FERIADO MUNICIPAL DE GÓIS: “A minha missão está cumprida”

13 de Agosto, Feriado Municipal de Góis e um dos últimos actos públicos da presidente da Câmara, Maria de Lurdes Castanheira, a terminar o seu último mandato  depois de 12 anos à frente dos destinos do concelho,  foi de facto um “dia de grande simbolismo para Góis e para os goienses” e que começou com o içar das bandeiras no edifício dos Paços do Concelho, com a execução do Hino Nacional pelas Filarmónicas de Góis e de Vila Nova do Ceira, e na presença de muitas pessoas, convidados, autarcas, Bombeiros, Ranchos, Grupo 74 de Escoteiros, a quem a presidente da Câmara agradeceu, como agradeceu particularmente aos grupos e associações presentes, “muito obrigado, o meu reconhecimento por tudo o que têm feito pelo concelho de Góis”.

“A minha missão está cumprida”, disse Maria de Lurdes Castanheira na sessão solene comemorativa do Feriado Municipal, realizada depois na Casa da Cultura, onde não deixou também de ser reconhecida pelo trabalho que desenvolveu, onde foram reconhecidas pessoas e entidades que se empenharam na defesa e na promoção e divulgação do concelho de Góis.

“É o dia de Góis e dos goienses”, considerou o presidente da Assembleia Municipal, Diamantino Garcia, sem deixar de manifestar “alguma apreensão que tem a ver com o futuro, temos de pensar no futuro de Góis”, particularmente agora quando se aproximam as eleições, mas “portamo-nos muito mal, de forma execrável, com ataques, intolerância, agressão”, quando “devíamos ter respeito uns pelos outros. (…) Somos tão poucos e estamos tão divididos” num concelho que, apesar de tudo sabe ser reconhecido, com a Câmara Municipal, neste seu dia maior, a distinguir com a Medalha de Serviço Público os seus funcionários que se aposentaram em 2019 e 2020, Adelino António da Silva Mourão, Álvaro Neves Garcia, Américo dos Santos, Fernando Garcia Dias de Almeida, Júlio Alves Gonçalves de Almeida e Maria Lisete Nunes das Neves Garcia.

Com a Medalha de Mérito (a título póstumo), foram distinguidos Amorim das Neves Garcia, falecido em Outubro de 2019, pela “sua dedicação ao associativismo e pelo seu espírito empreendedor”, e entregue à viúva Alcina Garcia, e Jorge Marta Ferreira, falecido em Abril do corrente ano, antigo músico e dirigente da Filarmónica Varzeense, presidente da equipa de futebol e elemento dos dois Ranchos Folclóricos e “que levou longe o nome do concelho”, sendo a Medalha recebida pelos seus filhos, Sara Isabel e Nuno Filipe. 

  Foram ainda distinguidos com a Medalha de Mérito o escultor galego Armando Martinez e o crítico de arte Machado Lopes, que participaram de forma ininterrupta nas 25 edições do Góis Arte; Jorge Viegas, presidente da Federação Internacional de Motociclismo; a Federação de Motociclismo de Portugal, na pessoa do seu presidente Manuel Marinheiro; e António Manuel Francisco, presidente da comissão de mototurismo da Federação de Motociclismo de Portugal.

O mais alto galardão do Município, a Medalha de Ouro do Concelho, foi para distinguir João Henriques Baeta, natural da Roda Cimeira, da freguesia de Alvares, grande regionalista, empresário conhecido e prestigiado que “abraçou como desígnio”, em 1968 o seu “principal” projecto empresarial, a indústria de artes gráficas Olegário Fernandes, empresa centenária, que lidera há mais de cinquenta anos.

E ao receber a Medalha do Concelho, João Baeta recordou que tinha 11 anos quando veio pela primeira vez a Góis “para prestar provas da quarta classe”, aos 13 anos como tantos outros conterrâneos foi à procura de um melhor futuro mas “nunca me desliguei do meu concelho”, tendo sempre acompanhado “em proximidade ou à distância o pulsar destas terras”, empenhando-se “em contribuir para o seu desenvolvimento”. Assumindo-se como um “regionalista convicto”, disse que “Góis estará sempre no meu coração e continuarei a envolver-me, manuseando as ferramentas de que ainda disponho”, reconhecendo na atribuição da Medalha de Ouro do Concelho, “que muito me honra, um tributo aos goienses, em particular aos que procuram enaltecer, com trabalho e dedicação, um passado longínquo, mas também um futuro prometedor para o concelho, viável com o envolvimento dos jovens e o aproveitamento das capacidades e da dedicação de todos em geral”.

E depois de deixar um desafio, “porque não a criação da Rota da Ribeira do Sinhel, onde se pode desfrutar de uma beleza natural, única, mas também, de um património cultural por desvendar?”, João Baeta não deixou de considerar também que  “é importante pensar o interior do concelho como se está a pensar o interior do país, como importante será a criação de uma corrente, colaborante, entre residentes, não residentes e oriundos”, tendo depois uma palavra de “apreço e reconhecimento” à presidente da Câmara Municipal, Maria Lurdes Castanheira, “pelo trabalho desenvolvido, desde há muitos anos, em prol do concelho de Góis, com mais visibilidade nos seus mandatos autárquicos”.

