DESPORTO: Paulo Salvado deixou a Associação Atlética de Arganil

«É uma sensação incrível treinar todos eles, fizemos sempre bons resultados, mas, acima de tudo, acho que fizemos uma boa e grande família» assegura Paulo Salvado

O carismático treinador de futebol arganilense, Paulo Salvado, anunciou a saída da Associação Atlética de Arganil, seu “clube do coração” a que esteve ligado durante mais de duas décadas. «Ao fim de tantos anos de trabalhar aqui, de dar tanto ao clube, senti-me um pouco excluído», confessa.

A saída do clube da vila de Arganil não é um adeus à carreira de treinador.
Paulo Salvado, em declarações à A COMARCA – sem revelar qual – garantiu que já tem um novo clube, começando desde já a preparar a próxima época de 2023-2024.

Em jeito de balanço do período em que “vestiu a camisola” de Arganil, o técnico confessou que ao longo de todos esses anos (…) «fiz uma pausa de um ano – fui treinar uma equipa sénior – mas regressei».

Paulo Salvado recorda que durante o período que esteve ligado ao Arganil assumiu (quase) tudo o que havia para assumir «Neste clube já fui vogal, vice-presidente e até presidente, e treinei todos os escalões da estrutura da Associação Atlética, desde os Benjamins aos Seniores.

Foram 20 anos em que dei sempre o meu melhor ao clube. Sempre por “amor à camisola”, por gostar.

A Associação Atlética de Arganil vai ser sempre o clube do meu coração… tive sempre presente a dignificação do nome da Associação e o Desporto. Acho que é para isso que a AAArganil serve.

Sei que é preciso outras coisas, que a Associação tem que ter a componente Cultural… contudo, dever-se-ia dar prioridade à parte desportiva».

Sobre a saída, Paulo Salvado começa por esclarecer que, para já – e após 20 anos – é um fim de ciclo (…) «não é para nunca mais, é antes um até já».
Já quanto aos motivos que o levaram a “bater com a porta”, o técnico admite que tudo tem a ver com (…) «o não concordar com certas situações e certas posições da direcção do clube. Mas sobretudo, este fim de ciclo, acontece porque não se senti desejado.

Ao fim de tantos anos a trabalhar aqui, de dar tanto ao clube, senti-me um pouco excluído», acrescentando que (…) «quando estou nas coisas e sinto que não estou a ser algo de positivo, então eu saio. E foi o que fiz».
Sem se deixar “derrotar”, Paulo Salvado revela que já aceitou um novo desafio. «Já assumi um novo projecto – que foi muito fácil de aceitar – com uma organização estupenda, com um gosto e conhecimento do futebol que é fora de série, e foi mais isso que me levou a aceitar de imediato, até porque neste hiato, tive convites de outros clubes (4), mas foi muito fácil chegar a acordo com o clube que irei representar.

Mas deixe-me ressalvar que, tanto ao clube em que recaiu a minha escolha como aos outros, fui bem claro ao dar-lhes nota de que só assumiria um outro projecto quando a época (2022-2023) acabasse.
Fi-lo por respeito aos meus jogadores.

Nunca assumi nada com ninguém, sem a época desportiva acabar, e só na semana a seguir é que reuni com esse clube.
Foi muito fácil porque têm uma coordenação estupenda, vivem o futebol, e é com esses vectores que me baseio», esclarece.

Recorde-se que na fase de apuramento de Campeão de Sub 19, os Juniores da Associação Atlética de Arganil subiram ao pódio, ficando em 3.º lugar, procedidos das formações da Académica e Ançã, respectivamente. por isso, Paulo Salvado faz um balanço positivo da participação da sua formação.

«Foi uma época positiva. Dentro das nossas possibilidades ficámos dentro das três melhores equipas da AFCoimbra. Fizemos a primeira fase em que acabámos em 3.º lugar, passámos para a fase de apuramento de campeão, e aqui subimos ao pódio.
Por isso entendo que o resultado é positivo, tendo em conta todas as dificuldades que tivemos e que temos».

Mesmo conseguindo uma boa prestação, o técnico não se livrou de críticas, nomeadamente no que toca à contratação de atlatas estrangeiros.
«De há uns anos a esta parte a Associação tem acolhido alguns jogadores brasileiros, e fui rotulado por isso, que só queria jogadores estrangeiros. Não, só queria jogadores estrangeiros porque não havia jogadores portugueses. Nós não conseguíamos, até porque, e a título de exemplo, jogadores no segundo ano de juniores vão para a Universidade, e o futebol fica para segundo ou terceiro planos.

Por isso, para conseguirmos fazer equipa, tivemos que ir buscar jogadores brasileiros… mas que que davam uma despesa mínima ao clube.
No principio da época que acabou disse que só quererei estrangeiros se não tiver jogadores portugueses.

Mas para além disso, algumas condições não me foram dadas para ter jogadores portugueses, muito devido ao gasto com transporte, e por isso tivemos que recorrer a estrangeiros.

Sou receptivo a todos, e por isso é que digo que o clube irá ter problemas daqui a uns anos. As pessoas deviam pensar nisso, mas não pensam… basicamente é isto».

Mensagem aos jogadores

Equipa de Sub 19 da AAArganil – Época 2022/2023:
EM CIMA (da esquerda para a direita): teinador de guarda-redes; Maurício, Diogo, Tomás, Paulo Artur, Eduardo, Ryan, Rafael, Ruben Ventura, David, Henrique, Simão, Hugo, Gonçalo Cagelot
EM BAIXO (da esquerda para a direita): Alexandre, Gabriel, André Gomes, Força Boa, Rolão, Paulo Silva, Juninho, Antunes, David Quaresma, Rafinha.
Na foto faltam ainda o treinador-adjunto, Alexandre Cagelot; e o jogador Ruben Fernandes

Posso orgulhar-me e posso dizer que nunca tive no futebol por “interesses” – mas acho que é o que se passa um bocado no futebol e principalmente na Associação Atlética de Arganil -, repito, nunca tive interesses extra-futebol, pelo contrário, treinei uma equipa de juvenis que, quando passei para os seniores, se perdeu. Os jogadores distribuíram-se (para outros clubes), e este ano fiz questão de os trazer de volta. Tive todos outra vez e pude contar com todos, e com isto quero dizer criámos laços de amizade, de empatia muito grande e foi um prazer enorme treinar todos estes miúdos.
Aprendi com eles e só espero que eles também tenham aprendido alguma coisa comigo. É uma sensação incrível treinar todos eles, fizemos sempre bons resultados, mas, acima de tudo, acho que fizemos uma boa e grande família, e alguns vão continuar a passar pelas minhas mãos.