A quatro dias do Grupo Desportivo Vasco da Gama iniciar mais uma época futebolística, o presidente do clube de Candosa assume que quer o “Vascão” a fazer, pelo menos, um campeonato semelhante ao da época passada. Aquele responsável não revela datas, mas mostra-se confiante quanto à concretização das obras no Campo de S. Vicente.
A COMARCA DE ARGANIL (CA): Esta sua eleição resulta numa troca entre presidentes. A que se deveu esta troca e porque decidiu assumir o cargo?
CARLOS FONSECA (CF): Há dois anos atrás, quando assumimos os destinos do clube, os meus colegas de direcção propuseram-me o lugar de Presidente. Na altura, tive a humildade de ficar em Vice-Presidente e propor o Vicente para Presidente.
Na eleição realizada recentemente, com a mesma humildade, decidi assumir o cargo de Presidente, primeiro porque no último jogo disputado no concelho de Mora, contra o Cabeção, a contar para a fase nacional, essas mesmas pessoas convidaram-me novamente para assumir a presidência da nova direcção. Segundo, aceitei pelo amor que tenho a este clube e essencialmente à minha terra, com o intuito de dar continuidade ao trabalho até agora realizado, embora difícil, mas positivo.
CA: O que sente ao assumir o cargo de presidente de um clube tão carismático?
CF: Assumir o cargo de Presidente do “Vascão”, é um orgulho enorme por diversas razões. Como já referi anteriormente, trata-se de um clube que amo desde sempre (que faz falta à minha terra, como qualquer Associação seja de que natureza for), no qual iniciei a jogar ainda muito jovem. Prescindi de jogar em outros clubes onde seria remunerado, para jogar neste enorme clube, onde tinha os meus amigos e por ser a minha terra. No último biénio, com uma equipa de jogadores de qualidade e com responsabilidade, dignificou o nome da Freguesia de Candosa, bem como o concelho de Tábua.
No entanto, quero salientar que é um orgulho contribuir para manter este clube no activo, independentemente do lugar que ocupo, até porque, já fiz questão de salientar perante os meus colegas, de que institucionalmente sou o responsável máximo, mas nas decisões, somos todos iguais, não sou superior a ninguém, porque as pessoas valem pelo tempo que dedicam ao clube, pela sua humildade, e não pelos cargos que ocupam.
CA: Sente que a pressão sobre o presidente é também maior depois dos sucessos desportivos alcançados neste último biénio?
CF: Pessoalmente, não vejo que a pressão seja maior depois dos sucessos desportivos alcançados no último biénio, visto que a pressão, na minha perspectiva, está sobre todos os directores, porque todos ambicionamos bons resultados desportivos. Nos últimos dois anos, confesso-lhe que dormia muito mal em todos os fins-de-semana que se realizavam jogos.
Concordo que a pressão aumente sobre o Presidente, no que concerne na resolução de outros problemas, que não desportivos, e tenho a consciência que nos próximos dois anos, vou estar sobre muita pressão para solucionar problemas de vária ordem, alguns do conhecimento geral, com os quais este clube se depara.
CA: Quais vão ser os seus principais objetivos para este mandato?
CF: Alguns objectivos para este mandato foram delineados em direcção. A exemplo do que referi anteriormente, esses objectivos foram traçados com base na opinião de todos.
Em termos desportivos, ambicionamos fazer um campeonato semelhante ao anterior, neste momento temos uma equipa com muita qualidade, e, com tal, se for possível, vamos tentar fazer melhor.
Relativamente ao melhoramento das infra-estruturas, sei o caminho a percorrer, estou a trabalhar nesse sentido.
Quando as dificuldades deste clube são enormes, por diversas razões, não é fácil atingirmos os objectivos pré-definidos e posso-lhe referir apenas um exemplo: a roupa dos jogadores dos jogos de domingo, é lavada em minha casa e de outro director (Vicente), porquanto seria inviável económicamente pagar a alguém que fizesse este tipo de trabalho.
CA: Sente que as tão faladas obras de melhoramento no campo de S. Vicente vão ser concretizadas enquanto for presidente?
