Na passada sexta-feira, no salão nobre dos Paços do Concelho, entre o Instituto Politécnico de Coimbra, representado pelo seu presidente Professor Doutor Jorge Manuel dos Santos Conde, e a Câmara Municipal da Lousã, representada pelo seu presidente Luís Manuel Correia Antunes, foi celebrado um protocolo “que tem por finalidade a implementação da Escola da Floresta – Pólo do Instituto Politécnico de Coimbra na Lousã” e que, como referiu o vice-presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, Luís Paulo Costa, se constitui com “a primeira Escola da Floresta do país”.
Dinamizado pelo Politécnico de Coimbra em parceria com a Câmara Municipal, este Pólo “traduz a importância que nós, a região de Coimbra e em particular o Município da Lousã colocamos na protecção de um dos nossos bens mais preciosos: a floresta”, salientou Luís Paulo Costa, considerando por isso que a Lousã, onde “já existe uma Escola de Bombeiros e um Centro que forma guardas e vigilantes da natureza é, sem dúvida, o local ideal para criar um hub em torno da floresta” e que agora, com a criação de uma escola diferente, “o esforço contínuo destas entidades fica agora enriquecido com os conhecimentos do ensino superior”.
“Mais do que nunca, há hoje muito trabalho pela frente na problemática da floresta, na sua valorização e na prevenção de incêndios. Não basta o esforço que tem vindo a ser feito na consciencialização e na prevenção; capacitar pessoas é uma abordagem essencial e cada vez mais necessárias”, disse ainda o vice-presidente da CIM – Região de Coimbra, felicitando o Instituto Polítécnico de Coimbra “que, através desta Escola da Floresta, coloca o saber ao serviço da Região de Coimbra e do País e também daqueles que, na primeira linha, combatem o fogo e reflorestam e daqueles que, todos os dias, lutam pela valorização dos recursos florestais”.
“Este é sem dúvida um belo exemplo de ciência aplicada e da aproximação da academia ao território”, considerou Luís Paulo Costa, e que “todos estes contributos são importantes para que o País entenda a floresta como um activo económico e ambiental importante, que tem de ser preservado e cuja correcta gestão representa crescimento e desenvolvimento” e, nesse sentido, deu a conhecer que “trabalhando arduamente com todos os parceiros”, também “a CIM – Região de Coimbra tem feito um esforço enorme na valorização da fileira florestal”, terminando por desejar “que esta Escola da Floresta seja acarinhada por todo e se torne um exemplo a seguir”.
Foi esse o propósito deixado pelo presidente do Politécnico de Coimbra, referindo que “a Escola da Floresta é o novo pólo de ensino superior do Politécnico de Coimbra na Lousã” e “tendo em conta o objectivo de descentralização da formação do IPC para um maior número de Municípios da região, a marca Escola da Floresta cumprirá essa missão na Lousã. No seu seio nascerão cursos cuja responsabilidade científica e execução será do IPC, em parceria com vários organismos e empresas e cuja matriz será a de formar ‘à medida’ profissionais de elevada competência e desempenho nas áreas que vierem a ser determinadas”.
Jorge Conde, recordou o processo de quatro anos e meio que decorreu desde o desafio inicial do presidente da Câmara da Lousã, em Novembro de 2017, logo após os terríveis incêndios que assolaram a região nesse ano, aos inúmeros contactos com responsáveis políticos e económicos para concretização desta ideia, “mas apesar das muitas vontades e algumas sinergias, o tempo da pandemia justificou outras prioridades e direcções. Ironia das ironias, acaba por ser a pandemia, através do PRR, a proporcionar meios para o arranque desta ideia”, esperando que, em Setembro deste ano, o projeto dê “os primeiros passos na formação de pessoas e no aumento de competência que o país precisa. No Politécnico de Coimbra gostamos de fazer, gostamos de ser a instituição do território e gostamos de trabalhar fora de portas. Esta é um dos projectos que, estou certo, garantirá essa nossa matriz e que será um sucesso, com o trabalho e empenho de todos”.
O presidente da Câmara Municipal da Lousã, Luís Antunes, considerou as áreas da floresta e do fogo como “determinantes e identitárias” da Lousã e realçou a importância da criação de um centro de conhecimento no Município – reforçando a oferta formativa no concelho, complementando a já existente – numa perspetiva de trabalho em proximidade e em relação com os agentes no território, salientando que com a Escola da Floresta se dava “expressão a um objectivo âncora da estratégia de desenvolvimento integrado, a valorização do capital humano”, referindo ainda o contributo significativo para o reforço da dinâmica social e económica do concelho, bem como para potenciar a sua atratividade e notoriedade, finalizando por afirmar que “por tudo o que já foi dito, este momento marca, também, a afirmação de um concelho com Ecos da Serra e Caminhos de Futuro”.
Cursos iniciam em Setembro
O Pólo do IPC na Lousã vai iniciar a actividade em Setembro deste ano, arrancando com cursos nos domínios da floresta e do fogo, envolvendo a ESAC e o ISEC, nomeadamente, um Curso Técnico de Ensino Superior (CTeSP) em Operações Florestais (duração de dois anos), uma pós-graduação em Análise de Incêndios (PNGIFR) (duração de um ano), uma pós-graduação em Inovação em Gestão das Operações Florestais (duração de um semestre) e 12 cursos de Microcredenciações em Formação Autónoma em Análise de Incêndios.
Os cursos propostos na área dos incêndios rurais e previstos no âmbito do Plano Nacional de Qualificação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais, serão dinamizados no âmbito dos Programas Impulso, coordenados pelo IPC, e contarão com a participação de várias instituições de ensino superior, nomeadamente, a UTAD, a UL-ISA, o IPCB, a UA e outras entidades como a Escola Nacional de Bombeiros, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, a AGIF – Agência de Gestão Integrada de Fogos Rurais, a Polícia Judiciária e o ForestWise – Laboratório Colaborativo para Gestão Integrada da Floresta e do Fogo, entre outros.
Os cursos na área das operações florestais têm o envolvimento de duas unidades orgânicas de ensino do IPC, a ESAC e o ISEC, contam com o apoio do ICNF (COTF) e com o envolvimento das empresas NAVIGATOR, ALTRI, SONAE-ARAUCO, CENTRO PINUS, REN, e-REDES, ANEFA e os seus associados.
Numa segunda fase, está previsto o envolvimento da ESEC nas vertentes do turismo de natureza e de montanha e será avaliada a participação de outras escolas e matérias.
Esta é a primeira acção do Politécnico de Coimbra no âmbito do Programa Impulsos, concebido com inúmeros agentes do território, nomeadamente Câmaras Municipais, empresas e instituições do sector social. O programa vai entrar na fase de execução e terá a coordenação do IPC, da CIM – Região de Coimbra e do CEC – Câmara de Comércio e Indústria do Centro.