EDITORIAL: Não é d’A Comarca quem quer, mas sim quem a merece

A Comarca de Arga­nil entrou no seu centésimo vigésimo quarto (124º) ano de existência, fazen­do parte de um pequeno leque de títulos que conquistaram a marca simbólica de existirem há mais de um século.

Tal distinção, por si só, era já o suficiente para nos fazer refletir sobre o longo caminho deste jornal, o qual se confun­de com a história contemporâ­nea da Região e do País, sendo na atualidade um fonte de in­formação para todos aqueles que querem estudar e revisitar a memória coletiva das gentes desta Beira Serra.

Atrevemo-nos a dizer – se não veio publicado na Comarca é porque não aconteceu, e se não aconteceu não será recor­dado.

No entanto, manter em fun­cionamento A Comarca de Ar­ganil é tarefa árdua, expandir a sua influência e prepará-la para os novos desafios tem sido o objetivo da equipa que a com­põe, mesmo que isso suscite enormes dissabores e desilu­sões.

E nem sempre é fácil com­preender o espirito d’A Comar­ca, razão pela qual nem todos estão à altura desse desafio, mesmo para aqueles que, apa­rentemente e num primeiro momento, pareceram dar mos­tras desse sentimento na sua ação.

Infelizmente, perceber o que é a carta de família não é para todos e a tentação para usar esse conceito, que faz parte da genética deste jornal, é dema­siado apelativo para alguns in­teresses mesquinhos, egoístas e até parolos!

Ao longo dos tempos demos à estampa noticias dos nove concelhos que servimos, e fo­mos a voz de muitas das nossas comunidades e associações re­gionais, que de outra forma não podiam dar a conhecer o seu trabalho.

As populações de Arganil, Góis, Pampilhosa da Serra, Oli­veira do Hospital, Tábua, Pe­nacova, Vila Nova de Poiares, Lousã e Miranda do Corvo, sa­bem que as páginas d’A Comar­ca têm um espaço para as suas notícias, e que os outros títulos não têm.

Mas sabem também, que este jornal não se resume a relatar encontros, reuniões ou inicia­tivas. Este jornal, simultanea­mente, dá espaço ao debate de ideias e projetos para a Região, reivindicando a preservação de uma capacidade critica ape­nas acessível aos que possuem liberdade para pensar e se ex­primirem.

Neste novo ano que se inicia, vamos continuar a promover e a patrocinar algumas obras li­terárias e biográficas, marcan­do dessa forma a nossa inter­venção naquilo que definimos como fundamental para a nos­sa continuidade – Informação, Cultura e Cidadania.

Continuaremos a manter presença no campo das novas tecnologias, com a edição onli­ne e o acesso a esta, em parce­ria com as Escolas, pelos mais jovens, mantendo assim a li­gação às gerações mãos novas, numa lógica de promoção da intergeracionalidade.

Também a colaboração com as Autarquias, o tecido empre­sarial e as Organizações da So­ciedade Civil, será a “pedra de toque” da nossa atuação, pois só assim manteremos a nossa ligação única e exclusiva ao contexto onde nos inserimos, preservando, por essa via, a nossa identidade que nos tor­na diferentes de outros órgãos de Comunicação Social, muitos destes reféns de agendas pes­soais, politicas, ou mesmo em­presariais sem escrúpulos.

Mas nunca seriamos, ou seremos, capazes de realizar tudo isso se esquecermos todos aqueles que nos antecederam e nos acompanham, seja em pen­samento, seja em ações.

Este é pois o momento para recordar os Fundadores, os Di­retores, os Trabalhadores e os colaboradores graciosos que passaram por este jornal, des­de a data da sua fundação em 1901, sem esquecer os leitores, razão de ser da nossa existên­cia.

Na pessoa do Prof. José Dias Coimbra, responsável pelo res­surgimento d’A Comarca de Arganil, agradecemos todos aqueles que se dedicaram a este título e que fizeram dele aquilo que é hoje, uma marca respeitada e muito cobiçada.

Mas se quem nos fez, e faz, bem merece o nosso reconhe­cimento, também aqueles que nos quiseram derrubar, ostra­cizar, denegrir e vilipendiar, devem ser memorizados, para que não o voltem a fazer.

Essas últimas figuras que vão deambulando e cruzando os nossos caminhos, vestindo trajes de amizade e de amor ao próximo, nós sabemos bem quem são e como são, não pas­sando de meros artífices da ig­norância, mesmo que tentem, mas tentem muito, apresentar­-se donos de uma erudição que faz chorar as “pedras da calça­da”, mas vazia de conteúdo e conhecimento.

Não é da Comarca quem quer, mas sim quem a merece.

Que o novo Ano vos traga a si, meu caro e ilustre LEITOR, muita saúde e perseverança para alcançar aquilo que tanto deseja, e que nós aqui esteja­mos para o noticiar.