No passado dia 27 de Maio, a Comissão de Melhoramentos do Casal do Frade comemorou o 68.º aniversário da sua oficialização.
Fundada por volta nos anos 30, por iniciativa de um grupo de naturais a residir em Lisboa, só em 1955 é que foi oficializada a Comissão de Melhoramentos do Casal do Frade e, ao longo destes anos, mesmo apesar de algumas interrupções pelo meio, sem qualquer actividade durante cerca de 17 anos, mesmo assim e por amor à pequena aldeia, algumas pessoas não deixaram apagar a chama acesa pelo grupo fundador, honrando-o e, com mais ou menos dinâmica, arregaçaram as mangas e manifestaram a sua disponibilidade para, “com iniciativa e força de vontade”, voltar a dar vida à colectividade, como é o caso da actual direcção, liderada por uma jovem, a Mónica Bandeira.
Há quatro anos à frente da direcção, o brilho dos olhos de Mónica Bandeira era disso testemunha, da “força de vontade”, do amor pelo associativismo e pela pequena aldeia onde tem as suas origens, e com ela a equipa unida, jovem, da qual e de entre outros, fazem parte mais duas mulheres, jovens, a Patrícia Rita, como secretária, e a Mariana Branco, como tesoureira, e todos juntos e a remar no mesmo sentido, conseguem manter viva e dinâmica a “sua” Comissão, nas muitas iniciativas que realizam ao longo do ano e desde há alguns anos.
Desde a festa em honra da padroeira, Nossa Senhora da Piedade, até às participações nas Feiras das Sopas, na Feira da Freguesia, passeios, jantares convívio e almoço anual, tibornada, magusto, saltar as fogueiras, caminhadas, agora as obras no recinto da festa “este ano já temos piso para dançar” são, de entre outras, iniciativas e participações da Comissão de Melhoramentos que agora também, no almoço de aniversário, contou com a “prata da casa” e como os produtos da terra na sua confecção e a servir as muitas pessoas que, de longe e de perto, encheram a sede e vieram participar e saborear a tradicional (e deliciosa) sopa do Casal do Frade e o farto cozido à portuguesa, sem esquecer as típicas sobremesas trazidas por pessoas amigas.
Além das muitas pessoas e de representantes de colectividades congéneres e amigas, participaram ainda no almoço o vereador da Câmara Municipal, Filipe Frias, e o presidente da Junta de Freguesia de Pombeiro da Beira, Vítor Pedroso, que não deixaram de enaltecer o querer e dinâmica daqueles que integram a direcção, a união e a força do associativismo capaz de manter viva e activa a Comissão de Melhoramentos, deixando os parabéns pelos seus 68 anos, com votos para que continue, por muitos mais anos, com esta dinâmica e ao serviço do progresso, desenvolvimento e divulgação do Casal do Frade.
Para isso e como reconhece a presidente da direcção, a Comissão de Melhoramentos tem contado sempre como os apoios da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal, dos casalfradenses e amigos sempre disponíveis para ajudar e para participar nas actividades desenvolvidas, recordando que foi um grupo de jovens, de amigos do Casal Frade, que decidiu fazer “um almoço, correu bem, fez-se uma festa, toda a gente veio recordar e, desde aí, decidimos então reabilitar a casa, que se encontrava fechada”. O “pontapé e saída” foi dado Daniel Barata, ”também um jovem da terra que nos ajudou a juntarmo-nos novamente” e que a antecedeu na presidência da Comissão de Melhoramentos.
“Além do almoço, fizemos a festa anual em honra da nossa padroeira, Nossa Senhora da Piedade”, disse ainda Mónica Bandeira, e a partir daí toda a dinâmica que, nestes últimos anos, tem levado este grupo de jovens (e até menos jovens), a fazer obra, iniciativas sempre a pensar não só no bem-estar das pessoas da aldeia, mas também em atrair outras, no convívio e no encontro, “temos sempre projectos”, agora e além da recuperação do “nosso recinto da festa que se encontrava muito degradado e que queremos inaugurar no dia da nossa festa”, também “queremos finalizar a nossa sala de reuniões para criar um espaço mais digno para nos reunirmos e para o nosso arquivo, temos ainda algumas portas e janelas degradadas e queremos angariar alguns fundos para as reparar e para começar a requalificar a nossa casa (sede), pintar por fora, além de outras necessidades que vão sempre sempre surgindo, de obras a fazer na nossa aldeia”.