CF: No que diz respeito às obras de melhoramentos do Campo de S. Vicente, como já referi, sei aquilo que quero para este clube, já estou a trabalhar nesse sentido com o Vereador do Desporto, Senhor Dr. Ricardo Cruz.
Todos sabemos que a crise económica tem afectado quase todos em geral, e as intituições publica/privadas, não são excepção, porém, relativamente a este assunto, foi elaborado um projecto de todas as infra-estruturas, e definir qual o destino de cada sector. O Presidente da Câmara Municipal de Tábua, senhor Mário Loureiro, a Vice-Presidente senhora Dr.ª Paula Neves e o Vereador do Desporto senhor Dr. Ricardo Cruz, têm conhecimento das nossas dificuldades, sabem o que é prioritário para o nosso clube, e posso afirmar de que estão empenhados em iniciar as obras de melhoramentos. Pessoalmente, estou confiante de que obras em causa, a M/L prazo se vão realizar, na medida por se tratar de pessoas competentes, bons gestores, pessoas de palavra, honestas.
Por falar em ajuda da Câmara Municipal de Tábua, é importante salientar de que no último biénio, a Câmara Municipal sempre colaborou com o nosso clube, nomeadamente na atribuição de subsídio, cedência do Pavilhão de Candosa durante todo o campeonato, Estádio Municipal para treinar, transporte nas deslocações mais longinquas e alguma mão-de-obra com pessoal especializado em diversas áreas.
Também queria agradecer ao Presidente da Junta de Freguesia de Candosa, Senhor José Cardoso, pelo apoio que tem dado ao clube, não tenho nenhum receio em afirmar que, sem o apoio da Junta de Freguesia, não seria possível manter o clube em actividade. Para além do subsídio, cede as viaturas para transporte dos jogadores nos jogos realizados fora, faz a manutenção do campo de futebol, no que diz respeito ao corte de erva, entre outros trabalhos que vão surgindo e que têm de ser resolvidos num curto espaço de tempo.
CA: O que pode prometer aos adeptos do Vascão para esta época?
CF: O que posso prometer aos adeptos do “Vascão”, é trabalho. Só com trabalho, será possível manter o clube activo. Bons resultados desportivos não se devem prometer, é subjectivo estar a prometer uma boa época com bons resultados desportivos, trabalhamos com o objectivo de formar uma equipa com qualidade, mas no futebol, nem sempre quem joga bem ganha, e a ideia que no Campeonato da Inatel é só “pontapé para a frente” não é verdade, nem pudemos generalizar, até porque gostava de ver jogar muitas equipas da distrital com algumas da Inatel. Hoje em dia, face às dificuldades económicas, os clubes têm de militar no Campeonato do Inatel. Também penso que se subestima demasiado a Instituição Inatel, basta analisar os serviços que esta instituição presta à sociedade para além do Desporto e, se o objectivo é promover a prática desportiva, nós estamos a fazer esse serviço, ou seja, permitimos a prática desportiva a quem gosta de praticar desporto, sem qualquer tipo de contrapartida.
Neste clube as dificuldades económicas são enormes, sei que o caminho a percorrer é difícil, como tal, não consigo aceitar a crítica de pessoas que colocam em causa um director de uma colectividade desempenhar simultaneamente também um cargo politico. Este tipo de critica também serve para mim, dado que também sou Vice-Presidente (Secretário) da Junta de Freguesia de Candosa. No entanto, a única incompatibilidade que tenho constatado é ter de gastar dinheiro do meu bolso, em prol do clube, ao fazer 180 e 200 km na minha viatura em alguns jogos mais distantes, lavar roupa em casa, etc.
Para concluir, agradecer a todos os nossos simpatizantes, sócios, Junta de Freguesia de Candosa, Câmara Municipal de Tábua, Grupo Desportivo Tabuense e Tourizense, Pastelaria Nova Flor, conterrâneos radicados no Brasil e diversos paises da Europa, Carlos Martinho, ao nosso massagista João Marques Ferreira, ao meu tio Nelson, aos cozinheiros, a todas as pessoas que aceitaram o meu convite para integrarem os corpos socias, ao técnico José Rui, e por último aos nossos jogadores que aceitaram jogar neste clube.
Muito obrigado a todos.
