Na segunda-feira, foi assinado o contrato de promessa de compra e venda do antigo Hospital de S. João, entre a Santa Casa da Misericórdia da Lousã, representada pelo provedor, João da Franca, e a Fundação ADFP de Miranda do Corvo, representada pelo seu presidente do conselho de administração, dr. Jaime Ramos.
“Devoluto há cerca de oito anos”, como referiu o provedor da Santa Casa da Misericórdia, João da Franca, “era uma das prioridades da mesa administrativa encontrar uma solução para a sua rentabilidade”, recordando que, para o efeito, foram encetados “contactos com diversos grupos de saúde, realizaram-se algumas visitas ao edifício, o que criou algumas expectativas mas sem sucesso, na verdade nunca foram apresentadas quaisquer propostas dignas de registo“.
Mas a “degradação e vandalismo evidente” do edifício, “tornou urgente uma decisão imediata”, disse ainda João da Franca, e “a candidatura ao PRR foi uma das hipóteses e realmente esta foi aprovada, mas não dotada, Mais uma expectativa criada, mas com outro entrave para a concretização do projecto”, até que e como recordou, “finalmente, em Julho, a Fundação ADFP, na pessoa do seu presidente do conselho de administração, dr. Jaime Ramos, fez chegar uma proposta credível e que veio de encontro e de acordo com as nossas pretensões”, que foi analisada, objecto de discussão entre as duas entidades e originou o contrato promessa compra e venda que hoje assinalamos”.
Por isso e ainda segundo o provedor da Misericórdia, “estamos convictos que o Hospital de S. João irá, no futuro, continuar a sua missão na área da saúde, pois estão previstos investimentos de importância vital para a comunidade, pois o dr. Jaime Ramos já com provas bem evidentes da sua capacidade empreendedora e s sua obra magnífica fala por si” e “hoje quer manifestar o seu desejo de contribuir para uma melhor rede de saúde no concelho que tanto merece e carece”.
Essa foi a promessa (e o empenho) deixada pelo dr. Jaime Ramos ao assumir que a Fundação ADFP vai destinar o Hospital S. João na Lousã à instalação de três Unidades de Cuidados Continuados (para Paliativos, Convalescença e de Longa Duração) com capacidade para 106 camas”, para dar a conhecer depois que “na CIM Região de Coimbra, em 19 concelhos, só Lousã e Góis não têm camas de Cuidados Continuados Integrados. Vários Municípios têm varias unidades, com pelo menos duas entidades gestoras: Cantanhede, Condeixa, Penela, Coimbra, Mealhada, Anadia e alguns destes concelhos têm também Hospital, para além dos Cuidados Continuados”.
“Só a Lousã e Góis não têm nenhuma unidade hospitalar ou de Cuidados Continuados: Lousã – quase 18 mil habitantes / Góis 4.200 habitantes”, disse o presidente da Fundação ADFP, anunciando “que o Estado abriu concurso para financiamento de 9.600 novas vagas na Rede de Cuidados Continuados Integrados que inclui 7.900 camas”, informando ainda que “na ARS Centro irão ser criadas 120 camas de Convalescença e 98 de Cuidados Paliativos para além de centenas de Longa Duração” e que “entre Coimbra, Castelo Branco, Pinhal Interior não há Unidades de Convalescença nem de Paliativos”, enquanto “no Baixo Mondego existem várias em Coimbra, Anadia, Cantanhede, Figueira da Foz, já a funcionar ou com financiamento garantido”.
“O Hospital S. João vai ser remodelado para receber 106 camas destinadas a Cuidados Continuados de Convalescença, Paliativos e Longa Duração”, salientou Jaime Ramos, acrescentando que “este número não é excessivo, sendo que, por exemplo, Penela tem 90 camas de Cuidados Continuados, tendo só 1/3 da população da Lousã”, para recordar depois que “o Estado, enquanto entidade de bem, tem o dever de apoiar a reabilitação do Hospital S. João, porque foi o Estado que destruiu o antigo edifício para instalar o Centro Saúde. Em muitos concelhos onde o Estado também ocupou os hospitais concelhios, os Governos financiaram sempre as Misericórdias no processo de reabilitação e readaptação dos edifícios. Esta obrigação moral também existe para com a Lousã”.
