades conseguimos sobreviver e preparar o futuro”, através de “um acréscimo do nosso património imobilizado para muito próximo do triplo, procurando criar os pilares da sustentabilidade económica financeira da Associação e lançando-se a ideia da construção de um novo quartel, ficando o antigo como um marco histórico para sessões solenes e eventos sociais e culturais e um Museu dos Bombeiros”.

Mas porque o futuro não deixa de estar alicerçado no passado, Pedro Pereira Alves não deixou de recordar também e de entre outros, grandes homens como o comandante João Castanheira Nunes, “grande obreiro da construção do quartel”, sem deixar de destacar ainda “o empenho de A COMARCA DE ARGANIL na campanha de angariação de fundos” (recorde-se que A COMARCA é Medalha de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses), os dedicados comandante Eduardo Ventura, o presidente da direcção, dr. António Pereira Alves, o 2.º comandante António Pereira Pinheiro, numa palavra todos aqueles que, ao longo de 90 anos, serviram a nobre causa dos Bombeiros, deixando os agradecimentos a todos, autarquias, empresas, amigos que apoiam a Associação e “a todos os bombeiros que acabam de ser distinguidos pelo seu mérito, assiduidade antiguidade com os Crachás de Ouro e as medalhas respeitantes aos 30, 25, 20 3e 15 anos” e “a todo o Corpo Activo”, deixou “os parabéns e o nosso reconhecimento”.

Crachás de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses

E este reconhecimento, o “pagamento” aos bombeiros, não deixou de ser outro dos momentos marcantes da festa dos 90 anos, com a entrega de Crachás de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses ao comandante Fernando Gonçalves e aos subchefes Mário Carvalho, João Paulo Fernandes Costa e João Paulo Pinto Costa, o bombeiro de 1.ª Mário Loureiro foi agraciado com a Medalha de Dedicação e Altruísmo, sendo também agraciados os bombeiros que se dedicaram ao apoio e socorro das Jornadas Mundiais da Juventude representados pelo adjunto de comando António Tavares Pinto, subchefe João Batista Paiva e bombeira de 3.ª Liliana Neves Castanheira, bem como os bombeiros que dedicaram o “seu tempo e esforço” ao transporte de doentes durante a pandemia representados pelo 2.º comandante Nuno Castanheira, chefe Manuel Gabriel Ferreira dos Santos, subchefe Rui Quaresma, bombeiro de 1.ª João Videira, bombeiro de 2.º Bruno Dias Rodrigues e bombeira de 3.º Leonor Fernandes. Foram também promovidos a bombeira estagiária Cristiana Neves a bombeira de 3.ª e a bombeiros de 1.ª Luís Tiago e Joel Quaresma.

A grande prenda de aniversário

Mas se foi muito importante o reconhecimento aos bombeiros, as promoções, não deixaram de ser importantes e significativas as prendas recebidas em dia de aniversário da Associação, três novas viaturas, um veículo florestal, um veículo de comandando e uma ambulância que, benzidas pelo reitor de Arganil, padre Lucas Pio, vêm enriquecer o parque auto e contribuir para que os Soldados da Paz arganilenses possam continuar a melhor cumprir a sua missão.

Tomada de posse do novo capelão dos Bombeiros

Uma missão para a qual não deixa de ser importante a presença de um capelão, o padre Lucas Pio, “figura simbólica, mas importante” que, por decreto do Bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, foi nomeado capelão da Associação dos Bombeiros Voluntários Argus.

“É uma alma nova que vai entrar nesta casa”, como foi referido, depois de lido o auto de posse do padre Lucas Pio como capelão dos Bombeiros de Arganil e que, sem deixar de agradecer também o honroso convite para fazer parte daquela casa, deixou o compromisso de cumprir e honrar a missão que lhe foi confiada ao serviço dos Soldados da Paz arganilenses.

“Hoje é um dia grande desta Associação”, começou por considerar o presidente da assembleia geral, António Carvalhais da Costa, “é um dia dedicado a vocês, homens e mulheres que dão a vida por outras vidas”, sem deixar de saudar também e agradecer a presença de todos os convidados presentes e de salientar que, recordando o seu pai “que foi bombeiro, (…) tenho o maior orgulho de pertencer a esta Associação”. 

Uma Associação que, como considerou o comandante do Corpo Activo, Fernando Gonçalves, “tem sido o pilar de segurança, coragem e solidariedade para a nossa comunidade” e, por esse facto, “este é um momento de orgulho e, sobretudo, de profunda gratidão a todos aqueles que, ao longo de quase um século, dedicaram as suas visas ao serviço do próximo”.

E depois de salientar que “a história dos Bombeiros dos Bombeiros de Arganil é construída sobre valores fundamentais como altruísmo, bravura e espírito de união”, Fernando Gonçalves agradeceu “aos bombeiros que, ao longo destes 90 anos, enfrentaram adversidades e desafios, muitas vezes arriscando as suas próprias vidas para proteger a dos outros”, considerando que “a sua coragem e resiliência são uma fonte de inspiração para todos nós”, expressando também a sua gratidão à comunidade “que sempre esteve ao lado dos nossos bombeiros”, bem como instituições, empresas e associações locais.

