DIRECTORA DO CENTRO DISTRITAL DA SEGURANÇA SOCIAL EM VISITA ÀS MISERICÓRDIAS: “Quero conseguir aperceber-me dos problemas e das preocupações das instituições”

No passado dia 27 de Outubro, a directora do Centro Distrital de Coimbra do Instituto da Segurança Social, dr.ª Manuela Veloso, iniciou as visitas às Misericórdias do distrito “no âmbito da parceria estabelecida entre as instituições do sector social e o Estado” porque, como reconhece o Secretariado Regional de Coimbra das União das Misericórdias Portuguesas, “a proximidade entre os serviços desconcentrados do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e as organizações que estão no terreno e compõem a designada Rede Solidária, é algo fundamental para o aprofundar da relação entre ambos, visando a melhoria das respostas às comunidades”.

E no final deste dia de trabalho desta que é a sua primeira visita às Misericórdias do distrito e que começou de Pampilhosa da Serra, depois Góis e terminou em Vila Nova de Poiares, a directora do Centro Distrital da Segurança Social, disse ao nosso jornal que “levo o coração cheio. Quero conseguir aperceber-me dos problemas e das preocupações das instituições, que também são minhas, mas também ver a força delas, a capacidade de resistir, a capacidade de inovar, de se reorganizar e a força para continuar”.

E foi isso também que Manuela Veloso viu, sentiu e ouviu dos dirigentes e colaboradores das Misericórdias de Pampilhosa da Serra, de Góis e de Pampilhosa da Serra, do presidente do Secretariado Regional, dr. António Sérgio Brito Martins, deixando como o compromisso “o que vou tentar fazer é ser a voz deles junto de quem tem o poder de decisão e depois exercerei aqui uma magistratura de influência de modo a canalizar para as instituições do distrito de Coimbra os apoios possíveis em termos do que está orçamentado”, sem deixar de reconhecer ainda que estas visitas por parte dos representantes do Estado ou dos seus serviços desconcentrados, “são muito mais profícuas, só assim nos apercebemos da realidade destas instituições e embora perceba essa realidade, não sei como funcionam, não sei o que está por dentro e hoje apercebi-me. É indispensável que conheçamos o terreno”.

Um terreno muito, muito difícil e que para ser percorrido precisa do apoio, da ajuda de quem tem a responsabilidade primeira de garantir a segurança e o bem-estar das pessoas, particularmente das que mais precisam, dos mais vulneráveis, e que é o Estado que, como considerou a directora da Segurança Social, “por si só não tem a capacidade para fazer a gestão de equipamentos sociais e então tem que delegar em quem sabe, que é o sector social e solidário. Tem de delegar neles através dos acordos de cooperação e é por isso que uma cooperação é um compromisso. O Estado delega no sector social e solidário porque sabe que este sector tem capacidade para o fazer. Delega o apoio social aos mais vulneráveis e tem feito um esforço para o fazer”.

Mas Manuela Veloso não deixou de reconhecer também (e como ouviu nesta sua visita) o esfoço que fazem os responsáveis das instituições para as manterem no cumprimento integral da sua missão, o drama que sentem para, no final de cada mês, conseguirem o dinheiro necessário para pagar os ordenados aos colaboradores, “nós sabemos, mas também tenho de dizer que no último compromisso, que foi assinado recentemente, o valor das comparticipações subiu substancialmente. Perguntar-me-á é suficiente, eu respondo pode não ser, nós queremos sempre mais, mas também posso dizer que provavelmente foi o possível”.

Estas visitas da directora da Segurança Social são para continuar para, como referiu, “ficar com o retrato, in loco, de um distrito no que diz respeito à sua rede social, com realidades completamente diferentes. As assimetrias regionais não se verificam apenas em termos de território, mas também em termos das estruturas que operam no território e, por isso, temos de tratar igual o que é igual e tratar diferente o que é diferente, porque se tratarmos por igual tudo o que é diferente não estamos a tratar com igualdade”, deixando a certeza que “as Misericórdias podem contar comigo, sem dúvida nenhuma”.

