COJA (Arganil): Câmara responde “nim” a pedido de apoio dos Bombeiros

Os dirigentes dos Bombeiros Voluntários de Coja estão atónitos quanto à resposta do Executivo camarário em relação ao pedido de “apoio extraordinário” solicitado pela Direcção da Associação Humanitária.

Em causa está a recuperação da operacionalidade do Quartel-sede e da Secção de Pomares; a aquisição de um edifício na vila de Coja (para colocar o espólio da Associação e que homenageia os fundadores e os bombeiros que faleceram em serviço) para futuro museu e para sala de formação; e por sobrelotação no actual Quartel (…) «pedimos também apoio para fechar a cobertura do parque-auto» de forma a ganharem um “espaço polivalente” para aulas de educação-física. «Quando chove é complicado aquela actividade, ainda mais agora com a EIP (Equipa de Intervenção Permanente)», relataram à A COMARCA o presidente e vice-presidente da Direcção.

Segundo o vice-presidente Paulo Silva, o pedido foi efectuado à autarquia (…) «ainda em fase de discussão, antes do Orçamento ser aprovado em reunião», contudo, acrescentam (…) «a resposta da Câmara Municipal de Arganil ao nosso pedido foi… um “nim”, e apesar do senhor presidente da Câmara agradecer, é uma mão de nada e outra de coisa nenhuma», lamentam.

Embora estranhem a resposta, Jorge Matos Silva e Paulo Silva lembram que o Orçamento e o Plano de Actividades da Associação Humanitária (…) «é feito também em função das verbas que a Câmara disponibiliza às associações», mas (…) «verificámos a existência de alguns valores – inscritos no Orçamento Municipal – adstritos à Protecção Civil que nos deixam curiosos», e explicam que as duas EIP’s – Coja e Arganil – (…) «têm um custo directo da Câmara de cerca de 60 mil euros (30 mil euros/cada) correspondentes a 50% do valor» porque, acrescentam, o restante é pago pela ANPC (Autoridade Nacional de Protecção Civil).

«Com isto queremos dizer que a Câmara teria que inscrever no Plano de Actividades para os próximos três anos, 60 mil euros – custo da EIP – mas inscreveu para 2019, 135 mil euros; para 2020, 135 mil euros; e para 2021, 135 mil euros». Ou seja, (…) «inscreveu a mais 75 mil euros», que correspondem à diferença de 60 mil para 135 mil.

Sublinhando que a Matemática é uma ciência exacta, Paulo Silva “denuncia” que 75 mil euros vezes três anos dá 225 mil euros (…) «exactamente o valor necessário e que foi solicitado pelo presidente da Associação de Bombeiros de Arganil, numa reunião de Câmara de Arganil – em que nós também estivemos presentes – para a aquisição do edifício [casa Saúl Brandão]», recentemente adquirido.

«É uma coincidência!?» questiona, acrescentando que (…) «nós ainda não conseguimos perceber por que é que o Protocolo EIP refere 30 mil euros a cada Associação», ao mesmo tempo que explica (…) «se dividirmos 135 por cada ano por duas associações, estamos a falar em 67.500 euros/ano a cada Associação. Mas a nós, Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coja, só nos é transferido cerca de 30 mil euros relativo ao custo que a nossa EIP representa para a Câmara», alerta.

«Tentámos e ainda estamos à espera de perceber esta diferença. Como é que nos vai chegar, porque não faz parte do protocolo. O nosso protocolo não refere estes valores», assegura. «Entretanto verificámos que para o que nós pedimos – adaptar o Quartel-sede, a Secção de Pomares e o edifício que pretendemos adquirir – não há verba nenhuma inscrita».

Sem dúvidas, Paulo Silva é claro: «Portanto a carta é um “nim”, e de acordo com o PA (Plano de Actividades), que já foi aprovado em Reunião de Câmara deixa-nos preocupados, mas ao mesmo tempo também curiosos de saber como é que esta verba vai ser distribuída uma vez que refere especificamente “Protocolo EIP”, não refere “outros apoios”».

«Temos aqui um receio que resguardamos para nós, mas iremos estar sempre atentos porque os três anos têm um encargo de 405 mil euros para a Câmara – supostamente para o Protocolo EIP – quando na realidade é 180 mil euros», alertam.

Recorde-se que após as declarações dos dirigentes da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coja, teve lugar no último sábado, dia 29, a sessão da Assembleia Municipal onde as GOP (Grandes Opções do Plano) e Orçamento foram aprovados pela maioria PSD, com 6 votos contra e 6 abstenções, e 7 votos contra e 4 abstenções – relativamente àqueles dois pontos da Ordem de Trabalhos – por parte dos deputados eleitos pelo PS e CDU.