
Foi com esta frase que o presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, Jorge Custódio, abriu a sessão solene do Feriado Municipal, no passado dia 10, domingo, onde não foram esquecidos antigos trabalhadores, com o reconhecimento devido, bem como não foram esquecidas as quatro centenárias do concelho, que através de vídeo deixaram bem claro o que foi a sua vida naquele território, com muito trabalho e muitos filhos, assim como não foram esquecidas as coletividades e as associações, com a atribuição de subsídios, nem tão-pouco foram esquecidos aqueles que têm prestigiado o território pampilhosense, como José Brito, atual presidente da Assembleia Municipal, com a atribuição do Colar de Honra, que traduz o que tem desenvolvido a bem do progresso de Pampilhosa da Serra.
As cerimónias iniciaram-se com o içar das bandeiras – nacional e do município – nos mastros dos Paços do Concelho, com a continência dos Bombeiros Voluntários, enquanto o Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense entoava o Hino Nacional, momento sempre envolvente em termos emocionais, seguindo-se a deposição de flores no Memorial dos Combatentes da Guerra do Ultramar, com a leitura dos nomes de pampilhosenses ali gravados e que morreram ao serviço da Pátria, por parte de Gonçalves Xavier, onde o presidente da respetiva Associação, José Manuel Gonçalves Almeida, aproveitou para informar que «nos foi feita justiça», porque finalmente «fomos reconhecidos pela nossa Pátria, com a aprovação do estatuto de combatente e o respetivo cartão e algumas benesses». E neste momento também não deixou de estar presente a Filarmónica, que enobreceu o ato com a sua atuação.
«Quem decide tem a responsabilidade de conhecer verdadeiramente
e profundamente o país…»
Já no Mercado Municipal, onde iria decorrer a sessão solene, presidida por Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial, foram vividos momentos deveras significativos, pois como acrescentaria, Jorge Custódio, «este é o dia que marca a história do viver e do sentir de cada um dos Pampilhosenses» e salientaria que «este território não são números, são pessoas e as pessoas devem-se sobrepor aos números», e embora não «tenhamos a ambição de um TGV ou aeroportos», pelo menos que «estes territórios como os nossos não fiquem a mendigar melhores e condignas acessibilidades rodoviárias» e dirigindo-se à Ministra, «enquanto guardiões da natureza», referiu-se à prospeção do lítio que possa vir a acorrer no território, particularmente junto à Barragem de Santa Luzia, cuja posição «seria um erro irremediável e com um impacto geracional irreversível» e lembrando que «somos conhecidos como o “Centro da Natureza”», lembrou que «são os da Serra que continuam a manter os rios e as águas puras e cristalinas para que os da cidade possam saciar as suas necessidades» e por isto, como refere Jorge Custódio, «não há moeda de troca, contrapartidas ou fins comerciais que justifiquem o impacto arrasador sobre um bem maior que é de todos nós», mas como sempre, «continuaremos dispostos a contribuir para a riqueza nacional, mas num contexto de progresso sustentável e consistente» e por isso «queremos tornar a nossa massa florestal mais rentável, mais qualificada e menos vulnerável, continuando a privilegiar fontes de energia renováveis para a riqueza nacional, e releva que «é neste interior que está a verdadeira riqueza para as gerações futuras, às quais devemos uma herança digna, da qual nos possamos orgulhar e continuar a preservar». E numa lógica simples, afirmou o Presidente da Câmara que «só conseguimos trazer pessoas para o território se tivermos emprego, só conseguimos emprego se tivermos empresas», e para isso acontecer é necessário ter «benefícios fiscais verdadeiramente diferenciadores para as instalar», o que não passa apenas pela redução do IRC e por tudo isto, como afirmou o edil, «temos de olhar para este interior da mesma forma e com as mesmas políticas diferenciadoras com que o Governos anteriores olharam e trataram as Regiões Autónomas da Madeiras e dos Açores», pois «só assim se poderá fazer diferente».
«O município de Pampilhosa da Serra é um exemplo para todos nós…»
São palavras do presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIM), Emílio Torrão, que acrescenta que o município continua a estar bem empregue, mesmo com a saída de José Brito, e que mesmo sendo diferentes na política, o consenso é notório, é assim que se deve estar na política, salientando o também presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, que «Pampilhosa da Serra é uma lição do dia-a-dia, onde se nota que a natureza é privilegiada no concelho», e que a CIM apoiará o Miradouro de Santa Luzia, o Mercado da Natureza e o Centro Gero-Espacial, onde se vê o céu noturno maravilhoso que este território possui e referiu que Jorge Custódio poderá continuar a contar com a CIM para «se reinventar» e felicitou Ana Abrunhosa por novamente ocupar o cargo de Ministra da Coesão Territorial.
«É um prazer estar novamente com os amigos pampilhosenses…»
E foi a Ministra, depois de se manifestar honrada e com prazer em se juntar novamente «aos amigos pampilhosenses», abordou a situação das redes de telecomunicações, reconhecendo a pertinência da melhoria e abrangência destas redes para o aumento da competitividade de territórios do interior, deixou a nota de que «a regulamentação comunitária que vai ser aprovada daqui a uns meses obriga a que haja cobertura de rede fixa e móvel em todas as habitações, mesmo nas habitações secundárias», acrescentando ainda que os prazos do concurso do 5G passam por abranger, até 2025, «90% da população de todas as Juntas de Freguesia com cobertura de rede móvel», que sendo num cenário ideal, poderá ser cumprido idêntico «objetivo para a rede fixa».
