GÓIS: Antigo Hospital Monteiro Bastos transformado em moderno “N2 Hotel”

O antigo hospital vai ser transformado em hotel

No dia 13, na Capela da Misericórdia, realizou-se a cerimónia da assinatura do contrato-promessa de compra e venda do antigo Hospital Monteiro Bastos entre a Santa Casa da Misericórdia de Góis e a empresa Adelino das Neves Barata, Lda., com sede na Lousã.

Uma data assinalável porque, 106 depois do Hospital ter sido doado à Santa Casa da Misericórdia pelo comendador Monteiro Bastos e ter sido, durante muitos anos, uma grande referência da saúde na freguesia de Vila Nova do Ceira, no concelho de Góis e na região, poderá agora e como foi dado a conhecer, vir a cumprir uma outra missão ao serviço do turismo ao ser transformado num moderno e já designado como “N2 Hotel”.
E com a assinatura do contrato-promessa começa ser vista a luz ao fundo do túnel para, finalmente, vir a ser resolvido o problema da degradação em que se encontra o emblemático edifício, “há mais de 50 anos que não funcionava como Hospital”, como recordou o provedor da Misericórdia, José Serra, mas mais tarde acabou por funcionar ali o Centro de Dia da Santa Casa, a UPAG, até que “saímos de lá há mais de 15 anos”, altura em que o edifício já começava a dar sinais de degradação e a agravar-se cada vez mais, sem que houvesse a possibilidade por parte da Misericórdia da recuperação deste seu importante património.
Era um assunto que se arrastava há muito tempo, foi objecto de muitas reuniões até que a mesa administrativa “achou por bem a venda deste imóvel. E apareceu um comprador”, como disse o provedor, mas para isso não deixava de ser necessária a devida autorização da assembleia geral e que, na realizada em 31 de Março passado, incluía o assunto num dos pontos da ordem de trabalhos e que acabaria por ser retirado, com a recomendação à mesa administrativa de um estudo mais aprofundado sobre a classificação do edifício, as exigências de um maior esclarecimento sobre o direito de preferência e se podia ou não ser efectuada a sua venda e as condições tendo sempre, como objectivo primeiro, a salvaguarda dos superiores interesses da Misericórdia.
“E depois de analisado este processo”, como deu a conhecer José Serra, o assunto voltou então a ser discutido, no dia 12, em assembleia geral extraordinária para o efeito realizada e que teve como ponto único da ordem trabalhos a “proposta de alienação do artigo urbano, inscrito na matriz predial de Vila Nova do Ceira sob o número U1649 – Ex-Hospital Monteiro Bastos”. “Um “dia especial, diferente, para a Santa Casa da Misericórdia”, considerou o provedor, não só pelo facto de serem dadas a conhecer aos irmãos presentes as cláusulas do contrato-promessa de compra e venda em que, como foi salientado, estão bem salvaguardados os interesses da Misericórdia, mas também pelos 100 mil euros que iriam resultar do negócio e que “será uma boa ajuda” para os cofres da instituição.
Foram levantadas algumas questões e pedidos de esclarecimento de dúvidas por parte de alguns irmãos, foi reconhecido pelo provedor que “custa muito vender património”, mas a Misericórdia, “com orçamentos que estão a ser negativos, motivados pela pandemia”, não tinha “qualquer possibilidade, não dispõe de recursos neste momento para avançar com qualquer projecto” ou para recuperar o antigo Hospital. E a assembleia autorizou, por unanimidade, a sua alienação e, por esse facto, “a mesa administrativa congratula-se por chegar a esta etapa e agora vamos todos pensar no Rosa Maria e fazer dele a bandeira da Misericórdia, (…) a nossa joia da coroa”.
