FAJÃO (Pampilhosa da Serra): Museu Monsenhor Nunes Pereira comemorou 27.º aniversário

Desde a passada sexta-feira, dia 13 e marcada com o programa comemorativo do 27.º aniversário do Museu Monsenhor Nunes Pereira, assim como o início de um novo ciclo, a Aldeia do Xisto de Fajão está culturalmente mais rica e apelativa com a inauguração de oito painéis dispersos pela aldeia alusivos aos célebres Contos de Fajão, e a inauguração da exposição de arte com trabalhos de Augusto Nunes Pereira e Guilherme Filipe.

“Um museu de comunidade” é o conceito-chave desta nova etapa, tal como explicou o curador do Museu Monsenhor Nunes Pereira, António Matos, sendo que o objetivo passa pelo funcionamento “dentro e fora de portas”, mas também por “trazer a comunidade para o museu e criar uma experiência imersiva para os visitantes”.

A exposição de arte estará em exibição durante cerca de dois anos – de quarta a domingo, das 11 às 19 horas (horário de Verão) – na Galeria Monsenhor Nunes Pereira, sendo que os painéis “simbolizam a recolha de contos tradicionais” feita pelo ex-sacerdote e artista – também publicada em livro -, com o intuito de “dar a conhecer ao máximo de pessoas essas histórias e lendas da região”, expressou António Matos.

O Museu Municipal de Pampilhosa da Serra também se associou ao aniversário do homólogo da Serra do Açor, através da dinamização da atividade “Enchedeira de Tradições”, que passou pela leitura de contos e a recriação do processo de fazer chouriças. O assinalar dos 27 anos do Museu, culminaria com uma sessão de cinema ao ar livre dinamizada pelo projeto Xinema.

A par do sacerdócio, Monsenhor Nunes Pereira desenvolveu trabalhos como historiador, arqueólogo, etnógrafo, escritor, professor, mas foi como artista que mais se notabilizou

Recorde-se que Monsenhor Nunes Pereira nasceu em 1906, na aldeia da Mata, freguesia de Fajão-Vidual e concelho de Pampilhosa da Serra. A par do sacerdócio, desenvolveu trabalhos como historiador, arqueólogo, etnógrafo, escritor, professor, mas foi como artista que mais se notabilizou. A sua obra é multifacetada, passando pela gravura, a pintura, o desenho, aguarela, a escultura, a xilogravura e xilografia, ferro forjado e o vitral.

O valiosíssimo espólio que deixou e o Homem verdadeiramente inspirador que fora, estão perpetuados no museu que em 1997 abriu em sua homenagem e que reflete a concretização de um dos seus maiores sonhos: perpetuar pela arte, as memórias e a cultura das gentes da Serra do Açor.

O Museu Monsenhor Nunes Pereira veio despertar a consciência para o rico e vasto património local e para a necessidade da sua preservação. De cariz marcadamente etnográfico, o acervo reúne obras e objetos recolhidos pelo Monsenhor Nunes Pereira – com destaque para a oficina do seu pai -, recriando espaços e ambientes tradicionais. O espólio inclui xilogravuras, aguarelas de Fajão e objetos pertencentes à história da aldeia, como por exemplo, o seu primeiro telefone público.