Referindo-se à Olegário Fernandes, com visível orgulho, o empresário deu a conhecer que “construímos uma unidade de produtos especializados, marca da embalagem, que é hoje uma referência no panorama nacional, do qual nos orgulhamos e cujo sucesso temos procurado interligar com o concelho, (…) na empresa estão quinze colaboradores com ligação ao concelho de Góis”, terminando por deixar um alerta aos mais jovens “nas nossas vidas, apesar do progresso tecnológico e da digitalização de que muito se fala, nada se constrói sem humanismo trabalho, valentia, competência e honestidade” e, citando o grande jogador brasileiro Pelé, disse que “o sucesso não acontece por acaso. É trabalho duro, perseverante, aprendizagem, estudo, sacrifício e acima de tudo, amor pelo que estamos a fazer ou aprender a fazer”.

E foi esse amor que a presidente da Câmara exaltou ao considerar que “Góís é uma paixão. Um amor de terra e uma terra de amor. Não me cansarei de afirmar que amo Góis”, como com certeza todos os distinguidos, a quem deixou o seu obrigado, como o fizeram também a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Isabel Damasceno, o presidente da Turismo Centro de Portugal, Pedro Machado, o alcaide da terra irmã de Góis, Oroso, Luís Rey, que não deixaram ainda de agradecer, reconhecer e enaltecer o trabalho e a dedicação a Góis de Maria de Lurdes Castanheira, ao longo de 12 anos à frente dos destinos do Município.

E ao fazer o balanço do seu mandato, a presidente da Câmara considerou que “fica mais do que existia em 2009. Temos um concelho dotado dos melhores e modernos equipamentos colectivos. Temos um concelho atractivo, com potencial ao nível turístico indiscutível. Góis é um território que está acima do ranking nacional naquilo que concerne à fixação de estrangeiros. Os números não mentem. Quase 300 pessoas estrangeiras fixaram-se no nosso concelho”.

Para isso e como referiu Maria de Lurdes Castanheira, “defendi a nossa terra como se aqui tivesse sido nascida e criada. Não terei feito naturalmente mais do que a minha obrigação. Mas, em mais de uma década, foram tantas, tantas as adversidades, que mais fácil teria sido desistir. Não trair os goienses, jamais. Deixar o navio em que embarcámos em 2009 onde nos comprometemos em levar a viagem até ao fim, sem colocar em perigo os passageiros, o nosso povo, não fazia parte dos nossos programas eleitorais. Ao comando desta longa viagem, mesmo que a tripulação fosse desertando, era absolutamente importante evitar a deriva. As marés teimavam em ser fortes. Um mar agitado. Ventos fortes, ondas gigantes. O que era importante era evitar que o navio se afundasse”.

Manifestando “a minha mais profunda gratidão a todos vós, mas em particular aos goienses”, a presidente da Câmara considerou que “foi uma experiência fantástica e altamente enriquecedora. Foi a maior oportunidade da minha vida para por em prática os valores em que acredito. Conheci pessoas maravilhosas que me ajudaram no exercício da actividade autárquica”, salientando que encarou “desde a primeira hora, a política como uma missão, um compromisso, uma arte de fazer muito com pouco, de ver nas adversidades oportunidades” e sem deixar de reconhecer que não fez mais do que a sua obrigação, mas como considerou “as musas que nos inspiraram e que deram alento para continuar” foram “homens e mulheres de Góis, amigos e amigas de Góis e fora de Góis e a nossa família que nada exige e que aceita as centenas de ausências”.

 “Não prescindi do rigor, do profissionalismo e da ética do serviço publico que são princípios inalienáveis”, disse Maria de Lurdes Castanheira, recordando que, de 2009 a 2021, “passámos por tudo”, desde a troika, incêndios, intempéries e agora a pandemia, “e mesmo que se governe sem orçamento o nível de exigência do povo é o mesmo”, mas “nada, mesmo nada me fez deixar de viver com alegria e entusiasmo a missão de ser presidente da Câmara”, deixando “o meu sentimento de gratidão”, pedindo desculpa, aos goienses “por aquilo que não consegui fazer e por aquilo que está por concluir”, lembrando que “os últimos dois anos paralisaram o mundo e Góis não ficou alheio a essa paralisação”, deixando agradecimentos, nomeadamente aos trabalhadores do Município, aos dirigentes das instituições do concelho, aos empresários e comerciantes e ainda uma palavra “aos homens e mulheres que se apresentarão a candidatos às Câmaras Municipais, Juntas de Freguesias e Assembleias Municipais”, a quem deixou “a minha sincera solidariedade”, terminando por afirmar que “dedico todas as minhas vitórias, sucessos e alegrias ao meu querido e saudoso pai, mas também à minha querida mãe, que nos seus 90 anos goza de um discernimento invejável, defensora acérrima da amizade e do amor” e  despediu-se “de todos vós, de Góis e dos goienses com um até sempre e viva Góis”.