É uma exclamação que se ouve a cada passo: só nos vemos nas horas tristes, por exemplo num funeral. É verdade. Mas isso significa que houve alguém que granjeou a estima e amizade de muitos amigos que agora se lamentam por aquele que perderam
Isso mesmo sucedeu agora , em Arganil com o “Chico da Comarca”! Afinal o ex-director de A comarca de Arganil tinha muitos amigos que o admiraram e sofreram com a sua morte.
O Chico foi o homem que calcorreou vilas e aldeias, testemunha de acontecimentos jubilosos para as nossas populações, intérprete dos seus anseios, servidor atento e humilde da nossa região.
Para quem o conheceu e admirou foi o modelo alto de todos aqueles que assentam praça em “soldado” e sobem, por mérito próprio ao ponto mais alto da pirâmide. O Chico era o melhor cicerone dos caminhos da Beira Serra, capaz de seleccionar os grandes regionalistas, os que se empenhavam no progresso das suas terras.
Ele podia dizer: levem-me onde quiserem, tapem-me os olhos e deixem-me ficar em qualquer lugar da nossa região e em pouco tempo lhes direi onde estou! O sotaque, o jeito de conversar dos nossos aldeãos era-lhes familiar. O ar que respirava parecia trazer-lhe aromas que lhe eram familiares!
Era um mestre da língua portuguesa e qualquer aluno primário entendia o que ele escrevia. Observador atento e generoso dos vários acontecimentos, tudo analisava com isenção e imparcialidade.
Diga-se que o Chico ficará como um benfeitor da nossa região pelo tempo que lhe dispensou pelas palavras de exaltação que escreveu.
Ele assistiu à ascensão de “A Comarca” e sofreu pela sua queda – certamente a grande razão que o havia de vitimar como tem acontecido a tantos dedicados obreiros do nosso país. De Francisco Carvalho da Cruz , da sua capacidade e da sua sabedoria, fica-nos uma impressão bem dentro daquilo que referiu um poeta latino: a verdadeira sabedoria é não parecer sábio!
A . Borges de Carvalho