ENTREVISTA | “A GRANDE FESTA DE ARGANIL”: Alteração de estratégia nesta edição da FICABEIRA/Feira do Mont’Alto 2024

Começa hoje, dia 5, e prolonga-se até domingo, dia 8, a secular Feira do Mont’Alto e a 41.ª FICABEIRA que, como considerou o presidente da Câmara Municipal, Luís Paulo Costa, “é a festa da nossa terra, o principal acontecimento do nosso concelho, é sem dúvida a grande festa de Arganil”.

Uma festa que, nesta edição de 2024, vai ter uma “alteração de estratégia”, apostando mais no cartaz de animação e na gastronomia, como deu a conhecer Luís Paulo Costa, porque depois de feito o balanço de edições anteriores, “aquilo que fomos percebendo ao longo dos anos – e isso tornou-se para nós muito claro na última edição – é que estamos num momento em que se não introduzimos profundas alterações, um evento com aquelas caraterísticas e da maneira que vinha a ser organizado, estava em vias de se esgotar”.

Secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território preside à abertura da Feira do Mont’Alto e da 41.ª FICABEIRA

O Secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, preside à abertura da Feira do Mont’Alto e a 41.ª FICABEIRA, “o principal acontecimento do nosso concelho que, por alguma razão está associado, é indissociável do Feriado Municipal” (em caixa noutra local da presente edição) e que, este ano e como deu a conhecer Luís Paulo Costa, vai sofrer alterações “por alguma razão nós vínhamos mantendo de uma forma constante aquilo que era o número de expositores, mas às vezes estávamos a esquecer um aspecto que não é de somenos importância, a FICABEIRA que, como as iniciais indicam, Feira Industrial, Comercial e Agrícola da Beira Serra, aquilo que se estava a verificar, aquilo que estávamos a constatar, é que tínhamos actividade económica a menos e outras actividades, que são importantes, mas que estavam a ficar a mais. E quando uma coisa ultrapassa a outra, desequilibra a outra e quando tem um peso do ponto de vista de custo de logística superior, isto obriga a reflectir e a tomar decisões.

E foi exactamente isso que nós fizemos, que já vínhamos a fazer na Câmara Municipal, de repensar este assunto e acreditamos que vai ter sucesso, mas só no final é que conseguimos perceber o resultado da edição de 2024 da FICABEIRA/Feira do Mont’Alto”.

Por isso o presidente da Câmara referiu que “se recuarmos 40 anos na nossa FICABEIRA tínhamos toda a actividade económica, comercial e industrial e, com a ACIBEIRA foi-lhe sendo enxertada alguma animação e, pontualmente, também a questão da alimentação, mas o foco inicial foram as actividades económicas num momento e numa circunstância que na altura eram assim, em que as empresas para mostrarem o seu produto, para o promover tinham que estar neste certame. O mundo mudou e, portanto, neste momento a grande maioria das empresas não necessitam nem querem utilizar estes eventos para se promover, para promover os seus produtos. Têm outros canais, outros meios que são hoje muito mais próximos e utilizados do que eram há 40 ou 50 anos atrás”.

“Hoje alterou-se o foco destes grandes eventos e aqueles que têm maior sucesso, os dois muito relevantes são, por um lado a qualidade do cartaz de animação que é oferecido e, por outro lado, a questão da gastronomia e, sem descurar as demais, estamos a fazer exactamente a aposta nestas duas vertentes”, considerou o presidente da Câmara Municipal, acrescentando ainda que “naquilo que tem a ver com a animação, temos um cartaz que está robustecido – e não tem a ver com os gostos do presidente da Câmara – com artistas da primeira linha, com uma projecção nacional muito grande e que, nestes quatro dias de festa, permitem ter uma oferta transversal e de acordo com aquilo que são os tipos de publico damos uma resposta abrangente, criando anda condições de conforto também para quem nos visita e para assistir a estes espectáculos porque, tipicamente durante a Feira, acontece uma noite de chuva, com frio, regra geral a tradição manda assim e quando se organizam estes eventos é algo que é muito constrangedor às vezes estarmos a apostar na sorte. E estar dependente da sorte é um risco” e, por isso, “temos disponível uma mega tenda que, independentemente das condições atmosféricas, vai permitir que as pessoas possam assistir aos espectáculos, possam usufrir da animação com condições de conforto. Essa á uma das apostas que estamos a concretizar em 2024.

