EDITORIAL

António Lopes MachadoUM NOVO ANO CHEIO DE INTERROGAÇÕES

 

O ano de 2013 tem sido muito anunciado como seja um ano mau. Claro que o mau é sempre relativo, na medida que o não será para todos. Mas a crise de emprego e a situação  económica e financeira que vivemos, não pode deixar de nos trazer grandes preocupações, especialmente à maioria.

Há muita gente a viver mal e as exigências do Estado, dada a situação deficitária que vivemos, não é do género de nos trazer esperanças de melhores dias. As exigências são muitas a quem já tem pouco.

Dizia-se que este ano seria já o da viragem, de poder ir aos mercados, de podermos começar a melhorar a nossa situação económica, mas todas essas esperanças parecem ter-se desvanecido. E nós precisamos de ter esperança. Especialmente os jovens, para quem as perspectivas de melhorar, designadamente no sentido de conseguir um emprego, única maneira de organizar a sua vida futura, não podem fazer-nos  desanimar. Mas é preciso que haja razões para isso.

Portugal já passou por muitas crises ao longo da sua história, mas sempre se reorganizou, embora quase sempre na dependência do estrangeiro.

Nós temos gente capaz, que precisamente no estrangeiro tem dado boa conta de si, fazendo com que o seu trabalho seja apreciado.

Nunca deixaremos de ter necessidade de emigrar, mas seria bem melhor que aqueles que se tem distinguido além fronteiras, tivessem sido aproveitados no seu país. Portugal não pode continuar a ver partir os seus cérebros, ficando sem a nossa melhor riqueza. Precisamos de criar confiança nos investidores para que em Portugal se criem grandes empresas que produzam riqueza a prestígio.

O futebol só não chega e até aí os melhores se vão embora.

Preocupado, naturalmente, com o nosso futuro, com o dia de amanhã, com os êxitos e frustrações no ano de 2013, num dos seus últimos números o “Expresso” apresentava 100 perguntas que traziam em si muitas dúvidas quanto à concretização no ano de 2013, podendo ser um ano de sorte ou de azar. E a primeira era precisamente: O Governo aguenta até ao fim do ano?

Com uma possível derrota nas autárquicas do PSD, com a maioria das sondagens a penalizar o partido do Governo, as mesmas sondagens mostram que a maioria não deseja eleições e o que  poderá fazer cair o Governo é o CDS zangar-se e escangalhar a coligação.

Portugal vai conseguir regressar aos mercados em Setembro de 2013? – é outra pergunta pertinente. É que sem esperança de credibilidade económica, com os responsáveis pela governação, como da oposição,  mais unidos e dispostos a trabalhar no sentido de melhorar as relações e os interesses do país em vez de pensar apenas em ganhar votos que permitam o poder, não nos parece que a situação melhor ao ponto de poder ir aos mercados.

E a taxa de desemprego, qual vai ser no final de 2013? Sem um trabalho remunerado e produtivo, sem a confiança dos investidores na criação de emprego, a situação não vai melhorar.

É preciso que os empresários confiem nos governantes e nos trabalhadores. Menos impostos e menos greves são imprescindíveis para encorajar os investidores. Se não for assim,  podemos clamar e gritar com força a pedir empregos. E a ser assim, as previsões dizem-nos, inclusivamente as internacionais, que o desemprego ficará em Portugal acima de valores de 17%.

O preço dos alimentos pode subir muito?

Portugal viveu muitos anos de uma agricultura de subsistência e quase deixou de cultivar a terra. Mas as necessidades levaram muita gente a voltar a pegar nas ferramentas e a cultivar a horta. E os resultados têm sido animadores. Não se justifica que andemos a comprar à Espanha aquilo que podemos produzir. O que é nosso é bom. Temos que plantar para poder colher. E produzindo mais os preços não sobem.

Vamos precisar de um novo resgate ou de um novo empréstimo?

Não devemos pensar nisso. Portugal não pode com mais empréstimos e consequentes juros. Temos é que pensar em pagar as dívidas e trabalhar mais para não as aumentar.

Mas as perguntas são 100 e mais 10 que não couberam. E é esta a primeira das 10: Pedro Silva Pereira vai buscar José Sócrates a Paris?

Efectivamente, ainda nos faltava mais esta.

Que Deus nos livre de mais preocupações e maus pensamentos…

 

O DIRECTOR