DIRECTORA DO CENTRO DISTRITAL DA SEGURANÇA SOCIAL EM VISITA ÀS MISERICÓRDIAS: “Eu não entendo outro lado, estou do vosso lado”

do, estou do vosso lado”, foram palavras do Directora do Centro Distrital da Segurança Social de Coimbra, Manuela Veloso, no final desta que foi a segunda visita às Misericórdias do distrito, desta vez de Penacova, Lousã e Semide.
Palavras de conforto e ânimo para quem tem a grande responsabilidade de gerir estas instituições, cujo “papel que estão a desempenhar” foi mais uma vez reconhecido e enaltecido por Manuela Veloso, considerando mesmo que “sem este tipo de proximidade há problemas que possam ter e de que eu não me apercebo. E muito menos em Lisboa”, deixando a certeza de que “enquanto estiver aqui façam-me chegar a vossa voz, que faço questão de fazer chegar junto de quem tem o poder de decisão”.
E porque “qualquer grande caminhada começa com pequenos passos”, como disse a Directora do Centro Distrital da Segurança Social porque ao aceitar o desafio do Secretariado Regional da União das Misericórdias Portuguesas, quis dar esses pequenos passos com a esperança de, no final de uma grande caminhada, a visita às Misericórdias se traduza no apoio e na ajuda necessária para que possam continuar ser uma porta aberta, um porto de abrigo seguro para os mais vulneráveis, para os que mais precisam no cumprimento integral das Obras de Misericórdia.
“A Segurança Social não é minha, é de todos nós e tem de ser uma porta aberta. (…) Temos de nos entender como parceiros senão não funciona”, disse a Directora Distrital, manifestando mais uma vez a sua satisfação em vir “conhecer estas realidades, diferentes nas suas dimensões”, mas todas com “a mesma preocupação, constante, em responder às necessidades dos seus utentes, onde é notório o espírito de missão que estão a desempenhar. Vocês o que estão a fazer é cuidar dos mais vulneráveis” e, por isso, “não podia estar mais feliz”.
“Vê-se aqui o que são os princípios básicos das Misericórdias, a entrega total aos que mais precisam”, disse o presidente do Secretariado Regional de Coimbra da União das Misericórdias Portuguesas, António Sérgio Martins, ao agradecer à Directora do Centro Distrital da Segurança Social de Coimbra, no final de mais esta jornada de trabalho às Misericórdias de Penacova, da Lousã e de Semide, onde apesar de realidades diferentes nas suas dimensões, estão bem presentes os princípios básicos que as regem, “cada uma à sua forma mas com uma entrega total” dos seus dirigentes, dos seus trabalhadores, para bem de todos aqueles desde os mais pequeninos aos mais idosos – e são mesmo muitos – que acolhem e que servem no dia-a-dia e que “são o braço armado do Estado”, como reconheceu Manuela Veloso e ”a quem temos de agradecer”.

Em Penacova

“Bem-vinda à Misericórdia de Penacova”, disse o provedor José Amaral, ao receber a Directora Distrital da Segurança Social, solicitando-lhe “a sua sensibilidade para as nossas preocupações”, enquanto o presidente do Secretariado Regional enalteceu “a sua coragem e arrojo de vir até ao pé dos nossos” para “se aperceber do que aqui se faz” e que foi dado depois a conhecer pelo secretário da instituição, através das várias valências, dos projectos, mas sempre com o mesmo problema, “os recursos que nos dão são insuficientes”.
E desde a ampliação da sede ao pólo na freguesia do Carvalho, passado pela recuperação ao antigo Hospital (para mais 40 camas e zona de cozinha), à criação do Jardim de Inverno, tudo isso “era bom que conseguíssemos”, sem esquecer outras preocupações e problemas como a gratuidade da Creche, como o aumento do ordenado mínimo para os funcionários, passando pelas dificuldades de recrutamento de recursos humanos “terá de haver alguma coisa que se altere senão qualquer dia não temos quem trabalhe”.
E como foi reconhecido, “este é um problema transversal a todo o sector social”, do qual falou também Nuno Gomes, membro do Secretariado e director geral da Misericórdia de Arganil, das “preocupações existentes” e consequentemente “na questão da sustentabilidade entre a subida do ordenado mínimo e a taxa de inflacção. (…) é muito preocupante para nós”, também a necessidade de “haver um quadro de pessoal comum” e ainda no que se refere “à capacidade de definir projectos de intervenção social” dos quais “a Segurança Social não pode abdicar”, nomeadamente e de entre outros, a RLIS, o CLDS porque, e como considerou, “a Segurança Social tem de perceber que os únicos parceiros leiais são as instituições e não as autarquias”, terminando por referir que “aquilo que se apela é puxar o máximo para o distrito de Coimbra”.
Reconhecendo que “é muito importante esta cultura de proximidade, conhecer as instituições e as pessoas”, Manuela Veloso disse que “subscrevo na íntegra as vossas preocupações, (…) as vossas preocupações têm de passar a ser as minhas” e mesmo apesar do impasse, “estamos num impasse e não sabemos o que vai acontecer” com o chumbo do Orçamento do Estado “que contemplava uma verba substancial para o sector social”, mas mesmo assim deixou a certeza que “estamos a fazer este esforço pelo bem-comum” e do seu interesse para, dentro das suas competências, ajudar na resolução dos problemas e preocupações apresentadas que “levo comigo”, deixando os parabéns à Misericórdia de Penacova que “pese embora as dificuldades que sente, se reinventa”.

