Teve lugar no salão nobre dos Paços do Concelho, uma conferência de imprensa dedicada ao tema “Região de Coimbra: Destino Acessível”, com a presença da Secretária de Estado da Inclusão, Ana Sofia Antunes, durante a qual foram apresentadas as iniciativas já realizadas na Região de Coimbra para se tornar um destino mais acessível no âmbito do projeto “AccessTUR” (vencedor do Prémio Nacional de Turismo 2022 na categoria “Turismo inclusivo”) e apresentadas também novas acções pela Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra.
“Cada vez mais os locais e as suas infraestruturas funcionais e turísticas vão ter de se adaptar a novos segmentos de mercado turístico”, como foi reconhecido e, “nesse sentido, a CIM Região de Coimbra e os seus Municípios apostam no conhecimento particular das necessidades reais para a concretização de um turismo acessível, entendido no seu conceito mais alargado dado que não beneficia apenas pessoas com necessidades especiais, mas agrega um conjunto de acessibilidades desejadas e articuladas entre si”.
E a Lousã tem sido disso exemplo apostando, em todas as vertentes, em “termos uma acessibilidade boa para todos, foi um caminho já iniciado há uns anos”, como disse o presidente da Câmara Municipal, Luís Antunes, sem deixar de realçar também o importante “o papel que a ARCIL teve no desenvolvimento desse mesmo caminho”, considerando que “é claramente uma entidade âncora e que, para além de tudo o resto, criou na comunidade lousanense esta cultura da inclusão, eu diria, até uma saudável indiferença à diferença”.
E referindo-se a algumas acções, “com carácter pioneiro a nível nacional e até mesmo com incidência internacional” desenvolvidas pela Câmara Municipal, o presidente recordou a criação da Provedoria Municipal das Pessoas com Incapacidade, “uma das primeiras criadas no nosso país” e, nesse âmbito, a criação do “Selo Lousã Acessível” e o projecto “Lousã Destino de Turismo Acessível” (certificado internacionalmente), dizendo ainda que “temos procurado dar continuidade a este desígnio, as obras que temos implementado e concretizado no âmbito da regeneração urbana tem sempre subjacente esta questão da acessibilidade”, terminando por reconhecer “o mérito e a pertinência” do projecto “AccessTUR” , assinalando “a importância que tem para todo nós e para toda a região”.
“Este projecto é vosso, é de todos nós”, como disse, na sua apresentação, a presidente da Accessible Portugal, Ana Garcia, “é uma ferramenta para a inclusão incluindo o turismo” e que partiu “da vontade explícita e muito convicta de desmistificar preconceitos, de derrubar estereótipos, qualificar a promoção do turismo inclusivo e acessível na Região Centro”.
“É justo e merecido este reconhecimento àquilo que tem sido o trabalho feito pelo Município da Lousã enquanto destino de turismo acessível, o pioneirismo que teve nesta abordagem e aquilo que tem sido os desafios constantes que tem lançado a todas as entidades neste domínio”, reconheceu o secretário executivo da CIM – Região de Coimbra, Jorge Brito, para afirmar depois que “o turismo acessível é uma oportunidade e não uma obrigação”, dando a conhecer que investindo na formação e desenvolvimento de estratégias, a CIM está a trabalhar numa “Região Centro para todos”.
“Em Portugal ainda se vive na idade da pedra sobre esta matéria, (…) ainda hoje a hierarquia da lei não está esclarecida”, considerou o presidente da CIM – Região de Coimbra, Emílio Torrão, que depois de defender a importância do turismo para todos, “a CIM também está empenhada neste projecto”, não deixando de ser também importante a conjugação de esforços de todos “para que se assuma que o turismo tem de ser mesmo acessível para todos, (…) porque numa viagem há sempre alguém com mobilidade reduzida” e, por isso, “é um trabalho que tem de ser feito todos os dias, contam com a CIM, porque uma Região não pode ser metropolitana se não for acessível”.
A Secretária de Estado da Inclusão depois de realçar a oportunidade de apostar no turismo acessível e inclusivo na Região de Coimbra “porque é um sector que gera receita”, deu a conhecer que segundo estudos internacionais de 2019, existem 127 milhões de pessoas na Europa que têm alguma deficiência ou incapacidade que viajam anualmente, “estas pessoas não viajam sozinhas, só para ter uma ideia do mercado que estamos a desperdiçar”, porque “este segmento é aquele que viaja mais, por mais tempo, tem mais condições económicas para gastar dinheiro e é mais fiel quando é bem tratado”.
Para isso e segundo Ana Sofia Antunes, “os empresários de turismo têm de mudar o chip, porque o turismo acessível não é para pessoas de cadeiras de rodas, é também para de pessoas com incapacidades resultantes da idade”, referindo que os dados mais recentes apontam para que “em 2030, um quarto da população europeia tenha acima dos 65 anos e, em 2050, um terço tenha mais de 80 anos e as pessoas vão querer viver com qualidade de vida” e lembrando que o Plano de Recuperação e Resiliência mobilizou cerca de 50 milhões de euros para as acessibilidades físicas, anunciou que “estão abertas candidaturas para as intervenções em casas com pessoas com deficiência, sejam casa própria ou arrendada e que permitam eliminar barreiras e permitam criar condições de fruição”, pedindo por isso e para que possam apoiar a submissão de candidaturas dos cidadãos com limitações físicas, a ajuda das Câmaras Municipais.