“Pelo menos uma vez por mês temos uma actividade que nos permite estar juntos”, referiu a presidente da direcção, acrescentando também que “depois das nossas reuniões, no final, temos o nosso momento de lazer para usufruímos da companhia uns dos outros. O segredo não sei qual é, só sei que é o amor à terra que nos move. Ontem e mais uma vez, foi a prova disso, para realizar este almoço, além da equipa, voluntária de cozinheiros, a Fernanda, a Cristina, o Tó Zé e o Zé Ferreira, são os nossos cozinheiros e o pagamento deles é saber se tudo está bem, toda a gente se disponibilizou para vir ajudar, os filhos de alguns membros da Comissão que já vem tomando o gosto e que depois, no futuro, serão eles a pegar nisto. É muita união, criamos um grupo coeso, unido, que nos dá força para continuar a trabalhar e com todos a trabalhar para a mesmo lado. Ninguém aponta o dedo ninguém, ninguém olha para o outro que faz mais ou faz menos”.
E se ontem as Comissões de Melhoramentos foram criadas com o objectivo de fazer os melhoramentos básicos nas aldeias, hoje e apesar dessa responsabilidade ser das autarquias, “continuam a ter razão de existir, são fundamentais numa aldeia, como a nossa”, como considera Mónica Bandeira, porque e como referiu, “a população está cada vez mais idosa e muitos de nós não vivemos aqui, mas mesmo assim temos o gosto de aqui vir, ainda cá estão os nossos avós, os pais, a família e a Comissão acaba por ser o grande ponto de encontro e de convívio entre todos e até trazer algumas pessoas que já há anos não vinham à aldeia”.
Pensando no futuro e além das obras já citadas, a presidente da direcção deu também a conhecer que “temos uma fonte antiga que queremos recuperar, sabemos que agora também há um projecto da freguesia para a reabilitação das fontes da freguesia, que eram também os pontos de encontro das pessoas, onde namoravam e nós tentamos que essas memórias não se percam, tanto que criamos ali o nosso espaço de lazer, com uma churrasqueira e que resultou de uma doação uma casa degradada que nos foi feita e que agora voltou a ser um espaço agradável, de convívio, como era antigamente”.
Três frades dão as boas-vindas nas entradas da aldeia
Também a reabilitação da zona da antiga escola primária, “já falámos até num parque infantil”, é um dos propósitos da direcção, disse a sua presidente, “está tudo em aberto, de vez em quanto surgem ideias”, mas agora é a organização e a preparação da festa anual que está a ser feita e que se vai realizar no último fim-de-semana de Julho, “é um trabalho que nos dá prazer, são três dias cansativos mas cheios de prazer” e só assim é possível toda esta dinâmica, todo este amor que consegue milagres, sob a bandeira da Comissão de Melhoramentos, que não deixou de contribuir também para as esculturas dos três frades, à entrada da aldeia, que surgiram “de uma proposta de um jovem que veio de Lisboa e que na altura estava cá a residir e que agora se constituem como mais um ponto de atracção, muita gente passar e tira uma fotografia com os nossos frades”.
Segundo reza a lenda, um frade foi um dos habitantes entre a pequena população da aldeia e por “serem pessoas com algum nível cultural, por se dedicarem aos estudos bíblicos e aos ensinamentos de Deus, eram muitas vezes uma espécie de professores para os habitantes das aldeias onde residiam. O nosso frade não era excepção e há quem diga que foi ele que ajudou os habitantes do pequeno povoado a falarem o Português ‘correcto’ com toda a sua sabedoria e engenho”. E acabou por dar o nome à aldeia, Casal do Frade.
Embora reconhecendo que “não é fácil”, Mónica Bandeira disse ainda que, mesmo assim, a direcção a que preside, continua com “vontade e união para fazer mais e melhor, para fazer uma grande Comissão de Melhoramentos”.