Um velho sonho vai ser concretizado
Na sessão foi ainda simbolicamente concretizado um desígnio há muito perseguido, que diz respeito à assinatura do acordo de gestão para a 1.ª fase de requalificação da Estrada Nacional 344 – entre o quilómetro 67 (Pampilhosa da Serra) e o quilómetro 75 (cruzamento da aldeia de Maria Gomes) – uma empreitada já lançada em concurso público pela Infraestruturas de Portugal, com o valor base de cerca de 8 milhões de euros, que a Ministra reconheceu que o avançar desta obra «foi possível porque o Município quis tanto que assumiu ele próprio os encargos dos projetos», o que levou a que fosse possível «inscrever esta obra no Plano de Recuperação e Resiliência», como afirmou Jorge Custódio.
Reconhecimentos e condecorações
O Presidente da Câmara não deixou de salientar as condecorações que iam ser entregues a cinco personalidades pampilhosenses, que fazem com Pampilhosa da Serra seja “conhecida e sentida”, muito além dos limites geográficos”, destacando-se pela coragem, altruísmo e amor que dedicam ao território:
Medalha de Valor e Altruísmo – Antonino Barata Tavares, o último barqueiro do concelho, que «durante anos a fio, fizesse chuva ou sol, sempre se disponibilizou para transportar pessoas e bens, tendo o Zêzere como seu cúmplice»; Olga Gaspar e Paulo Gaspar, embora vivendo na Suíça, através da sua rede de contactos «têm angariado sobretudo material de proteção individual que muito têm ajudado os nossos Bombeiros Voluntários»; dr. António Queimadela, Delegado de Saúde, «o seu desempenho não ficou apenas pelo lado profissional, mas sobretudo porque no meio do caos e do alarmismo, a sua disponibilidade incondicional e a sua serenidade, formaram um escudo invisível e tão necessário na defesa da comunidade»; dr.ª Paula Batista Margarido, «embaixatriz da sua Pampilhosa da Serra, como gosta de se expressar, transporta consigo os valores e princípios das nossas gentes, partilhando-as com todos à sua volta, seja na ilha da Madeira ou em qualquer outro lugar público ou privado».
Colar de Honra – Sendo a insígnia mais alta do Município que até então apenas tinha sido entregue em duas ocasiões, foi atribuída desta vez a José Brito, anterior presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra e atual presidente da Assembleia Municipal, cuja atribuição acontece, como salientou Jorge Custódio, «a alguém que dedicou (e irá dedicar) a sua vida aos outros, que em diversas circunstâncias soube deixar a sua marca de respeito, dedicação e sobretudo de grande humildade e sentido cívico, que a todos orgulha» e que com a sua forma de estar soube «cativar e unir pessoas à volta da sua Pampilhosa da Serra».
Medalha de Bons Serviços – Foi ainda entregue a quatro funcionários da Câmara Municipal – José Gomes, António Dias Fernandes, Maria Santos Barata e António Mendes Nunes, que durante o longo período de serviço, «sempre dignificaram esta instituição e honraram o seu posto de trabalho».
Protocolos assinados com Associações
Tendo em consideração que o associativismo e as instituições locais são agentes determinantes na dinamização do território, sendo também «símbolo de fraternidade e amor ao próximo», como afirmou Jorge Custódio, foram atribuídos subsídios à Associação Humanitária dos B.V. de Pampilhosa da Serra (275 mil euros); Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra, com 80 anos de existência e com cerca 70 coletividades filiadas (7 mil euros); Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense, que através da sua Escola de Música e seu espírito inovador, «une modernidade e tradição», 5 mil euros; Grupo Desportivo Pampilhosense, «uma referência na promoção do desporto no seio da comunidade local», 5 mil euros; Rancho Folclórico de Dornelas do Zêzere, 5 mil euros; e Rancho Folclórico de Pampilhosa da Serra, 5 mil euros, a «expressão máxima da singularidade e orgulho pampilhosense».
As centenárias homenageadas
Foi exibido um filme relacionada com as quatro centenárias, onde cada uma delas soube recordar os seus tempos difíceis, mas que ali estavam e por isso eram ainda as raízes fortes do território pampilhosense e cada uma delas foi atribuída uma distinção recebida por familiares presentes.
Foram elas: Maria do Céu Nascimento (102 anos), natural de Ademoço (Oleiros) e residente desde sempre em Casal da Lapa, com 5 filhos, 9 netos e 3 bisnetos; Ermelinda Dias (101 anos), residente em Carregal (Dornelas do Zêzere), com 8 filhos, 13 netos e 13 bisnetos; Maria Adelaide Jesus Santos (101 anos), mais conhecida por Maria Bispa, natural e residente em Pampilhosa da Serra, com 3 filhos; e Maria de Jesus, conhecida por Maria Preciosa (100 anos), natural da Póvoa da Raposeira, com 7 filhos, 12 netos e 10 bisnetos.