Na Lousã

“O mais confortável é estar parado, mas isso não resolve nada”, considerou provedor da Misericórdia, João da Franca, ao dar a conhecer à Directora Distrital da Segurança Social as grandes obras feitas e a fazer de remodelação e ampliação na instituição.
“Primamos pela qualidade. Quem recebemos aqui dentro merece o melhor”, disse João da Franca, mas para isso foi necessário “investir mais de 800 mil euros, mais 300 mil para a cozinha e muito mais gostaríamos de fazer, mas fazemos o que podemos”, sem deixar de elogiar todas as colaboradoras, “não me canso de as elogiar”, também pelo esforço, pela ajuda, pela disponibilidade manifestada, principalmente para proporcionar todas as condições de bem-estar, de conforto, mesmo de saúde a que têm direito os utentes, desde mais pequeninos aos mais idosos servidos pela instituição.
Mas mesmo assim e também para isso “precisamos de maior apoio para nós e para as pessoas”, disse o provedor, dando a conhecer que com “a pandemia fizeram-se sacrifícios medonhos, gastámos muito perto de 100 mil euros”, reconhecendo ainda que “aquilo que pagamos em vencimento não é compatível com o trabalho que têm as nossas colaboradoras”, que “estão sempre a inovar e eu gosto de inovação”, ao mesmo tempo que deu a conhecer também outros grandes investimento feitos em equipamentos, como camas articuladas e outros, os aumentos dos géneros alimentares e nos combustíveis e, para ajudar a fazer face a tudo isso, defendeu que “os acordos da Segurança Social não podem ser de 35 por cento, tem de ser de 50 por cento. Era justo passar para os 50 por cento, resolveria muitos problemas”.
João da Franca não deixou de se referir ainda e de entre outros, aos problemas da Creche pelo prejuízo de mais de 200 mil euros que dá à instituição, bem como à dificuldade de recrutamento de pessoal e ao aumento do ordenado mínimo nacional e, como se tudo isto não bastasse, recordou a coima de 10 mil euros aplicada à Misericórdia, pelo facto da falta de uma licença de habitualidade de um prédio a que “chamamos extensão de lar” e que serviu para acolher alguns idosos, “acho isso injusto. E depois é a responsabilidade que temos e que ninguém pensa nela”.
“Quem faz as leis dentro de um gabinete não está dentro da realidade do exterior”, considerou o provedor João da Franca, e dirigindo-se à Directora Distrital da Segurança Social disse que “o que viu aqui é um grande esforço financeiro, mas temos que modernizar para bem dos nossos utentes e funcionários”.
“Sobre a coima vou por essa questão ao conselho directivo”, foi a certeza deixada por Manuela Veloso, não deixando também de referir que “farei eco das vossas preocupações; (…) mas temos de funcionar como uma equipa alargada, de forma leal e transparente, não prometo aquilo que não podemos fazer”, terminando por enaltecer a capacidade de adaptação e o trabalho desenvolvido pela Misericórdia da Lousã, fazendo votos que “esta seja a primeira de muitas outras visitas” e de onde “também vou cheia de gratidão por aquilo que vi”.

Em Semide

Ao ser cumprimentada pela Directora Distrital da Segurança Social, a utente Maria Gracinda Lopes que “já estou a correr para os 84 anos” e sem deixar de referir que “ninguém me encomendou o sermão”, disse que “falta o dinheirinho para cá, a gente observa, eles andam apertaditos”, para considerar depois que “aqui todos nos tratam muito bem, tanto o senhor provedor como os funcionários, mais uma prova para que faça alguma coisa por esta casa, faça um esforçozito”.
Um esforço que também a mesa administrativa da Misericórdia tem feito e continua a fazer para, à sua dimensão, dar resposta aos utentes que a procuram nas suas respostas sociais, Centro de Dia, Apoio Domiciliário e Creche, não podendo deixar de ser referido que falta apenas o tão falado Lar que, apesar de ter sido mesmo apresentado o projecto, acabou por não passar disso mesmo, do papel.
“Mas temos esta obra que queremos fazer”, disse o provedor Armando Ferreira e que á a ampliação e remodelação da sede, na Quinta da Botica, “para que pudéssemos aumentar a resposta, era muito bom”, reconhecendo mesmo que “são obras urgentes e necessárias” e que, com a ajuda do provedor, de amigos, estão a decorrer aos poucos em renovações e recuperações e que foram dadas a conhecer e visitadas pela Directora Distrital da Segurança Social.
A gestão rigorosa, a contenção de despesas tem sido a preocupação primeira da mesa administrativa, para que assim a Misericórdia possa continuar a dar essa resposta e corresponder às necessidades dos seus utentes, crianças e idosos, mas para isso e como reconheceu (e enalteceu) o provedor foi necessário o esforço, a dedicação, mesmo à compreensão dos funcionários e dirigentes.
Mas as necessidades e dificuldades continuam a ser algumas, “a nossa utente já ter dito tudo”, como referiu o provedor, pedindo por isso a melhor colaboração na ajuda e no apoio à instituição à Directora Distrital que a terminar mais esta jornada de trabalho, “tentando conseguir algumas coisas em prol de todos”, como voltou a referir, visitou ainda as crianças da Creche, numa manifestação de ternura e de carinho, considerando também mais uma vez que “esta proximidade é algo que gosto de cultivar”.