
A icónica fotografia do médico, político, republicano, membro da Maçonaria e um dos fundadores do Partido Socialista português, Fernando Baeta Cardoso do Valle, que durante anos esteve exposta no cafetaria Havanesa, em Coja, foi agora doada pela família à Editorial Moura Pinto.
A cerimónia do descerramento da fotografia aconteceu a 25 de Abril no Espaço Fernando Valle, propriedade da editora na vila de Coja, e contou com a presença de familiares, amigos e antigos proprietários do café.
Coube a Rui Tavares (antigo proprietário da Havanesa) e a Mário Valle (filho do médico) explicar a história da foto até ao presente, ficando-se a saber um pouco do quotidiano e da rotina de Fernando Valle depois de se ter aposentado e de ter deixado – apenas na prática – as lides políticas em que se destacou e foi figura de primeira linha.
Começando por agradecer à família Feteira o facto de ter doado a fotografia, Mário Valle, homenageou por isso, a família Feteira e todos os antigos funcionários da cafetaria, por, aquando do seu encerramento, não se terem esquecido dela e a terem “devolvido” à família do médico.
Contudo, acrescentou, a família entendeu que o seu lugar não deveria ser num local privado, mas, pelo contrário, num espaço que em que a mesma pudesse ser vista por todos, escolhendo para isso o espaço da Editorial Moura Pinto.
A foto, como é identificável, plasma o hábito de Fernando Valle – sentado, de lupa a ler o jornal. «Era o habitat natural de todos os dias: galão, torrada, jornal O Público», revelou Rui Tavares.
Homenagem a dois Capitães de Abril

O dia – 25 de Abril – foi também momento para a Editorial Moura Pinto homenagear dois Capitães de Abril: Rúben de Almeida Mendes Domingues (Cerdeira – Arganil) e Joaquim Augusto Ferreira Marques (Tábua).
O reconhecimento prende-se com o contributo que ambos tiveram – em conjunto com todos os obreiros do 25 de Abril – na revolução.
E foram esses valores que o capitão Ferreira Marques evidenciou, acrescentando sentir-se (…) «honrado por ter participado no 25 de Abril e na construção da Liberdade e da Democracia», contando parte do seu percurso militar, onde fez diversas comissões de serviço nos antigos territórios portugueses de Moçambique e Angola, e mais tarde, já após o 25 de Abril, na Direcção da Arma de Engenharia.
O agora coronel Ruben Domingues, mais do que recordar o seu percurso militar, admitiu que foi com Fernando Valle (…) «que aprendi o que é a Liberdade e a Democracia». «Foi um grande mestre», disse.
Indo mais longe, Ruben Domingues declarou que (…) «Moura Pinto e Fernando Valle, são eles que devem ser homenageados» porque (…) «foram eles os obreiros disto… da Liberdade e da Democracia».