Em Portugal e por essa Europa fora muitas foram as manifestações a preencher o dia e a levar às ruas e praças das grandes cidades milhares de pessoas, na hora que passa, mais para contestarem que para comemorarem este dia que, efectivamente, devia ser de festa para o Trabalhador.
Porém, olhando a situação que os países da Europa e muito particularmente o nosso atravessam em termos de trabalho, com a escalada do desemprego a galopar a olhos vistos e a atingir números nunca de antes alcançados, este “Dia do Trabalhador”, do ano em curso, devia ser apelidado de “Dia do Desempregado”. É realmente alarmante a situação que se vive no que se refere ao emprego, porque o que, neste momento, está em causa não são as condições de trabalho. São a falta deste, o desemprego, que geram angústia e levam ao desespero de muitas famílias a ponto de já haver situações extremas a lamentar, como seja a do suicídio de chefes de família que não conseguiram suportar por mais tempo este flagelo.
Este “Dia do Trabalhador”, (e ao dizer este refiro o deste ano), deveria levar todos os responsáveis dos governos dos vários países a reflectirem seriamente neste gravíssimo problema do desemprego, na procura de soluções para ele, na equação de medidas para o superar tão rápido quanto possível. Porém, o que vemos é uma postura de indiferença face ao desemprego, por parte de quem tem e manda no grande capital e cuja preocupação única são os seus interesses próprios e não os dos que são desrespeitados nos seus direitos. E o direito ao trabalho e à justa remuneração é um deles. E não os menos importantes.
Entre nós, este “Dia do Trabalhador” vem na sequência do feriado do 25 de Abril, do Congresso do Partido Socialista e das constantes visitas da indesejada troica. Muito se tem falado, talvez de mais, mas pouco ou nada que traga algo de novo para a solução dos problemas que vivemos em Portugal e nos mergulham nesta crise que, por mais que se diga o contrário, não tem fim à vista. Para já. E não venham com a cantiga das alternativas. A alternativa, no que concerne a um Governo, não está neste ou naquele Partido político. Nenhum deles, na minha modesta opinião, se apresenta como alternativa a qualquer outro. A situação económico-financeira e social do nosso país é tão grave que a alternativa, como já o afirmei na Nota da semana passada, está num Governo de “salvação nacional”, que integre personalidades de todos os quadrantes políticos, com saber e competência para gerir o país e nos levar a um patamar de progresso e estabilidade. Dir-me-ão: pois mas para isso é necessário haver consensos. Claro que é. E aqui é que está o embaraço. Os Partidos, numa ânsia desenfreada de poder, rejeitam os consensos. O senhor Presidente da República, no seu discurso do dia 25 de Abril, em vez de lançar pontes para o consenso, abriu brechas no caminho e fez radicalizar e extremar mais as posições partidárias. Deste modo, a situação está complicada e mais complicada ainda quando todos nos apercebemos das divisões que já se notam no seio da coligação que sustenta o Governo e dentro do próprio Governo.
Passou mais um “Dia do Trabalhador”. Infelizmente, no nosso país e por essa Europa fora, ele foi mais o “Dia do Desempregado” que propriamente do Trabalhador.