E depois de esclarecer que “a Fundação irá abrir concurso para realização das obras apenas o gabinete de arquitetura Less is Green da Lousã tenha o processo concluído”, o seu presidente não deixou de referir que “perante a situação do edifício do Hospital S. João, a degradar-se, a entrar em ruína, sentimos que poderíamos ajudar as pessoas da Lousã a terem Unidades de Cuidados Continuados de proximidade”, dado que “a Santa Casa da Misericórdia não tem disponibilidade financeira para recuperar e readaptar o antigo Hospital”.
Contudo e ainda segundo Jaime Ramos, “estamos perante uma reabilitação demasiado dispendiosa que não atrai empresas do sector lucrativo que, como é evidente, visam gerar lucros e remunerar o capital. Quem quer lucro não quis o Hospital S. João na Lousã” e por isso e sendo a Fundação ADFP “uma Instituição Sem Fins Lucrativos, de Solidariedade Social, (…) pretende melhorar a qualidade de vida da região, criando emprego através de investimentos na área social, saúde e educação e, secundariamente no turismo e agricultura”, referindo que para isso “existe um projecto para transformar o Hospital num internamento com 106 camas” e que “pretendemos dar início à concretização deste projeto retomando as obras iniciadas e paradas há anos”, terminando por agradecer à Câmara Municipal e deixar o pedido para “que acarinhe esta nossa iniciativa, desbloqueando burocracias e agilizando contactos com os organismos do Estado que devem apoiar estes investimentos de manifesto interesse público e comunitário. Se apoiam noutros concelhos devem também apoiar na Lousã. Sendo um investimento muito pesado, será bom podermos contar com algum financiamento do Estado através de verbas da União Europeia, em igualdade com o que acontece noutros pontos do país, noutros Municípios, com outras instituições como a nossa”.
O presidente da Câmara Municipal, Luís Antunes, começou por “reconhecer o investimento que a Fundação aqui faz” e, com “base na obra que ao longo destes anos tem conseguido erguer, (…) material e imaterial, nos indica a todos que este investimento será bem sucedido e que esta reabilitação, que este reaproveitamento, esta nova vida do Hospital de S. João será una realidade e aquilo que desejamos, é que possam realizar os objectivos, os projectos que têm para este edifício, emblemático da vila e do concelho da Lousã. Que este investimento possa resultar em favor da comunidade com as valências que já referiu e que serão certamente importantes”.
Entre outras situações e em relação aos Cuidados Continuados, Luís Antunes disse que” identificamos essa lacuna há alguns anos a esta parte, entendemos que é uma resposta importante para a comunidade lousanense e mais alargada em termos territoriais” e, por isso, “acompanhámos a Santa Casa da Misericórdia nas várias iniciativas, mais em concreto na iniciativa que o senhor provedor aqui referiu da candidatura ao PRR para a criação da Unidade de Cuidados Continuados. Infelizmente e em função daquilo que foram a regras do aviso a candidatura foi aprovada mas sem dotação, sem financiamento e aquilo que transmitidos aos senhor provedor e ao dr. Jaime Ramos, em reunião que já tivemos oportunidade de realizar é que da parte das instâncias que gerem o PRR a perspectiva é que essa candidatura que ficou sem dotação seja financiada e que possa avançar em função desse financiamento. E por isso aquilo que fizemos com a Santa Casa da Misericórdia continuaremos a fazer com a Fundação ADFP no sentido de concretizar os objectivos e os projectos que permitam que a reabilitação, que o reaproveitamento dessa nova vida do Hospital de S. João seja com os serviços que fazem mais sentido e que são mais pertinentes e mais necessários no concelho e na região.