Outra componente que é crítica neste evento é a componente da gastronomia”, considera Luís Paulo Costa, reconhecendo que, “no passado, não tivemos capacidade para dar uma resposta eficaz, que desse até a imagem que queremos transmitir do concelho, não porque quem esteve não tenha um bom produto, não tenha feito o melhor , mas porque efectivamente a oferta era escassa, tem sido escassa para a procura que se tem verificado e, portanto, em 2024 alterámos também de forma significativa essa componente, temos uma grande praça da restauração, com a restauração convencional, temos tasquinhas, temos aquilo que actualmente está na gíria como street food, de que a rapaziada mais nova gosta muito, numa perspectiva de naquele espaço as pessoas puderem escolher aquilo que é do seu gosto”.

E como deu a conhecer o presidente da Câmara, serão três restaurantes que estão presentes e que vão ser explorados por colectividades do concelho, “que se responsabilizaram em dar uma resposta à altura, estamos a falar de um nível de exigência muito grande (e temos visto isso na Feira das Freguesias), com qualidade e, portanto, acreditamos que isso vai acontecer, enquanto e já numa vertente mais agilizada, temos também algumas tasquinhas de outras colectividades”.

Estas são as duas grandes alterações nesta edição da FICABEIRA e Feira do Mont’Alto, mas mesmo assim e segundo Luís Paulo Costa, “não deixamos de nos focar naquilo que tem a ver com as actividades económicas que é, no fundo, colocar todas as cartas, toda a informação em cima da mesa e aquilo que tínhamos vindo a concretizar ano após ano, era o desvirtuar da feira das actividades económicas e quando parte da economia tinha um peso cada vez mais baixo, o custo da Feira, nomeadamente com o aluguer dos stands, acabava também por ter um peso brutal e agora, basicamente o que altera aqui em termos de colocar ou fazer com que os expositores tenham um valor de stand que, ainda assim, não cobre a totalidade do seu custo, apenas o seu aluguer mas que já se aproxima um bocadinho mais daquilo que é o custo suportado pelo Município. E isto afastou algumas entidades, algumas pessoas cuja actividade objectivamente não tinha tanto a ver com o peso económico. E assumimos isso desde a primeira hora, que o número de expositores decresça um bocadinho”.

Também e em termos da representação do associativismo, “achamos que não faz sentido consignar valores tão relevantes quanto aqueles que estávamos a consignar, estamos a falar em valores que andam à volta de 400 euros por cada stand para ternos actividade associativa gratuitamente”, considera o presidente da Câmara, “mas ainda assim definimos um espaço para todas as colectividades e associações estarem presentes, mas é naturalmente numa perspetiva de partilha. E temos colectividades e associações que vão estar presentes, mas também temos associações que entenderam que, apesar dessa possibilidade, é do seu interesse terem um stand alugado pagando, mas mesmo assim volto a dizer que não pagam o preço de custo”.

“Temos de fazer opções e não nos parece, não estava a parecer razoável continuarmos a encher espaço com stands que nos custam muitas dezenas de milhares de euros e que, objectivamente e sejamos muito claros, não tem a ver com o foco daquilo que é uma feira de actividades económicas, mas ainda assim, volto a sublinhar, não quisemos deixar ninguém de fora, também temos um espaço para as freguesas e isto chama-se gestão inteligente dos recursos. Os tempos mudaram”.

Mas não mudou a história da Feira Mont’Alto, que, como recordou Luís Paulo Costa, esteve sempre associada à romaria da Senhora do Mont’Alto “e é sempre bom que as pessoas tenham presente a história da história que jamais se poderá perder pelo que representa para Arganil e para os arganilenses”, mas “como o mundo mudou, também mudaram as práticas comerciais, são diferentes, os comerciantes já não estão disponíveis para estarem quatro ou cinco dias, porque para fazerem a sua actividade económica não fazem esse sacrifício. E o mercado da quinta-feira foi uma evolução do que acontecia uma vez por ano com a Feira do Mont’Alto que, por si só, acontece naturalmente”.

“A Feira do Mont’Alto e a FICABEIRA continuam a estar no imaginário colectivo de todos os arganilenses, de todos os amigos de Arganil e esta data continua a ser o ponto de encontro da comunidade arganilense e dos seus amigos e, por isso, não tenho dúvidas que a todo aqueles a quem corre nas veias o sangue de Arganil estarão presentes nestas festas de 2024”, foi mensagem deixada pelo presidente da Câmara Municipal, deixando convite para “estarem presentes e manterem esta tradição, estendo este convite a todos os leitores de A COMARCA DE ARGANIL, a todos aqueles querem usufruir de boa animação, de boa gastronomia, das oportunidades económicas que temos disponíveis para virem às festas de Arganil”.