Por isso é que ao organizar esta visita da directora do Centro Distrital de Coimbra do Instituto da Segurança Social, o Secretariado Regional da União das Misericórdias Portuguesas considera ser uma honra para as Misericórdias, “na medida em que possibilitará o reforço dos laços de colaboração existentes, bem como, na primeira pessoa, serem dadas a conhecer as preocupações do sector no distrito, mas de igual modo, os desafios que se colocam nas respostas a promover junto das populações”, ao mesmo tempo que “possibilitará dar mostras junto desse organismo do Estado no âmbito distrital do que melhor se faz no terreno e das inovações que, diariamente, são promovidas para fazer face às problemáticas sociais”.

Em Pampilhosa da Serra

E foi isso que Manuela Veloso viu, ouviu e sentiu ao ser recebida na Misericórdia de Pampilhosa da Serra, “é com alegria e calor que recebemos a senhora doutora”, diziam os responsáveis e os utentes da instituição.
Utentes que, como considerou a directora da Segurança Social, “vocês são os mais importantes do Mundo. Tenho-vos no coração”, sem esquecer os colaboradores “o braço armado no combate à pandemia. Foram extraordinários, não posso esquecer isso. Deram tudo o que tinham e não tinham. Obrigado a todos”.

“São guerreiros e guerreiras que temos no nosso distrito”, referiu o presidente do Secretariado Regional e também provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pampilhosa da Serra e, nessa qualidade, deu a conhecer as necessidades e as realidades da instituição, os projectos, nomeadamente e de entre outros, a Rádio Sénior onde Manuela Veloso teve oportunidade de deixar a sua mensagem transmitida para o Mundo, “temos de partilhar as nossas histórias e memórias e vocês estão a fazê-lo de uma forma extraordinária, (…) adorei, adorei, este projecto é de acarinhar”, ao mesmo tempo e citando (e enaltecendo) o projecto “Encurtar distâncias”, considerar que a sua visita “serve para isso, para encurtar distâncias. (…) O que aconteceu aqui não tem paralelo na Europa. Tem um sector social inesquecível. Somos aquele povo que sabe arregaçar as mangas e cuidar dos outros e de nós” sem, contudo, deixar de se referir às preocupações que há com os financiamentos por parte do Estado “que não pode por em causa as instituições. E isto está salvaguardado”.

“O sector social e solidário foi e é extraordinário. O que de mais sagrado há é cuidar dos que mais precisam”, considerou ainda a responsável da Segurança Social a quem o provedor entregou um memorando com as necessidades e preocupações da instituição e que, no final da visita, deixou a promessa “farei chegar a quem de direito”.

Em Góis

“Só por si já é bom visitar-nos”, considerou o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Góis, José Serra, ao receber a directora do Centro Distrital de Coimbra do Instituto da Segurança Social, a quem foi dado a conhecer também as realidades e necessidades da instituição onde “as dificuldades são imensas”, agravadas ainda mais e de entre outros, pela falta de cumprimento de compromissos assumidos com o pagamento de de 31 mil euros, “faziam muito jeito”, para ajudar a minorar as despesas resultantes dos incêndios de 2017. E que ainda não vieram, “não ata nem desata, são 31 mil euros”.

Uma verba importante e que podia ajudar fazer a diferença, mas mesmo assim e apesar das “muitas dificuldades”, a presidente da assembleia geral da Misericórdia, Maria de Lurdes Castanheira, não deixou de reconhecer que “hoje as finanças estão certas mas como muito esforço”, pelo que “o provedor e a sua equipa podem sair para a rua de cara levantada. Orgulho-me de presidir a este órgão. Os utentes são a razão de ser da Santa Casa da Misericórdia de Góis”.

“Movimento único e distintivo”, como referiu o presidente do Secretariado Regional de Coimbra da União das Misericórdias Portuguesas, agradecendo mais uma vez a visita da responsável distrital da Segurança Social por “vir saber das nossas dificuldades, projectos e realidades” e, no caso concreto de Góis “esta Misericórdia é única”, tendo a vice-provedora Ana Paula Gonçalves deixado, de entre outros, o pedido para o aumento de capacidade para mais camas, “temos vários equipamentos mas nunca são suficientes” e por isso “três camas farão toda a diferença”.

“A nossa missão é cuidar dos que mais precisam, mas precisamos do vosso apoio”, disse Ana Paula Gonçalves, e por isso “não sendo fácil o que está a fazer, temos muita expectativa na sua vinda aqui neste momento e que é encarada como um acto de coragem”, referiu o dr. Nuno Gomes, também do Secretariado Regional, dirigindo.se a Manuela Veloso, deixando-lhe a certeza que “tem de contar connosco”.