“Estamos a vender de cabeça levantada”, disse José Serra, sendo também assim que, no dia seguinte, 13 de Maio, e depois de devidamente autorizada, a Santa Casa da Misericórdia, representada pelo seu provedor, e a empresa Adelino das Neves Barata, Lda., representada pelo gerente António Neves Pedro, assinaram o contrato-promessa de compra e venda do antigo edifício do Hospital Monteiro Bastos, numa cerimónia realizada na Capela da Misericórdia e que além de alguns irmãos, membros dos corpos sociais e colaboradores, autarcas do concelho, contou ainda com a presença do presidente do Secretariado Regional de Coimbra das Misericórdias Portuguesas, António Sérgio Martins, de Graciano Rodrigues, em representação da Câmara Municipal, da vice-presidente da assembleia geral, Andreia Vidal, e do presidente do conselho fiscal, António Dias Santos.
E depois da leitura do contrato-promessa e da entrega do cheque de 20 mil euros (os restantes 80 mil euros serão integralmente pagos aquando da outorga da escritura pública de compra e venda), o provedor começou por recordar as conversações havidas até chegar ao acto que estava a ser realizado, salientando ainda que “apesar de ser mais um anel que sai do dedo”, o dinheiro recebido pela venda do antigo Hospital “por duas vezes, hoje 20 mil euros que vem ajudar sobremaneira” é muito importante para as grandes dificuldades da Santa Casa da Misericórdia, “mas que mesmo assim consegue hoje manter os postos de trabalhos, os pagamentos aos fornecedores, mas é preciso fazer obras e é a pensar nisso que a Misericórdia está a fazer esta venda. E porque nunca tinha condições para fazer no antigo Hospital Monteiro Bastos o que quer que fosse”, considerando ainda que, “no futuro, a recuperação do edifício será uma mais-valia para toda a gente, para quem passa na Nacional 2, mas em particular para a Santa Casa da Misericórdia que estou convencido dá hoje um passo em frente no progresso do concelho de Góis”.
Foi esse também o propósito deixado pelo representante da empresa, António Neves Pedro, ao dar a conhecer que a intenção da compra do antigo Hospital é para vir a ser transformado numa unidade hoteleira, “não vai ser apenas um edifício, vai ter interactividade com a comunidade, com a todos os quatros a ter como tema uma aldeia do concelho de Góis”, salientando que “o projecto de recuperação do edifício vai ser iniciado de imediato”, recordou a sua ligação a Roda Fundeira, da freguesia de Alvares, por parte do pai “que me deu como ensinamento olhar sempre por esta terra, por Góis e é isso que estou a fazer aqui”, terminando por referir que “neste momento já se pode começar a ver esta obra a crescer e quero que seja participada por todos”, também através da internet, EN2Hotel.pt
O presidente do Secretariado Regional das Misericórdias começou por realçar também a importância dada a este “acto de gestão que consubstancia, em si isso mesmo”, o cumprimento do compromisso por parte da mesa administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Góis e “tendo bem presente que o que conta são efectivamente os utentes que serve diariamente, são os associados, são a comunidade”, para considerar depois que “no contexto actual, a alienação do imóvel que há tanto tempo estava degradado” foi “a melhor decisão” e porque ,“o caminho faz-se caminhando”, o reforço dos capitais vem ajudar à sustentabilidade da instituição no momento em que “a sustentabilidade das instituições está a ser posta à prova, mas acreditamos muito que vamos persistir e continuar a existir nas comunidades”.
“Esta é das maiores provações a que temos sido votados e como se isso não bastasse, a nossa sustentabilidade está ferida de morte e, ultimamente, a nossa identidade também está a ser colocada em causa”, salientou António Sérgio Martins, considerando que “querem alterar aquilo que é o cerne do sector social, o sector social não nasceu para ter lucros é preciso ter isto bem presente, o sector social nasceu para chegar aqueles que mais precisam e fá-lo, não tenho dúvida nenhuma, a custos muito menores de quando o Estado o faz por si. Vamos lutar até à ultima das nossas forças para que não coloquem isto em causa”, terminando com palavras de particular apreço para com José Serra “pela força, pela garra que tão bem o caracteriza e que consegue transferir para nós para continuarmos a lutar por aquilo em que acreditamos”.