No último domingo e em união com o X Encontro Mundial das Famílias, a decorrer em Roma, realizou-se no Parque do Cerejal, a Festa Diocesana das Famílias, presidida pelo Bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes.
“As famílias são uma vocação à santidade”, disse o Bispo de Coimbra, recordando as palavras do Papa Francisco e a sua grande mensagem para este Encontro Mundial e que foi também ouvida pelas famílias, pelos idosos do Lar da Cáritas da Cabreira que vieram para participar na Eucaristia, o momento alto da Festa Diocesana das Famílias.
“Desejo-vos um dia feliz, aqui em Góis”, foram os votos de D. Virgílio Antunes, ao iniciar a celebração a Eucaristia, concelebrada pelos pároco de Góis, padre Orlando Henriques, cónego Manuel Martins, padre Nuno Santos (responsável do Secretariado Diocesano da Pastoral da Familiar e reitor do Seminário de Coimbra) e padre António Domingues (pároco da Unidade Pastoral da Lousã e Chanceler da Cúria Diocesana), a quem saudou também, para referir depois que “nos encontramos neste lugar para dar graças a Deus por tudo aquilo que se tem vindo a fazer nas famílias, por tudo aquilo que também a sociedade humana procura promover . E também para reconhecer que há dificuldades, que há problemas para os quais pedimos a Deus que nos continue a ajudar e a fortalecer para todos sermos pedras vidas desta Igreja e desta comunidade, que procura dar a todos o seu lugar, nomeadamente a cada família para que realize a sua missão que é absolutamente insubstituível por qualquer outra instituição ou por qualquer outra realidade que possamos conhecer”.
Uma realidade que “possa fazer parte do nosso percurso humano”, como referiu o Bispo de Coimbra, que depois de saudar as crianças “que estão por aqui presentes”, os mais idosos e a todos “com esta amizade de Deus, este amor que Ele nos dedica e o carinho que tem para com todos e, com toda a certeza, pelo gosto que tem de nos ver aqui reunidos em seu nome”, recordou ainda que “estamos a celebrar em união com o Papa e com a Igreja Universal, o Encontro Mundial das Famílias”, salientando que um dos “temas que mais divide a sociedades, as famílias e aquilo que tem a ver com as famílias” são, e como aconteceu recentemente nos Estados Unidos da América questões como o aborto, ou “aquilo que se tem passado aqui entre nós relativamente à lei da eutanásia” mas que, “enquanto Igreja, temos um conjunto de linhas orientadoras fundamentais – também essas às vezes são envoltas numa polémica e forma de ver diferente” e que são emanadas pela Santa Sé através dos documentos papais e “que assentam do ensino que nasce do Evangelho e da tradição teológica e ética acerca da família como instituição”.
Mas “olhando para as famílias na sua realidade muito concreta e que sabemos muito frequentemente se afasta daquilo que é um ideal teológico tradicional e ético e que faz parte da revelação que tem sido conduzida pela tradição que embate com a realidade de todos os tempos, nomeadamente com a realidade que hoje vivemos enquanto Igreja, enquanto sociedade, enquanto família e enquanto famílias”, D. Virgílio Antunes, deixou o apelo para “procurarmos que a família de Deus seja uma realidade cada vez mais presente nas diferentes comunidades, pequenas ou grandes, depois nas igrejas locais ou igrejas diocesanas, nesta convergência para comunhão universal que é Igreja de Cristo”.
Mas “numa outra dimensão que a Igreja tem revelado aos longo dos tempos e que é a fraternidade universal, que não é ideológica ou proveniente de outra linha de pensamento de outras forças que procuram também afirmar esta fraternidade e que é assente no facto de sermos criaturas de Deus, sermos filhos de Deus”, o Bispo de Coimbra, acrescentou que não deixa de ser por isso também uma fraternidade “assente no facto de sermos Igreja e de termos laços comuns que nos unem a todos os homens e mulheres de todas as latitudes, independentemente das suas religiões, das terras onde nascerem, da cultura em que que cresceram ou de todas as outras marcas distintivas que possam existir” e, referindo ao Evangelho e ao texto em que “Jesus Cristo tomou a firme decisão de subir a Jerusalém”, disse que “à necessidade de todos termos uma tomar uma decisão, ou de tomar decisões na vida”, não de “mandamos vir fogo do céu para destruir os nossos inimigos”, mas para “tomar a firme decisão, interior, pessoal, familiar que assentam na fé em Jesus Cristo, nesses valores do Evangelho, que assenta na tradição que chegou até nós acerca da família e de todas as outras realidades que fazem parte da nossa existência. Temos de ser os primeiros a tomar a decisão de ir à frente, tomar a iniciativa porque é o único caminho que nos pode ajudar a sermos sal, fermento e luz no meio do Mundo”.
Mas isso e como referiu D. Virgílio Antunes, “começa pela nossa conversão pessoal, que leva ao testemunho vivo, eficaz, verdadeiro, que nos leva com toda a certeza a proclamarmos bem alto aquilo em que nos move e que acreditamos”, acrescentando que “se por um lado isto é difícil e entender, por outro lado a chave absoluta para todas estas realidades é a palavra santidade”, a grande mensagem deixada pelo Papa Francisco para este X Encontro Mundial das Famílias, bem como o desafio de “viver na família concreta de que faz parte este caminho”, que tem de ser percorrido “na verdade, na caridade, no acolhimento, na entreajuda, na compreensão, tem de ser até na tolerância com os outros que pensam e sentem de formas diferentes, tem de ser acima de tudo nesta forma que espelha com exactidão aquilo que somos, aquilo que pensamos, os valores que recebemos e graça de Deus que, pelo meio do matrimónio, constitui todas e cada uma das nossas famílias”.
Famílias que, nesta sua Festa Diocesana e depois ao almoço partilhado que se seguiu, se encontrarem e conviveram, deixaram ainda o seu testemunho, tendo sempre presente em si e conforme a música, o “Espaço Cristo ao Centro”.