“As coisas não estão bem no que se refere a sustentabilidade”, considerou Nuno Gomes, “temos três tipos de instituições, as que tem dinheiro e batem o pé, as que têm de se calar e outras que batem a porta” e, por isso, “queremos um Estado mais próximo, mais parceiro, mais humanizado. Queremos que a senhora directora tenha um papel importante” também na ajuda à resolução dos problemas da sustentabilidade económica” sem a qual “tudo se vai agravar”, nomeadamente no que se refere ao aumento do salário mínimo nacional “é incomportável”, às sequelas da pandemia, deixando a garantia que se houver esta proximidade entre o Estado e o sector social “será tudo mais fácil”.

“Estou sempre ao lado das instituições e defendo-as onde quer que seja”, disse a responsável distrital da Segurança Social, acrescentando que “as vossas preocupações também são as minhas preocupações” e que, como prometeu, levava também para os mais altos responsáveis do sector, para depois e na visita que fez ao Lar da Misericórdia em Vila Nova do Ceira, reconhecer mais uma vez “o papel inigualável das instituições no combate à pandemia” sem nunca esquecer ao mais desprotegidos e, por isso, “todos vocês estão no coração de todos nós” e, citando o lema da Segurança Social “não deixar nunca ninguém para trás”, considerou que “vocês fizeram-no de uma forma extraordinária, como guerreiros que sois mantiveram-se sempre no seu lugar. O meu agradecimento”.

Em Vila Nova de Poiares

A visita da directora do Centro Distrital de Coimbra do Instituto da Segurança Social “demonstra espírito de Misericórdia, de missão e de serviço”, considerou o provedor da Irmandade de Nossa Senhora das Necessidades – Misericórdia de Poiares, Manuel Lobo, ao dar a conhecer também as realidades e necessidades da instituição, “gostava de dar melhores condições aos nossos utentes” e, por isso e para isso, os grandes investimentos que estão a ser feitos “em quatro obras”, nas quais se destacam a requalificação energética e a ampliação do Lar.

Numa instituição que “é rica porque temos ricos servidores”, não deixou de considerar também Manuel Lobo, são “2 milhões de euros sem um único financiamento” neste investimento para o qual apenas “tivemos o financiamento de 300 mil euros do Fundo Rainha D. Leonor”, enquanto a Câmara Municipal “não nos pode financiar uma vez que está condicionada, mas deu-nos a isenção de licenças”.

“O Estado exige, mas não cumpre”, disse o provedor ao dar a conhecer as instalações onde provisoriamente funciona o Centro de Dia, “gostaria de licenciar neste espaço o Centro de Dia”, para depois e na sessão de encerramento desta que foi a primeira das visitas da responsável da Segurança Social às Misericórdias “louvar a iniciativa do Secretariado Regional”, durante a qual teve oportunidade de “lhe dar a conhecer as carências e necessidades das Misericórdias. O Estado ainda precisa destas instituições pelo serviço que prestam à sociedade”, mas “o Estado paga mal um serviço que estas instituições prestam ao Estado”.

Para contrariar esta realidade, não deixa de ser necessário também e como foi reconhecido ao longo das visitas pelo presidente do Secretariado, “a revisão dos acordos de cooperação” entre o Estado e as Misericórdias “importantes pilares da coesão social e do desenvolvimento local em cada um dos territórios que servem” e, para que melhor possam cumprir e alargar essa missão, não deixa de ser necessário ainda o “aumento da capacidade das respostas sociais ou o aumento do número de camas na tipologia de média duração no âmbito da Rede Nacional de Cuidados Integrados”.

Em Vila Nova de Poiares e como referiu Manuel Lobo, “queremos recuperar 10 camas que nos retiraram para média duração”, sem contudo deixar a certeza da “nossa disponibilidade para trabalhar e servir o Estado”, terminando a directora do Centro Distrital da Segurança Social por reconhecer que “o Estado nunca precisou tanto como agora do sector social e solidário” pelo que “representa na sociedade portuguesa”, deixando o seu agradecimento às instituições que agora visitou “por tudo o que fizeram e fazem pelos seus utentes”, sem deixar de realçar também o papel dos seus dirigentes e trabalhadores que se “mantiveram firmes, de pé, na mais nobre missão que é cuidar dos que mais precisam”.