
No passado dia 6, a Santa Casa da Misericórdia da Lousã inaugurou uma nova Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI Apartamentos) e que é também uma nova resposta social em tipologia em apartamentos, com quartos individuais e duplos climatizados, “proporcionando conforto, privacidade e bem-estar aos nossos residentes”. E ali sentem-se mais em casa.
Na ERPI Apartamentos, nos seus dois pisos e benzida pelo pároco, padre António Joaquim, são mais 14 camas que a Misericórdia põe “à disposição da comunidade lousanense, (…) atenuando a sua carência neste concelho”, como salientou o provedor João da Franca, depois de recordar a frase “quando o homem sonha a obra nasce, mas no nosso caso renasce, porque com tantos avanços e recuos durante 14 meses, finalmente obtivemos a licença de funcionamento destas respostas sociais”.
E por isso e como considerou o provedor, “este é um dia muito especial para a nossa Misericórdia, porque finalmente conseguimos abrir este espaço, ERPI Apartamentos”, sem deixar de tecer fortes críticas ao dizer que “não entendemos que um projecto aprovado pela Segurança Social de Coimbra, seja chumbado pela Segurança Social de Aveiro na vistoria final e que as alterações e exigências nos levaram a adiar tanto tempo a sua abertura” e, por esse facto, acabou por levar a “custos que não estávamos à espera e deixámos de receber durante este período cerca de 255 mil euros de receitas, aliados ao encargo de sete colaboradoras contratadas”.
“Se abordamos este assunto é para apelar que não volte a acontecer noutras IPSSs”, disse ainda João da Franca, considerando que “devemos ser ressarcidos desta importância, porque não temos culpa que os serviços da Segurança Social não se entendam e que cada arquitecto tenha a sua opinião sobre projectos e a lei em vigor. Como é possível pensar e manter a nossa sustentabilidade com revés desta natureza”, sem deixar de referir que “se não fossemos resilientes seria mais uma obra inacabada”, tendo depois palavras de particular apreço para como os colaboradores, “temos uma equipa de colaboradores pronta a dar o seu melhor na assistência, trato e carinho aos nossos utentes, verdadeiros profissionais, apanágio da nossa Misericórdia em todas as respostas sociais e estamos convictos no êxito deste projecto, uma maia valia para a comunidade e para a nossa instituição”.
O provedor terminou com os agradecimentos à Câmara Municipal “sempre célere na resolução dos nossos pedidos, nomeadamente os deste projecto”, agradecendo também ao seu presidente, Luís Antunes, “toda a colaboração prestada ao longo dos seus mandatos”, bem como a todos “os intervenientes na concretização deste projecto”.
Um projecto que não deixou de ser também enaltecido e enaltecido pela presidente da assembleia geral da instituição, Filomena Martins, que deixou palavras de gratidão “pela ajuda, pela colaboração, pronta, inestimável, preciosa, desde o primeiro momento que todos deram” para tornar possível a ERPI Apartamentos, considerando que “esta obra é seguramente um marco” na história da Misericórdia da Lousã.
Um marco que mereceu também elogios e os parabéns por parte do presidente do Secretariado Regional de Coimbra da União das Misericórdias Portuguesas, António Sérgio Martins, que enalteceu ainda o provedor pela sua garra, persistência “mas, sobretudo, com muita resiliência, lutando contra tudo e contra todos, contra um Estado que é bipolar, como eu costumo dizer é um Estado desportista e olímpico para fazer a sanção, para fazer a prisão, para fazer a notificação, e é um Estado tetraplégico quando precisa de resolver, de assumir as suas responsabilidades. E temos aqui este paradoxo, digamos assim, desta dificuldade que nós temos que lidar com os dois ao mesmo tempo, de nos defendermos quando somos atacados, e de exigir aquilo que, naturalmente, temos direito”, salientando que “nós vimos nesta escalada de desigualdade entre aquilo que nos dão e aquilo que nos exigem e que nos está a levar para um caminho de muita e muita dificuldade”, terminando por “agradecer à Misericórdia da Lousã por fazer aquilo em que acredita” e por considerar que “as Misericórdias do distrito de Coimbra orgulham-se muito do exemplo da Misericórdia da Lousã”.
“São algumas áreas, de facto, em que o Estado Central tem que mudar a sua prática e tem que mudar o seu critério, como ficou aqui bem evidente com o processo de concretização destes dois apartamentos, que são, de facto, importantes, não só pela quantidade, 14 novas vagas para pessoas idosas é sempre significativo, mas pela qualidade, por aquilo que é a diferenciação em termos de acolhimento das condições de fruição do espaço e de acolhimento das pessoas neste contexto e nestas condições”, salientou o presidente da Câmara Municipal, Luís Antunes, considerando por isso e mais uma vez que “é urgente que o Estado Central, não só com as IPSS, mas também com as autarquias, modifique a sua atitude e a sua forma de ver e de dar respostas à comunidade”.
Luís Antunes disse ainda que “há aqui um investimento, há dinheiro que é investido mas, a partir de agora, também há dinheiro que pode ser recebido em função daquilo que é o serviço que é apostado”, tendo também palavras de particular apreço para com o provedor, “é uma honra, é um gosto e uma satisfação também poder chegar ao fim deste percurso e verificar a relação construída, pessoal e institucional, e também aquilo que trabalhámos em conjunto, sempre na procura das melhores respostas para a instituição, em primeira instância, mas também naquilo que lhe respeito a este sector social e àquilo que é o investimento nas pessoas na melhor resposta para a comunidade, nas diferentes vertentes e naquilo que lhe respeito à intervenção da Misericórdia na nossa rede social concelhia”, bem como para “todos aqueles que lutam e trabalham diariamente no sentido de melhorar a resposta aos nossos concidadãos,(…) para todos aqueles que se dedicam à causa de servir o próximo”.
Em nome da Segurança Social, o dr. José Maria começou por considerar que “hoje é um dia importante” para a Misericórdia da Lousã “e, nesse sentido, quero felicitar todos aqueles que contribuíram para que hoje estejamos aqui a inaugurar dois apartamentos, duas residências, que são fundamentais no sentido de poder dar resposta àquilo que a comunidade nos procura” e que “muda um bocadinho aquilo que é o paradigma daquilo que são o funcionamento das respostas residenciais, nomeadamente estruturas residenciais de pessoas idosas, (…) dois equipamentos que têm uma capacidade de resposta de 14 utentes que, de facto, com um investimento substancial, mas comparativamente se fôssemos a criar isto de raiz, teria um investimento ainda muito superior e, portanto, há aqui uma visão que eu considero estratégica por parte da Santa Casa, no sentido da sustentabilidade fundamental para o desenvolvimento das respostas sociais que tem”, terminando por deixar os agradecimentos pelo “trabalho desenvolvido nas últimas décadas, nos últimos anos em prol da comunidade”, porque “é através das instituições sociais que nós conseguimos criar um país melhor, um país mais justo e mais solidário”.