 “O Corpo de Bombeiros Voluntários de Arganil tem demonstrado um profissionalismo exemplar na resposta às inúmeras solicitações de emergências, sejam acidentes ou incêndios”, salientou o comandante, que não deixou de considerar que “a Escola Nacional de Bombeiros desempenha um papel indispensável no desenvolvimento e capacitação dos bombeiros em Portugal, (…)  porque não uma parceria entre o Corpo de Bombeiros Voluntários de Arganil e a Escola Nacional de Bombeiros para o fortalecimento das competências dos nossos operacionais”, dizendo por isso que gostariam de contar com o apoio da Escola para “o desenvolvimento de conteúdos formativos específicos que respondam às necessidades técnicas e operacionais dessas iniciativas”, terminando por recordar a colaboração com os Bombeiros do Luxemburgo na formação de incêndios florestais e o projeto de investigação com a Universidade de Coimbra, “Dinâmica Demográfica e Incêndios Florestais” e ainda o projecto Firelines com a Universidade de Coimbra, que tem como objectivo central, “melhorar a gestão do risco de incêndios rurais na Europa” e por considerar que “juntos somos mais fortes, juntos protegemos Arganil”.

“Os Bombeiros são a verdadeira razão que aqui nos trouxe”, começou por dizer o presidente da Escola Nacional de Bombeiros, Lídio Lopes, e porque “queremos uma nova Escola dos Bombeiros em Portugal”, aceitou o repto deixado por Fernando Gonçalves porque “esta Escola é a autoridade pedagógica para a formação de bombeiros em Portugal, que transforma estagiários em bombeiros”, terminando por dar a conhecer o inicio o 1.º curso de telecomunicações avançadas e por referir que “defendo o sonho de existir em cada bombeiro um formador” e que a formação deveria ser cada vez mais descentralizada porque, “nosso lema é saber para servir”.

O vice-presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra (e comandante dos Bombeiros de Oliveira do Hospital, Emídio Camacho, recordando que nos últimos vinte anos houve uma redução de 39,3% no número de bombeiros e bombeiras no país e que alguns dos Corpos de Bombeiros já sentem essa redução “com grande acuidade”, não deixou de salientar que a região de Coimbra “é hoje a terceira força a nível nacional com o maior número de bombeiros e bombeiros no quadro activo, somente ultrapassada e apenas em número pelas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto”, sem contudo deixar de se referir a “situações por resolver e preocupantes para todos nós”, como a “falta de carreira profissional para os bombeiros”, bem como “o respectivo regime remuneratório” e o “estatuto de voluntariado. São necessárias decisões efectivas e coerentes que resolvam pelo menos quatro questões, a carreira profissional, o voluntariado, reequipamento e financiamento”, terminando por considerar que os Bombeiros de Arganil “são para todos nós uma referência histórica e um exemplo diário de elevada qualidade a nível nacional, reconhecida principalmente pelo seu superior desempenho, rigor, exigência, disponibilidade e resiliência, na dedicação às populações que servem e serviram… um marco de profundo orgulho para o concelho, para os seus habitantes e para a região, mas também para a Federação de Coimbra”.

O presidente da mesa dos Congressos da Liga dos Bombeiros Portugueses, Gil Barreiros, depois de destacar o papel da Escola Nacional de Bombeiros, “aquilo que a Liga quer é a formação dos bombeiros que temos de consolidar” e que “a Escola seja uma Academia e tenha o nome dos Bombeiros, (…) pela importância que temos não queremos continuar a ser coitadinhos”, destacou as distinções recebidas e particularmente os Crachás de Ouro, felicitando todos os distinguidos e fazendo votos para que o novo capelão “tenha uma acção profúcua” ao serviços dos Soldados da Paz arganilenses.

O Comandante Sub-regional de Emergência e Proteção Civil da Região de Coimbra, Carlos Tavares, começou por felicitar os Bombeiros de Arganil pelo seus 90 anos,, para referir depois que “o nosso coração continua profundamente amargurado com o desaparecimento dos nossos colegas de Vila Nova de Oliveirinha, a Sónia, a Susana e o Paulo, muito embora saibamos que a sua coragem, dedicação e sacrifício permanecerão para sempre nas nossas memórias”, para destacar e reconhecer depois o comandante Fernando Gonçalves, “a sua disponibilidade e capacidades técnicas/operacionais associadas á sua visão de comando, nas diferentes ocorrências na nossa região” e ao mesmo tempo a “excelente articulação” com esta comunidade, bem como com a Federação Distrital de Coimbra e os demais APC, terminando por felicitar “todos os que hoje foram justamente condecorados e promovidos”, desejando-lhes “felicidades e que continuem motivados com este reconhecimentos. Viva os Bombeiros de Arganil. Vivam os Bombeiros da Região Centro e de Portugal”.

 “É com muito orgulho e gratidão que represento a Câmara Municipal nesta data tão importante para a vida dos Bombeiros, mas também da comunidade, porque é também uma vida de partilha e entrega a toda esta região e, particularmente ao nosso concelho, são noventa anos de dedicação e serviço à comunidade”, começou por referir o presidente (e primeiro responsável da Proecção Civil concelhia), Luís Paulo Costa, para considerar depois que “Arganil muito deve a esta instituição que durante estes noventa anos deram de si em prol da comunidade”, acrescentando ainda que sempre se habituou “a ver em cada um dos bombeiros pessoas incansáveis, heróis anónimos que tantas vezes colocam a sua vida ao serviço das outras vidas e isso merece naturalmente o nosso reconhecimento”.

“Não há nenhum bombeiro que não tenha características como sejam a coragem, abnegação, profissionalismo, independentemente do voluntariado, é algo que é inerente aos bombeiros e isso tem que merecer o nosso reconhecimento publico”, disse ainda o presidente da Câmara Municipal, deixando a garantia que “dentro daquilo que são as nossas responsabilidades e possibilidades, (…) quer os Bombeiros de Arganil, quer os de Coja, podem contar com o apoio do Município”.