No passado dia 31 de Maio, no Centro Cultural, a ADIBER na qualidade de entidade coordenadora do GIAV da Beira Serra, em parceria com os Municípios da Região da Beira Serra (Arganil, Góis, Oliveira do Hospital e Tábua), realizou o II Seminário “Sim à Igualdade, Não à Violência!”, no âmbito do projecto “Beira Serra: Sim à Igualdade, Não à Violência!”.
Um projecto que, como considerou o presidente da ADIBER, Miguel Ventura, foi “um grande sucesso em todo o nosso território”, cuja candidatura foi lançada em Março de 2021 pela ADIBER em conjunto com os quatro Municípios, “já tínhamos a consciência da importância para o nosso território de um projecto com estas características, face aquilo que era o diagnóstico que as Redes Sociais tinham promovido entre si e, de facto, era necessário fazer algo para combater o flagelo da violência doméstica ou pelo menos minimizar os impactos que tinha nestes nossos territórios”.
“É um fenómeno que porventura não está tão visível quanto a sua realidade”, disse ainda Miguel Ventura, porque e como referiu, “há ainda muita dificuldade em partilhar algo daquilo que é pessoal, mas o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela equipa técnica veio evidenciar uma lacuna que havia neste território e que está a começar a ser colmatado”, deixando por isso os agradecimentos e palavras de particular apreço e estímulo à equipa técnica da Estrutura de AVVD (Atendimento a Vítimas de Violência) da Beira Serra, Daniela Almeida e Sónia Monteiro.
E em jeito de balanço “e porque estamos na fase final da implementação do projecto” (termina a 30 de Junho), o presidente da ADIBER deu a conhecer “alguns dados que nos devem fazer reflectir, foram abertos 65 processos por esta equipa, (…) estes números têm vindo a aumentar nos últimos tempos, temos tido três a quatro novos casos mensais, o que quer dizer que de facto há necessidade de dar continuidade e reforçar este trabalho no território”, acrescentando também que “desses 65 processos, foram estabelecidos 399 atendimentos com vítimas os seus familiares com todos os encaminhamentos (e acompanhamentos) que se revelaram necessários”.
“Houve aqui um trabalho muito forte, sobretudo um trabalho de proximidade e de muita ligação com as vítimas e restantes parceiros que permitiu, efectivamente, conquistar essa mesma confiança e hoje podemos dizer que temos uma Estrutura reconhecida, competente, que está a responder aquilo que são as necessidades deste território”, considerou Miguel Ventura, sem deixar de referir ainda que “foi feito um trabalho de sensibilização e de alerta para toda a comunidade relativamente a esta temática, dizendo-lhe também que todos nós somos responsáveis, porque estamos a falar de um crime público e, obviamente, que temos a obrigação enquanto cidadãos de contribuir para a alteração deste paradigma, da alteração da realidade local”.
A realização de whorkshops, seminários, acções de sensibilização sobretudo junto da comunidade escolar, fizeram também parte deste trabalho de sensibilização e “de todas as acções desenvolvidas, podemos hoje dizer que atingimos directamente mais de 27 mil pessoas em todo este território”, salientou o presidente da ADIBER , deixando como boa notícia “podemos anunciar com alguma satisfação que há um grande de reconhecimento das entidades públicas para a necessidade de dar continuidade a este tipo de apoios, pelo que e como foi transmitido pela Secretária de Estado da Igualdade e Migrações, estes projectos vão continuar, vão abrir candidaturas muito em breve, ainda durante o mês de Junho e nós estamos disponíveis para dar continuidade ao projecto, (…) para apresentar novamente uma candidatura para dar sequência a toda esta rede de apoio e ao trabalho que foi possível fazer ao longo do último ano e meio, no fundo para que seja consolidado e os resultados possam ainda ser mais evidentes no futuro”.
Um projecto que não deixou de ser reconhecido também pelas vereadora da Câmaras Municipal de Arganil, Elisabete Oliveira, vereadora da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, Graça Silva, vereadora da Câmara Municipal de Tábua, bem como trabalho desenvolvido em prol dos mais vulneráveis, que não deixaram ainda de rejubilar pela “boa notícia da continuidade do projecto, porque de facto é necessário e os números que aqui foram apresentados o demonstram”, considerando mesmo que a sua continuidade permite dar “uma resposta mais eficiente, para aprendermos qual a melhor forma de nos articularmos, para responder da melhor maneira às pessoas que precisam da nossa ajuda”, porque “só com estruturas e com projectos como este é que podermos conseguir fazer este caminho”, deixando ainda a certeza e em nome dos Municípios que representavam, a continuação da parceria estabelecida para a continuidade do projecto.
O anfitrião, presidente da Câmara Municipal de Góis, Rui Sampaio, começou por referir que “é um orgulho, mais uma vez, Góis ter sido escolhido para a realização deste seminário, porque Góis também é um dos territórios integrantes neste projecto intermunicipal que todos nós reputamos de muto importante”, para realçar depois “a importância do GIAV, do trabalho que desenvolveu e que se reflecte nos números que foram aqui reportados e que são transversais aos quatro Municípios, (…) e também congratular-me pela notícia que foi aqui dada pela possibilidade da continuação deste projecto, na qual certamente o Municípios de Góis e todos os outros Municípios continuarão interessados e serão actores neste processo que se pretende continue para permitir esse apoio às pessoas”, terminando com votos que “este seminário, que é sempre um momento de partilha e de reflexão, sirva também para partilhar experiências, para encontrar novos caminhos”.
Depois da sessão de abertura, seguiram-se os trabalhos com temas alusivos ao Dia Internacional contra a Homofobia e Transfobia tratados por destacados especialistas, em que se destacaram os painéis “Desconstrução de Estereótipos baseados no Género e na Orientação Sexual”, “Discriminação no âmbito Jurídico, Saúde, Educação, Emprego e Habitação” e “Discriminação e Violência Familiar Especificidades no Atendimento Obstáculos à Denúncia”, terminando com o debate e reflexões finais nas quais, e mais uma vez, não deixou de ser foi reconhecida a importância do projecto para continuar a dar resposta integrada e activa no apoio e acompanhamento a vítimas de violência doméstica, bem como continuar a estabelecer proximidade com a comunidade, entidades locais e de primeira linha e, ao mesmo tempo, promover uma maior responsabilidade sobre o papel a desenvolver por cada cidadão, por todos e cada um de nós. E todos saíram, de facto, mais enriquecidos, deste II Seminário “Sim à Igualdade, Não à Violência!”.